O navio "Open Arms",
com 147 migrantes a bordo, já pode entrar nas águas territoriais italianas,
após um tribunal ter levantado a proibição imposta pelo ministro do Interior
italiano, Matteo Salvini, anunciou esta quarta-feira a organização não-governamental
responsável pela embarcação.
Minutos depois deste anúncio,
Matteo Salvini reagiu à deliberação do tribunal, afirmando que vai avançar nas
próximas horas com uma nova proibição para impedir o desembarque dos migrantes
do "Open Arms" num porto italiano.
O fundador da organização
não-governamental (ONG) espanhola Proactiva Open Arms (responsável pelo
"Open Arms"), Óscar Camps, divulgou hoje que um tribunal
administrativo da região de Lazio tinha levantado esta quarta-feira a proibição
assinada pelo ministro do Interior e que o navio humanitário já podia entrar
nas águas territoriais de Itália sem estar sob a ameaça de arresto ou do
pagamento de multas de valor muito elevado.
Segundo a agência espanhola EFE,
que teve acesso ao documento da deliberação, o tribunal administrativo decidiu
levantar a proibição porque considerou que a embarcação "se encontra numa
situação de evidente dificuldade" e que as pessoas que estão a bordo
precisam de receber uma assistência urgente.
"Situação de uma gravidade e
de uma urgência excecionais", reiterou a instância judicial, indicando que
tal descrição justifica que o navio tenha a partir deste momento autorização
para entrar em águas italianas, de forma "a que as pessoas resgatadas que
precisem recebam assistência médica".
SITUAÇÃO “DRAMÁTICA”
O navio da ONG espanhola está
desde o dia 1 de agosto em águas internacionais, ao largo da ilha italiana de
Lampedusa, à espera da autorização para atracar num porto europeu seguro.
Na sua conta na rede social
Twitter, a ONG relatou nas últimas horas que a situação a bordo do "Open
Arms", que já era "adversa", está a ficar "dramática"
por causa de um agravamento das condições meteorológicas.
"Vivemos num país onde um
advogado do tribunal administrativo (da região) de Lazio quer dar autorização
para desembarcar em Itália um navio estrangeiro cheio de migrantes. Vou assinar
novamente nas próximas horas o meu 'não'", afirmou Salvini, momentos
depois da divulgação da deliberação da instância.
O parlamento italiano aprovou
este mês um controverso decreto-lei sobre segurança e imigração, impulsionado
por Salvini (líder da Liga, extrema-direita), que introduz, entre outras
medidas, multas até um milhão de euros às ONG que entrarem com navios
humanitários de resgate em águas territoriais italianas.
Expresso | Lusa | Na foto: Salvini, o ministro fascista de Itália | Sopa Images/Getty Images
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