sábado, 8 de junho de 2019

União Africana suspende Sudão após repressão de protestos


Depois da repressão violenta das manifestações dos últimos dias, a União Africana suspendeu o Sudão até que seja formado um governo de transição liderado por civis. Etiópia tenta mediar tensão entre civis e militares.

Abiy Ahmed, o primeiro-ministro da Etiópia, país onde está localizada a sede da União Africana (UA), já chegou a Cartum, onde deverá encontrar-se esta sexta-feira (07.06) com dirigentes do Conselho Militar que ocuparam o poder depois do afastamento do Presidente Omar al-Bashir. O governante deve reunir-se também com os organizadores das concentrações que exigem o afastamento dos militares do poder.

Militares e civis mantinham conversações sobre uma transição democrática liderada por civis, mas as negociações colapsaram quando as forças de segurança investiram contra os manifestantes na passada segunda-feira (03.06), matando dezenas de pessoas.



Reunido numa sessão de emergência na capital da Etiópia, Addis Abeba, o Conselho de Paz e Segurança (CPS) da UA invocou a interrupção da ordem constitucional para suspender o Sudão.

"Decidimos, em conformidade com os instrumentos relevantes da UA - em especial os atos constitutivos da UA, o protocolo do CPS e a Carta Africana sobre democracia, eleições e governação - suspender a partir de hoje a participação da República do Sudão em todas as atividades da UA até à criação efetiva de uma autoridade de transição liderada por civis como única forma de permitir ao Sudão sair da crise atual", anunciou o representante da Serra Leoa e atual presidente do conselho, Patrick Kapuwa.

ONU pede investigação

O derramamento de sangue foi condenado também pelas Nações Unidas e pelo Ocidente. "Insistimos na necessidade de uma investigação que clarifique os acontecimentos ocorridos a 3 de junho no Sudão, para levar a julgamento os responsáveis pelo assassinato de sudaneses inocentes, tal como solicitado pelo Conselho de Paz e Segurança da União Africana", disse o embaixador sul-africano, Jerry Matthews Matjila, na sede da ONU, em Nova Iorque.

O Reino Unido, antigo poder colonial, convocou o embaixador do Sudão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para manifestar a sua preocupação. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que apoiam os militares sudaneses, apelaram ao diálogo sem condenar a repressão.

A aliança da oposição disse não estar pronta para continuar o diálogo e exigiu que os militares entreguem o poder. A oposição diz que 108 pessoas foram mortas e mais de 500 ficaram feridas na repressão violenta dos protestos, desde segunda-feira (03.06).

No entanto, segundo os números do Governo, 61 pessoas morreram durante as operações militares contra os movimentos de contestação. Soliman Abdel Gabbar, subsecretário do Ministério da Saúde do Sudão, especificou em conferência de imprensa que destas, 52 pessoas morreram nos últimos três dias na capital sudanesa, Cartum, e que os corpos de outras duas foram retirados do Rio Nilo, junto da cidade.

cvt, Reuters, AFP, Agência Lusa | Deutsche Welle

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