Pedro Ivo Carvalho*
| Jornal de Notícias | opinião
O evangelismo ambiental, como
todas as tentativas de catequização coletiva, serve-se dos exageros próprios de
quem tem como missão inculcar o seu mundo na cabeça dos outros.
Descontada esta natural
exacerbação, é confrangedor assistir ao que tem sido dito e escrito sobre uma
adolescente sueca chamada Greta Thunberg que anda há um ano a propalar aos
quatro ventos um chorrilho de verdades sobre a urgência climática. O raciocínio
é mais ou menos este: não precisamos que seja uma miúda de 16 anos a dizer-nos o
óbvio, mas ficamos incomodados porque há uma miúda de 16 anos que nos diz o
óbvio.
Eis outra verdade: Greta não vai mudar o Mundo. Nem ela nem - e isso é mais doloso - os líderes que a receberam calorosamente na cimeira da ONU, afagando-lhe a ousadia juvenil com a mão esquerda e cruzando os dedos da mão direita a bem do crescimento económico dos seus países. Todas as cimeiras precisam de uma coreografia. Ei-la. Agora, diminuir a capacidade de mobilização desta jovem, explorando, inclusivamente, o facto de ter síndrome de Asperger (paternalismo em níveis olímpicos), é um sinal, mais do que tudo, de desorientação. Quando o sábio aponta para a Lua, os tolos só veem o dedo.
É verdade que há nela um lado poético e insolente. E há, sobretudo, uma dimensão que serve a agenda de quem quer continuar a tratar o Ambiente como uma obsessão de miúdos urbanos nascidos em berço de ouro. Aconselhar, como ela fez, os jovens a não ir à escola porque já é tarde de mais para salvar a Terra é uma idiotice. Como são idiotas alguns dos números mediáticos a que Greta se sujeitou, com o alto patrocínio dos progenitores. Mas o poder desta adolescente reside na eficácia e universalidade da sua mensagem.
Eis outra verdade: Greta não vai mudar o Mundo. Nem ela nem - e isso é mais doloso - os líderes que a receberam calorosamente na cimeira da ONU, afagando-lhe a ousadia juvenil com a mão esquerda e cruzando os dedos da mão direita a bem do crescimento económico dos seus países. Todas as cimeiras precisam de uma coreografia. Ei-la. Agora, diminuir a capacidade de mobilização desta jovem, explorando, inclusivamente, o facto de ter síndrome de Asperger (paternalismo em níveis olímpicos), é um sinal, mais do que tudo, de desorientação. Quando o sábio aponta para a Lua, os tolos só veem o dedo.
É verdade que há nela um lado poético e insolente. E há, sobretudo, uma dimensão que serve a agenda de quem quer continuar a tratar o Ambiente como uma obsessão de miúdos urbanos nascidos em berço de ouro. Aconselhar, como ela fez, os jovens a não ir à escola porque já é tarde de mais para salvar a Terra é uma idiotice. Como são idiotas alguns dos números mediáticos a que Greta se sujeitou, com o alto patrocínio dos progenitores. Mas o poder desta adolescente reside na eficácia e universalidade da sua mensagem.
Ninguém acredita que o estilo de
vida do planeta se altere depois das lágrimas que ela derramou em Nova Iorque.
Mas sejamos honestos: perdemos mesmo alguma coisa com a obstinação de uma miúda
de tranças que, como a própria reconhece, devia estar na escola e não ao lado
de chefes de Estado que olham para ela com a mesma candura com que uma criança
olha para um peluche fofinho? Pior do que a inconsequência de uma adolescente
deslumbrada é o cinismo adolescente de alguns adultos que não cresceram o
bastante para perceber o Ambiente que os rodeia. A causa de Greta pode ser
muitas coisas. Mas não é uma causa perdida.
*Diretor-adjunto
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