Miguel Dias, candidato do Livre
pelo círculo de Setúbal nas últimas legislativas, vai desvincular-se do partido.
Numa altura em que se assistem a
divergências internas no Livre, Miguel Dias, membro fundador do partido,
anunciou, na terça-feira, que vai cortar o 'cordão umbilical' que o liga ao
partido. O candidato do Livre pelo círculo de Setúbal nas últimas legislativas,
justifica a saída por uma "questão de forma e de postura política" com
a qual não se revê. Por sua vez, um porta-voz do partido, em declarações à TSF,
recusa-se a confirmar se a saída está relacionada com a polémica.
Miguel Dias anunciou a saída do
partido nas redes sociais, onde explicou que esta "não foi uma decisão
fácil nem leviana. É emocionalmente complexa a decisão de
abandonar o LIVRE, partido" que ajudou "a fundar" e ao
qual esteve vinculado durante seis anos. "As razões para a minha
saída foram explicadas internamente", vincou.
Esclareceu ainda Miguel Dias que
os motivos que estão na base da sua saída "não estão relacionados com
conteúdo", porque os seus "valores ideológicos e as ideias políticas
continuam a condizer em larga medida com o defendido com o partido". A
saída é motivada, isso sim, por "questão de forma e de postura política" na
qual não se revê.
A TSF falou com Pedro
Nunes Rodrigues, porta-voz da direção do Livre, que lamentou a saída
do candidato de Setúbal. "Ficamos com alguma pena que o Miguel decida
desvincular-se do Livre, mas é uma decisão pessoal", afirmou. "O
grupo de contacto [direção] pode apenas agradecer ao Miguel toda a dedicação
que deu nos últimos seis anos ao Livre. Foi uma das pessoas mais importantes na
dinamização do núcleo do Livre em Setúbal", acrescentou.
Pedro Nunes Rodrigues recusou-se
a afirmar que a saída de Miguel Dias está ligada à mais recente polémica que
tem abalado a estrutura do Livre. "É natural que as pessoas se
desvinculem do partido, é a vida política de um partido. Não podemos exigir que
qualquer membro permaneça no partido para sempre. Não vamos continuar a
alimentar polémicas, portanto, não vamos comentar qualquer caso que seja
considerado uma polémica".
Recorde-se que o conflito interno
no partido surgiu da alegada “falta de comunicação” entre Joacine Katar Moreira
e a direção do Livre, que terá começado quando a deputada se
absteve no momento de condenar Israel pela nova agressão a Gaza.
Perante a situação, o Livre veio
a público, através de comunicado, manifestar “a sua preocupação com o sentido
de voto da deputada Joacine Katar-Moreira, em contrassenso com
o programa eleitoral do Livre e com o historial de posicionamento do partido
nestas matérias”.
Ora, Joacine não se
deixou ficar e reagiu às declarações do partido: “Assumo total responsabilidade
pelo voto e devo dizer que, apesar de a abstenção não constituir um voto a
favor ou um voto contra, ela não representou aquilo que tem sido desde sempre a
minha posição pública sobre esta temática. Votei contra a direção de
mim mesma”.
O caso vai seguir para Conselho
de Jurisdição, mas Joacine Katar Moreira viu-se mais uma vez
envolvida (noutra) polémica. A deputada falhou o prazo estabelecido pelo
Parlamento para a entrada de projeto de lei da
nacionalidade do Livre, uma das bandeiras do partido.
Já depois disso, a única deputada
eleita do Livre, pretendendo evitar as questões de jornalistas no Parlamento,
pediu para ser acompanhada por um oficial da guarda do Palácio de São Bento. O
pedido não foi visto com 'bons olhos' pela Assembleia, sendo que Ferro Rodrigues pediu inclusive que fossem apuradas as circunstâncias do
episódio.
Ao Notícias ao Minuto, o
secretário-geral da Assembleia da República, Albino Azevedo Soares, afirmou que
"não estava em causa a segurança física". O pedido da equipa de Joacine não
se justificou, vincou o responsável.
Filipa Matias Pereira | Notícias
ao Minuto
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