Se condenado pela Justiça
norte-americana, o fundador do WikiLeaks pode pegar até 10 anos de prisão para
cada acusação
O fundador do WikiLeaks, Julian
Assange, apresenta todos os sintomas de uma exposição prolongada de
"tortura psicológica" e não deve ser extraditado para os Estados
Unidos, disse nesta sexta-feira (31/05) o relator especial da ONU sobre a Tortura,
Nils Melzer, que visitou o australiano na prisão.
Em comunicado publicado em
Genebra, o especialista afirmou que Assange foi "deliberadamente
exposto" a "formas graves de tratamento punitivo" por vários
anos. "A perseguição coletiva de Julian Assange deve terminar agora",
exigiu Melzer.
O relator da ONU deve lançar hoje (31.05) seu apelo ao governo de Londres a favor de Assange, após um mês depois de sua
prisão. Ele visitou o fundador do WikiLeaks no último dia 9 de maio junto a
dois especialistas médicos. Segundo Melzer, Assange, que está detido em uma
prisão de segurança máxima, além de apresentar doenças físicas, sofre com
"uma ansiedade crônica e traumas psicológicos intensos".
Na quinta-feira (29/05), o
ativista não apareceu em uma audiência por vídeo com o tribunal de Westminster
alegando problemas de saúde. Para o especialista da ONU, desde que o WikiLeaks
começou a "publicar evidências de crimes de guerra e torturas cometidas
pelas forças dos Estados Unidos", houve uma campanha
"implacável" contra Assange, "não apenas no território
norte-americano, mas também no Reino Unido, na Suécia e mais recentemente no
Equador".
Melzer condenou "da forma
mais absoluta o caráter intencional e sustentado dos abusos infligidos ao
australiano". "Assange foi exposto de forma deliberada, durante
vários anos, a formas graves de penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes, cujos efeitos acumulativos só podem ser descritos como tortura psicológica",
acrescentou.
De acordo com o comunicado, em
cartas oficiais enviadas no início desta semana, o especialista exortou os
quatro governos envolvidos a absterem-se de declarações ou ações prejudiciais a
Assange. Ele também pediu ao governo britânico que não o extradite para os
Estados Unidos ou qualquer outro país que não dê garantias contra sua
transferência para os EUA, onde corre o risco de "perpétua punição ou até
mesmo morte, se novas acusações forem acrescentadas no futuro".
Assange, de 47 anos, está preso
em Londres desde abril, após ter sido removido da embaixada do Equador no Reino
Unido, onde vivia desde 2012. Os EUA querem a extradição dele, assim como a
Suécia, onde é acusado de estupro. Se condenado pela Justiça norte-americana, o
criador do WikiLeaks pode pegar até 10 anos de prisão para cada acusação.
Opera Mundi | Foto: Flickr
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