Depois da repressão violenta das
manifestações dos últimos dias, a União Africana suspendeu o Sudão até que seja
formado um governo de transição liderado por civis. Etiópia tenta mediar tensão
entre civis e militares.
Abiy Ahmed, o primeiro-ministro
da Etiópia, país onde está localizada a sede da União Africana (UA), já chegou
a Cartum, onde deverá encontrar-se esta sexta-feira (07.06) com dirigentes do
Conselho Militar que ocuparam o poder depois do afastamento do Presidente Omar
al-Bashir. O governante deve reunir-se também com os organizadores das
concentrações que exigem o afastamento dos militares do poder.
Militares e civis mantinham
conversações sobre uma transição
democrática liderada por civis, mas as negociações colapsaram quando as
forças de segurança investiram
contra os manifestantes na passada segunda-feira (03.06), matando
dezenas de pessoas.
Reunido numa sessão de emergência
na capital da Etiópia, Addis Abeba, o Conselho de Paz e Segurança (CPS) da UA
invocou a interrupção da ordem constitucional para suspender o Sudão.
"Decidimos, em conformidade
com os instrumentos relevantes da UA - em especial os atos constitutivos da UA,
o protocolo do CPS e a Carta Africana sobre democracia, eleições e governação -
suspender a partir de hoje a participação da República do Sudão em todas as
atividades da UA até à criação efetiva de uma autoridade de transição liderada
por civis como única forma de permitir ao Sudão sair da crise atual",
anunciou o representante da Serra Leoa e atual presidente do conselho, Patrick
Kapuwa.
ONU pede investigação
O derramamento de sangue foi
condenado também pelas Nações Unidas e pelo Ocidente. "Insistimos na
necessidade de uma investigação que clarifique os acontecimentos ocorridos a 3
de junho no Sudão, para levar a julgamento os responsáveis pelo assassinato de
sudaneses inocentes, tal como solicitado pelo Conselho de Paz e Segurança da
União Africana", disse o embaixador sul-africano, Jerry Matthews Matjila,
na sede da ONU, em Nova Iorque.
O Reino Unido, antigo poder
colonial, convocou o embaixador do Sudão ao Ministério dos Negócios
Estrangeiros para manifestar a sua preocupação. A Arábia Saudita e os Emirados
Árabes Unidos, que apoiam os militares sudaneses, apelaram ao diálogo sem
condenar a repressão.
A aliança da oposição disse não
estar pronta para continuar o
diálogo e exigiu que os militares entreguem o poder. A oposição diz
que 108 pessoas foram mortas e mais de 500 ficaram feridas na repressão
violenta dos protestos, desde segunda-feira (03.06).
No entanto, segundo os números do
Governo, 61 pessoas morreram durante as operações militares contra os
movimentos de contestação. Soliman Abdel Gabbar, subsecretário do Ministério da
Saúde do Sudão, especificou em conferência de imprensa que destas, 52 pessoas
morreram nos últimos três dias na capital sudanesa, Cartum, e que os corpos de
outras duas foram retirados do Rio Nilo, junto da cidade.
cvt, Reuters, AFP, Agência Lusa |
Deutsche Welle
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