O primeiro-ministro sueco Löfven
conseguiu se manter à frente do governo
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Após meses de impasse, partidos
chegam a acordo para manter social-democrata como premiê no país escandinavo e
deixar populistas longe do poder. Sobrevive assim um dos últimos governos de
centro-esquerda da Europa.
O social-democrata Stefan Löfven
tomará posse nesta segunda-feira (21/01) para mais um mandato como
primeiro-ministro da Suécia, após um pacto no Parlamento, na sequência de
quatro meses de paralisa política, para isolar a extrema direita do
poder.
O impasse político na Suécia se
estendia desde setembro, quando o Partido Social-Democrata, do premiê Löfven,
obteve seu pior resultado em um século nas urnas, em meio à ascensão dos Democratas
Suecos, uma legenda de origem nazista e retórica anti-imigração.
Como ficou definido em apertada
votação no Parlamento na sexta-feira, Löfven vai liderar um frágil governo de
minoria, em parceria com o Partido Verde. Para se manter no poder, ele obteve
apoio de parte de uma aliança opositora de centro-direita.
"Nota-se como partidos
populistas e racistas fortaleceram suas posições ao redor do mundo”, disse o
deputado liberal Jan Bjorklund, que apoiou a formação do governo, citando
França, Estados Unidos e Hungria como exemplo. "Mas nós, na Suécia,
escolhemos outro caminho.”
Na Suécia, o primeiro-ministro
pode governar em minoria, desde que não haja uma aliança majoritária contra
ele. "Serão quatro anos difíceis”, afirmou Löfven.
As eleições de setembro na Suécia
geraram um Parlamento em que os blocos de centro-direita e centro-esquerda
ficaram com cerca de 40% das cadeiras cada, insuficientes para que governassem
de forma independente.
Os populistas de direita obtiveram
17% dos votos na eleição, e nenhum partido aceitou fazer aliança com eles. Com
a formação do novo governo, os Democratas Suecos ficam como a terceira maior
força de oposição, com 62 dos 349 deputados do Parlamento.
Com 10 milhões de habitantes, a Suécia
concedeu refúgio a cerca de 160 mil pessoas em 2015 – maior número de
refugiados per capita na Europa, tema que polarizou os eleitores durante a
campanha para o pleito de setembro.
Os números de 2015 exacerbaram
temores sobre o sistema de bem-estar social da Suécia, que, na visão de muitos
eleitores, já estaria em crise, apesar da queda contínua no número de
refugiados a entrar no país desde então.
As crescentes filas para
cirurgias críticas no sistema de saúde, a falta de médicos e professores, assim
como o fracasso da polícia em lidar com a violência de gangues têm, na visão de
especialistas, abalado a fé no "modelo sueco", baseado na promessa de
inclusão social.
Como parte do acordo para dar
sobrevida a um
dos últimos governos de centro-esquerda da Europa, social-democratas e
verdes assinaram uma declaração de intenções de 73 pontos, que incluí uma série
de pautas de legendas conservadoras. Entre os itens, está a obrigatoriedade de
teste de língua sueca para se tornar cidadão; corte nos impostos; e
flexibilização das leis trabalhistas. Também foi descartada qualquer influência
do partido A Esquerda, herdeiro do antigo Partido Comunista sueco.
RPR/afp/ap | Deutsche Welle
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