A greve geral convocada para
sexta-feira pelos sindicatos brasileiros, para contestar a reforma do sistema
de pensões, registou um atropelamento no Rio de Janeiro e obrigou a
intervenções policiais em várias cidades, avança a imprensa local.
Cinco manifestantes que aderiram
à greve geral em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, foram atropelados por um
carro que acelerou diante de uma via bloqueada por integrantes do protesto,
relata o portal de notícias G1, acrescentando que as vítimas são duas
professoras universitárias e três estudantes. O veículo colocou-se
posteriormente em fuga.
As vítimas foram levadas para o
Hospital António Pedro, localizado na mesma região do incidente, não tendo sido
divulgado o seu estado de saúde.
Ainda no Rio de Janeiro,
transportes públicos e aeroportos operaram normalmente, mas os trabalhadores
bloquearam várias artérias da cidade, o que obrigou à intervenção da polícia
militar, que usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.
Na Avenida Paulista, principal
via de São Paulo, maior cidade do Brasil, um grupo ocupou todas as faixas,
encerrando-a nos dois sentidos durante parte da tarde de sexta-feira.
A estrada que dá acesso ao
aeroporto de Guarulhos foi também bloqueada, para impedir que os passageiros
deixassem São Paulo.
Os manifestantes ergueram uma
faixa de grandes dimensões com a frase "Fora Bolsonaro".
Ao início da noite, os
manifestantes e a polícia envolveram-se em confrontos na Avenida paulista,
resultando no lançamento de bombas de gás por parte das autoridades.
O metro de São Paulo funcionou
parcialmente e os autocarros municipais operaram com 100% da frota, segundo a
SPTrans, sociedade 'São Paulo Transporte'.
Na Região Central de Porto
Alegre, capital do estado de Rio Grande do Sul, um ato de protesto bloqueou em
ambos os sentidos uma das principais vias da cidade.
O jornal Folha de S.Paulo
informou que, em Porto Alegre, a polícia militar deteve 54 manifestantes que se
encontravam em protesto, durante a madrugada, em frente à garagem de uma
empresa de transporte público de passageiros.
A greve geral de sexta-feira no
Brasil tem apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical,
Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), da Central Geral dos Trabalhadores
do Brasil (CGTB) e CSP-Conlutas, além de outros grupos de trabalhadores,
partidos políticos e movimentos sociais.
"Não mexam nas nossas
aposentações nem nos nossos direitos. Não duvidem do poder de mobilização dos
sindicatos do Brasil" disse, em nota, o presidente da CUT, Vagner Freitas.
Até ao momento, aproximadamente
45 milhões de trabalhadores brasileiros aderiram à greve geral, com atos de
protesto registados em mais de 375 cidades do país, segundo um balanço
divulgado pelas centrais sindicais.
"Em praticamente todo o
país, as agências bancárias amanheceram fechadas. Em São Paulo, principal
centro financeiro do país, os bancos não abriram. Trabalhadores e trabalhadoras
da educação também aderiram massivamente à greve geral. Escolas públicas e
particulares, universidades e institutos técnicos permaneceram fechados nesta
sexta-feira", diz a CUT na sua página da internet.
Segundo os organizadores, o
objetivo da greve geral é impedir que as recentes propostas para o sistema de
pagamento de pensões, como por exemplo o aumento no tempo de contribuição e a
implantação de uma idade mínima para os trabalhadores obterem pensões por
reforma sejam aprovadas no Congresso.
No início do ano, o Governo
brasileiro enviou um projeto à Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar)
para alterar o sistema de pensões alegando que o país precisa fazer mudanças
para controlar o défice crescente que prejudica as contas públicas e estaria
levando o país em direção a um colapso fiscal.
Já os trabalhadores organizados
reclamam que as propostas não foram debatidas com a sociedade e irão afetar a
parcela mais pobre da população, tirando o direito de milhares de pessoas de
terem pensões por reforma na velhice.
Notícias ao Minuto | Lusa
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