Líder da ALC, principal força dos
protestos, e dois membros do SPLM-N foram capturados depois de uma reunião com
o primeiro-ministro da Etiópia em Cartum. Abiy Ahmed exige transição
democrática consensual.
Três líderes dos protestos no
Sudão foram detidos por "homens armados" depois de um encontro com o
primeiro-ministro da Etiópia, informaram este sábado (08.06) fontes próximas
dos detidos. Abiy Ahmed foi à capital Cartum esta sexta-feira (07.06) para
tentar resolver a crise entre os militares no poder e os organizadores das
concentrações que exigem o afastamento dos generais.
Familiares relatam que Mohamed
Esmat, líder da Aliança pela Liberdade e pela Mudança (ALC), principal força
dos protestos, e Ismail Jalab, secretário-geral do Movimento Popular de
Libertação do Sudão (SPLM-N), foram detidos depois de uma reunião com o
primeiro-ministro etíope.
Essam Abu Hassabu, membro do ALC,
contou à agência de notícias AFP que "um carro com homens armados parou e
levou Mohamed Esmat para um local desconhecido, sem dar explicações"
quando o ativista saía da embaixada da Etiópia. Rachid Anuar, responsável do
SPLM-N, afirmou que "homens armados" foram à casa de Ismail Jalab e
levaram-no "para um destino desconhecido". Além de Jalab, Mubarak
Ardul, porta-voz desse mesmo movimento, também foi capturado.
Testemunhas dizem que a ação
foi liderada pelas Forças de Suporte Rápidas (RSF), grupo paramilitar ligado ao
conselho militar. Os paramilitares são liderados pelo vice-líder do conselho
militar, general Mohamed Hamdan Dagalo.
Na quarta-feira (05.06), as
forças de segurança detiveram o vice-líder do SPLM-N, Yasser Amran, que
foi integrante de uma antiga rebelião do sul que esteve em conflito com o poder
central do antigo Presidente Omar al-Bashir. A prisão do ativista foi
fortemente condenada pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Apelo para transição democrática
Após reunir-se com o presidente
do Conselho Militar sudanês, general Abdel Fattah al-Burhane, e com os líderes
dos protestos, o primeiro-ministro etíope pediu uma transição democrática
"rápida" no país.
Durante a missão do
primeiro-ministro etíope, os generais disseram que estão "abertos a
negociações", mas a ALC estabeleceu algumas condições, como uma
investigação internacional sobre os assassinatos de manifestantes ocorridos
durante os protestos.
Militares e civis mantinham
conversações sobre uma transição democrática liderada por civis, mas as
negociações colapsaram quando paramilitares da RSF investiram contra os
manifestantes na passada segunda-feira (03.06), matando
dezenas de pessoas.
Esta sexta-feira, o Conselho de
Paz e Segurança (CPS) da União
Africana (UA) decidiu suspender o Sudão da organização "até a
criação efetiva de uma autoridade de transição liderada por civis como única
forma de permitir ao Sudão sair da crise atual", anunciou o representante
da Serra Leoa e atual presidente do conselho, Patrick Kapuwa. As Nações Unidas
também uma investigação sobre o derramamento de sangue no Sudão.
Segundo a oposição, 108 pessoas
foram mortas e mais de 500 ficaram feridas na repressão violenta dos protestos
desde a segunda-feira passada. Já os militares dizem que o número de vítimas é
de 61 pessoas.
Em meio a uma revolta popular sem
precedentes desencadeada no final do ano passado, o Exército tomou o poder no
Sudão a 11 de abril, destituindo o então chefe de Estado Omar al-Bashir. O
Conselho Militar que assumiu o comando do país iniciou negociações com os
líderes dos protestos em torno de uma transição pós-Bashir. As negociações
foram suspensas a 20 de maio devido a divergências sobre a composição de um
Governo de transição.
AFP, Agência Lusa, kg | Deutsche
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