Se os EUA aprovarem um projeto de
lei que impõe sanções aos países da OPEP, a Arábia Saudita poderá abandonar os
pagamentos em dólares pelas vendas de petróleo. Sobre isso comenta a colunista
da Sputnik Natalia Dembinskaya.
Na semana passada, a Reuters informou,
citando suas fontes, que, se as autoridades sauditas cumprirem essa
ameaça, "a economia dos EUA entrará em colapso".
O Congresso está se preparando
para discutir o projeto de lei NOPEC (Lei de proibição de cartéis de produção e
exportação de petróleo). O documento considera ilegais as decisões da
OPEP, bem como quaisquer ações conjuntas de governos de outros países (exceto
dos EUA) destinadas a restringir a produção de petróleo e regular os preços das
matérias-primas.
Se a lei for aprovada, os
tribunais dos EUA terão autoridade para considerar demandas antimonopólio
contra países membros da OPEP e outros países que concluírem acordos sobre
ações conjuntas nos mercados globais de petróleo. Os americanos acreditam que
essa norma reduzirá os preços da gasolina.
No entanto, muitos especialistas
alertam que o NOPEC pode ter um efeito devastador e calculam que a cessação da
OPEP levará a um colapso das cotações. O ministro da Energia dos Emirados
Árabes Unidos, Suhail bin Mohammed al-Mazrouei, observou que, se a norma
for adotada, a indústria de xisto americana será a primeira a sofrer: a
OPEP deixará de funcionar e cada um dos países aumentará a produção ao máximo,
reduzindo os preços do petróleo.
O maior país produtor de
petróleo, a Arábia Saudita, reagiu ao projeto de lei ameaçando substituir o
dólar por outras moedas se os EUA aprovarem o projeto NOPEP.
Esse alerta não dever ser
ignorado por Washington, pois os grandes consumidores de petróleo,
especialmente a China e a UE, também estão pedindo uma redução na participação
da moeda americana no comércio internacional.
Entretanto, a Rússia e o Irã, que
expressaram vontade de vender petróleo por euros e yuan, já estão fazendo seus
primeiros negócios em moedas nacionais.
Se a Arábia Saudita, que controla
um décimo da produção mundial de petróleo, se recusar a vender petróleo por
dólares, a posição global do dólar será enfraquecida. Isso reduziria
drasticamente a influência de Washington no comércio mundial, incluindo a
eficácia das sanções econômicas dos EUA contra outros países.
"A Arábia Saudita sabe que
tem um poderoso instrumento de pressão — o petrodólar. Afinal, de fato, a
venda de petróleo saudita por dólares é o principal fator que faz dos Estados
Unidos uma superpotência econômica", afirmou um alto funcionário americano
em entrevista à Reuters.
"Os sauditas dizem aos
americanos: se vocês aprovarem o NOPEC, a economia dos EUA entrará em
colapso", disse outra fonte, considerando o aviso de Riad como um
ultimato.
Ainda assim, as chances de
que Trump assine o NOPEC, mesmo que seja aprovado pelos legisladores, são
praticamente zero, segundo a colunista do
artigo. Riad tenta dessa forma mostrar que não é obediente a Washington e
que tem meios de pressão sobre o parceiro. Portanto, a Casa Branca terá que
considerar mais os interesses dos sauditas no futuro.
Sputnik | Foto: © Sputnik /
Alexei Sujorukov
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