Organizações da sociedade civil
da Guiné-Bissau exigem ao Presidente guineense, José Mário Vaz, a nomeação do
primeiro-ministro no "prazo mais curto possível" e a marcação de
eleições presidenciais
Numa declaração pública lida
depois de um encontro de reflexão, que decorreu esta sexta-feira (24.05.) na
Casa dos Direitos, em Bissau, as organizações da sociedade civil exigiram ao
Presidente da República, José Mário Vaz, "a nomeação, no prazo mais curto
possível, do primeiro-ministro saído das eleições do dia 10 de março, de forma
a concretizar a vontade popular expressa nas urnas".
No documento, lido pelo
presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário Silva, a
sociedade civil guineense exige também ao chefe de Estado a "marcação da
data das eleições presidenciais, observando o cronograma eleitoral proposta
pela Comissão Nacional de Eleições (CNE)".
A CNE propôs a realização de
eleições presidenciais em 03 de novembro, segundo o cronograma a que a agência
de notícias Lusa teve acesso.
Respeitar os compromissos
As organizações da sociedade
manifestaram a sua indignação pela forma como os "partidos políticos têm
vindo a demonstrar pouca sensibilidade e respeito pelos compromissos públicos assumidos
perante o povo e a Nação, como por exemplo, o Pacto de Estabilidade Política e
Social, assinado em 14 de fevereiro de 2019".
A sociedade civil guineense está
também preocupada com a deterioração das "condições de vida da população
guineense, agravada pela corrupção generalizada e institucionalizada, gerando a
incapacidade dos órgãos da Administração Pública em satisfazer as necessidades
coletivas nos mais variados setores da vida nacional".
Na declaração pública lida à
imprensa, as organizações da sociedade civil encorajam também as forças de
defesa e segurança da Guiné-Bissau a "continuarem a observar os princípios
republicanos que regem as suas atuações" e apelam à população para se
manter atenta e intransigente na "defesa e preservação das conquistas
democráticas".
Impasse político persiste
Dois meses depois das eleições
legislativas de 10 de março, o novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau ainda não
foi indigitado pelo Presidente guineense e o novo Governo também não tomou
posse devido a um novo impasse político, que teve início com a eleição dos
membros da Assembleia Nacional Popular.
Depois de Cipriano Cassamá, do
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ter sido
reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia
do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) ter sido eleito
primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou contra o
nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15),
Braima Camará, para segundo vice-presidente do parlamento.
O Madem-G15 recusou avançar com
outro nome para o cargo e apresentou uma providência cautelar para anular a
votação, mas que foi recusada pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Por outro lado, o Partido de
Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome do primeiro
secretário da mesa da assembleia.
Parlamento dividido
Recorde-se que o Parlamento da
Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos, um, que inclui o PAIGC
(partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a Mudança e o
Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que juntou o Madem-G15
(segundo partido mais votado) e o Partido de Renovação Social, com 48.
Em declarações à imprensa, o
Presidente guineense justificou o atraso na nomeação do primeiro-ministro com a
falta de entendimento.
"Não temos primeiro-ministro
até hoje porque ainda temos esperança que haja um entendimento entre partidos
políticos na constituição da mesa da Assembleia e porque o Governo é da emanação
da Assembleia", disse.
Agência Lusa, ar | Deutsche Welle
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