segunda-feira, 3 de junho de 2019

Relator da ONU diz que Assange apresenta sintomas de 'tortura psicológica'


Se condenado pela Justiça norte-americana, o fundador do WikiLeaks pode pegar até 10 anos de prisão para cada acusação

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, apresenta todos os sintomas de uma exposição prolongada de "tortura psicológica" e não deve ser extraditado para os Estados Unidos, disse nesta sexta-feira (31/05) o relator especial da ONU sobre a Tortura, Nils Melzer, que visitou o australiano na prisão.

Em comunicado publicado em Genebra, o especialista afirmou que Assange foi "deliberadamente exposto" a "formas graves de tratamento punitivo" por vários anos. "A perseguição coletiva de Julian Assange deve terminar agora", exigiu Melzer.

O relator da ONU deve lançar hoje (31.05) seu apelo ao governo de Londres a favor de Assange, após um mês depois de sua prisão. Ele visitou o fundador do WikiLeaks no último dia 9 de maio junto a dois especialistas médicos. Segundo Melzer, Assange, que está detido em uma prisão de segurança máxima, além de apresentar doenças físicas, sofre com "uma ansiedade crônica e traumas psicológicos intensos".


Na quinta-feira (29/05), o ativista não apareceu em uma audiência por vídeo com o tribunal de Westminster alegando problemas de saúde. Para o especialista da ONU, desde que o WikiLeaks começou a "publicar evidências de crimes de guerra e torturas cometidas pelas forças dos Estados Unidos", houve uma campanha "implacável" contra Assange, "não apenas no território norte-americano, mas também no Reino Unido, na Suécia e mais recentemente no Equador".

Melzer condenou "da forma mais absoluta o caráter intencional e sustentado dos abusos infligidos ao australiano". "Assange foi exposto de forma deliberada, durante vários anos, a formas graves de penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, cujos efeitos acumulativos só podem ser descritos como tortura psicológica", acrescentou.

De acordo com o comunicado, em cartas oficiais enviadas no início desta semana, o especialista exortou os quatro governos envolvidos a absterem-se de declarações ou ações prejudiciais a Assange. Ele também pediu ao governo britânico que não o extradite para os Estados Unidos ou qualquer outro país que não dê garantias contra sua transferência para os EUA, onde corre o risco de "perpétua punição ou até mesmo morte, se novas acusações forem acrescentadas no futuro". 

Assange, de 47 anos, está preso em Londres desde abril, após ter sido removido da embaixada do Equador no Reino Unido, onde vivia desde 2012. Os EUA querem a extradição dele, assim como a Suécia, onde é acusado de estupro. Se condenado pela Justiça norte-americana, o criador do WikiLeaks pode pegar até 10 anos de prisão para cada acusação. 

Opera Mundi | Foto: Flickr

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