O parlamento britânico volta hoje
a debater uma proposta do governo para organizar eleições antecipadas a 15 de
outubro, a qual a oposição já disse que vai chumbar.
O primeiro-ministro britânico,
Boris Johnson, argumentou na quinta-feira que umas eleições legislativas são a
única forma de os britânicos poderem decidir se o Reino Unido deve
sair da União Europeia (UE) a 31 de outubro ou pedir mais um
adiamento.
"Se as pessoas realmente
pensam que esse país deve permanecer na UE para além de 31 de outubro,
então essa deve ser uma questão para as pessoas deste país decidirem",
disse, durante uma visita a uma academia de polícia em West Yorkshire, no norte
de Inglaterra.
Porém, após uma reunião na
sexta-feira, os partidos da oposição decidiram chumbar a proposta de eleições
antecipadas porque receiam que o governo elabore outra manobra que possibilite
um Brexit sem acordo, tal como fez com a decisão de suspender o parlamento
durante cinco semanas.
"Precisamos garantir que não
existe uma consequência acidental de sairmos sem acordo da União Europeia como
consequência de uma eleição", afirmou o líder parlamentar do partido
Nacionalista Escocês (SNP), Ian Blackford, em declarações à BBC.
A líder parlamentar dos
nacionalistas galeses do Plaid Cymru, Liz Saville Roberts,
confirmou que esta é a posição dos Liberais Democratas e do Partido
Trabalhista, que também estavam na reunião.
"Nós somos partidos da
oposição. Todos nós queremos uma eleição nacional. Todos nós damos prioridade à
necessidade de passar o dia 31 de outubro. Depois do dia 31 de outubro sim,
prevejo que pode haver uma eleição nacional", adiantou Saville Roberts.
A mesma proposta de eleições
antecipadas foi inviabilizada na quarta-feira passada, pois o governo
só conseguiu 298 votos a favor, mas precisava do apoio de 434 deputados,
correspondentes a dois terços do total dos membros da Câmara dos Comuns.
A proposta de eleições
antecipadas foi feita após uma derrota na Câmara dos Comuns na
terça-feira, que permitiu à oposição e a um grupo de deputados conservadores
introduzir legislação para impor um novo adiamento do 'Brexit' e impedir uma
saída sem acordo em 31 de outubro.
A legislação foi aprovada sem
emendas pela Câmara dos Comuns na sexta-feira, aguardando apenas a
promulgação pela rainha Isabel II.
O texto exige que o
primeiro-ministro britânico peça uma nova extensão da data de saída até 31
de janeiro caso o parlamento não aprove um acordo de saída ou não
autorize uma saída sem acordo até 19 de outubro.
Mesmo que um pedido seja
submetido por Londres, a extensão precisa depois de ser deferida unanimemente
pelos restantes 27 Estados membros da UE. Um cenário que o ministro dos
Negócios Estrangeiros da França, Jean-Yves Le Drian, excluiu no domingo.
"No estado atual das
coisas, não", disse Le Drian durante a emissão do programa Le
Grand Rendez-vous Europe1/CNEWS/Les Echos.
"Eles [os britânicos]
dizem que querem propor outras soluções, acordos alternativos para assegurar a
saída...). Não vimos isso, por isso não, não vamos recomeçar todos os três
meses. As autoridades britânicas que nos indiquem o caminho",
reforçou.
Também no domingo, o ministro dos
Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, admitiu, citado pela
imprensa britânica, recorrer ao tribunal para contestar o projeto de
lei aprovado na semana passada pelo parlamento para impedir um Brexit sem
um acordo.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
© iStock
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