Governo guineense vai investigar
os distúrbios registados na sexta-feira (08.02) em Bissau, depois de várias
organizações da sociedade civil, polícia e estudantes terem denunciado
infiltrados.
O Governo da Guiné-Bissau vai
investigar os distúrbios
registados nesta sexta-feira (08.02) em Bissau, depois de várias
organizações da sociedade civil, a polícia e os estudantes terem denunciado a
existência de infiltrados que provocaram os atos de vandalismo.
"São aspetos que irão ser
investigados, porque nós queremos de facto que a verdade seja feita sobre esta
situação", afirmou o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e
dos Assuntos Parlamentares, Agnelo Regala.
Segundo o ministro,
"efetivamente nunca uma manifestação atingiu uma situação tão complicada e
tão grave como esta e sentimos que houve um aproveitamento daquilo que foi uma
manifestação pacífica dos jovens".
Vandalismo
Agnelo Regala falava aos
jornalistas no Hospital Nacional Simão Mendes, onde se deslocou para ser
informado sobre o número de feridos que os distúrbios provocaram, e também para
visitar os que estavam internados.
"Na quinta-feira (07.02) os
jovens manifestaram-se, dificultaram o trânsito, mas não houve qualquer
incidente, mas como a manifestação se repetiu tivemos também a sensação de que
alguém se terá aproveitado para se infiltrar nesta situação, neste contexto, e
criar toda esta perturbação que aconteceu", afirmou.
Segundo Agnelo Regala, o Governo
falou durante o dia com os jovens que decidiram acabar com o protesto, mas
"continuou o vandalismo por outros elementos que não estavam envolvidos no
protesto organizado". Sendo assim, "as investigações vão prosseguir,
as pessoas vão ser identificadas", disse.
O ministro guineense recordou
também que a Guiné-Bissau vive "um contexto que é muito complexo"
devido à proximidade das eleições legislativas, marcadas para 10 de março, e da
campanha eleitoral, que arranca a 16 de fevereiro.
"Estamos próximos das
eleições, há muita contestação, há muita gente que talvez não esteja
interessada que as eleições ocorram a 10 de março, mas eu penso que o objetivo
deste Governo é de cumprir com o que foi agendado internamente e com a
comunidade internacional da realização de eleições a 10 de março,
imperativamente", sublinhou.
O ministro salientou também que o
povo da Guiné-Bissau é o "único soberano" e o 10 de março vai decidir
"em definitivo quem vai escolher".
Ministro do Interior
Entretanto, Agnelo Regala afirmou
que o Governo está preocupado com o atraso na indigitação do ministro do
Interior. "Estamos próximos das eleições legislativas, não há um ministro
do Interior", afirmou ao ser questionado pelos jornalistas sobre a
inexistência de um ministro do Interior no país.
"Sabemos que houve conversas
entre o primeiro-ministro e o Presidente da República, houve inclusive uma
carta apresentando uma proposta ao Presidente da República e esperamos que
quando o primeiro-ministro regressar ao país tenhamos um ministro Interior
indigitado, porque o país não pode ir a eleições sem um ministro do
Interior", disse Regala.
No início de novembro, o
Presidente guineense, José Mário Vaz, exonerou o então ministro do Interior,
Mutaro Djaló, a pedido do primeiro-ministro, depois da violência usada pela
polícia do país para dispersar uma manifestação de estudantes, com recurso a
bastões e granadas de gás lacrimogéneo.
Na altura, o comissário nacional
da polícia guineense, Celso de Carvalho, disse que não autorizou o uso de força
contra os jovens e que nem sabia da organização da manifestação.
Agência Lusa | Deutsche Welle
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