O presidente francês Emmanuel
Macron anunciou hoje estar disposto a rever as "modalidades de
intervenção" da França no Sahel e pediu aos aliados "um maior
envolvimento" contra "o terrorismo" na região, ao receber em
Paris o secretário-geral da NATO.
"O contexto que estamos em
vias de presenciar no Sahel conduz-nos hoje a encarar todas as opções
estratégicas", declarou o presidente francês ao exigir "um maior
envolvimento" dos seus aliados, três dias após a morte, referida como
acidental, de 13 militares franceses da operação Barkhane, desencadeada na
região do Sahel e do Saara em agosto de 2014
contra grupos armados salafistas jihadistas e na sequência das
operações Serval e Épervier.
As conversações de hoje, no
palácio do Eliseu, destinaram-se preparar a cimeira da NATO em Londres na
próxima semana.
"Afirmo-o muito claramente,
não basta o nosso compromisso com a segurança coletiva, temos de demonstrá-lo.
Uma verdadeira aliança são atos, não palavras", referiu Macron em
conferência de imprensa conjunta com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg,
após o final da reunião.
Macron voltou a referir-se às
questões prioritárias que na sua perspetiva se colocam a Aliança.
Primeiro, garantir a paz e estabilidade na Europa através de um diálogo firme e
exigente com a Rússia que clarifique as relações com o país.
Nesse sentido, considerou que a
NATO deve definir de forma clara quem são os inimigos comuns.
"Rússia? China? Não creio. O
inimigo comum é o terrorismo que nos atacou em cada um dos nossos países, os
grupos terroristas contra quem os militares franceses lutam no Sahel",
disse Macron ao exigir que os seus aliados "estejam à altura das suas
responsabilidades militares e operacionais".
Macron assinalou que a NATO se
desgastou nos últimos anos em discussões financeiras, sem promover uma
estratégia clara, e pediu uma discussão de fundo sobre a relação entre os
aliados e as suas obrigações mútuas.
Nesse sentido, criticou a ação militar
unilateral iniciada pela Turquia no norte da Síria.
"Não podemos dizer que somos
aliados, exigir solidariedade enquanto por outro lado se coloca em perigo o
trabalho realizado contra [o grupo 'jihadista'] Estado Islâmico, sublinhou
o dirigente francês, para também referir que a França é um aliado "fiável,
mas também exigente".
Por sua vez, Stoltenberg insistiu
na necessidade de [Estados-membros da NATO] "permanecerem unidos face aos
novos desafios de segurança", e salientou a capacidade "única"
da NATO de reunir a Europa e a América do Norte [Estados Unidos e Canadá] em
questões estratégicas".
Previamente, o gabinete de Macron
tinha referido que o Presidente francês iria defender na reunião uma maior
unidade e coordenação na aliança, e a necessidade de a Europa assumir mais
responsabilidades na área da segurança.
No início de novembro, em
entrevista à revista semanal britânica The Economist, o presidente
francês considerou a organização em "morte cerebral", uma declaração
que abalou a aliança militar.
Na sua declaração Macron lamentou
a ausência de coordenação entre os Estados Unidos e a Europa e o comportamento
unilateral da Turquia, membro da Aliança Atlântica, na Síria.
Stoltenberg defendeu de
imediato os objetivos da aliança, ao referir que "a unidade da
Europa não pode substituir a unidade transatlântica".
A chanceler alemã Angela Merkel,
que na ocasião definiu a expressão de Macron de "drástica", disse na
quarta-feira que a NATO é no mínimo tão essencial hoje como durante a Guerra
Fria, referindo-se ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre
o Ocidente liderado pelos EUA e o bloco de Leste dirigido pela URSS,
que se prolongou entre final da II Guerra Mundial (1945) até à dissolução da
União Soviética em 1991.
Na semana passada, a Alemanha
tentou apaziguar as preocupações francesas ao propor durante a reunião em
Bruxelas dos chefes da diplomacia dos 29 Estados-membros formação de um grupo
de peritos para examinarem os desafios de segurança que a aliança enfrenta.
A França avançou com uma proposta
similar, mas referiu-se antes a um "grupo de sábios" integrado por
altos responsáveis e destinado a examinar os aspetos políticos do
processo de decisão da NATO.
O presidente dos EUA Donald
Trump tem criticado repetidamente os restantes países aliados por não
disponibilizarem orçamento suficiente na área da Defesa.
Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: Reuters
Leia em Notícias ao Minuto:
Sem comentários:
Enviar um comentário