Manifestantes protestam nas ruas
do Iraque desde a primeira semana de outubro exigindo eleições livres, fim da
corrupção generalizada, emprego e crescimento económico. Mais de 400 pessoas
foram mortas e 19 mil ficaram feridas durante as manifestações.
A representante especial do
secretário-geral da ONU para o Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, falou ao
Conselho de Segurança da ONU a partir de Bagdad na terça-feira (3). Segundo ela,
as regras de atuação das forças de segurança no país foram alteradas para garantir
a segurança dos manifestantes, mas “a realidade é que o uso de munição real
continua, dispositivos não letais continuam sendo usados de
forma indevida, e prisões e detenções ilegais ocorrendo”.
No domingo (1), o Parlamento
iraquiano aceitou o pedido de renúncia do primeiro-ministro, Adel Abdel Mahdi.
As Nações Unidas pedem que os responsáveis pelas mortes durante os protestos
sejam identificados e julgados.
A representante especial do
secretário-geral para o Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, informou nesta
terça-feira (3) ao Conselho de Segurança sobre as
consequências dos protestos de rua que começaram na primeira semana
de outubro.
Segundo ela, já
morreram mais de 400 pessoas e mais de 19 mil ficaram feridas. A representante
pediu que os responsáveis sejam identificados e julgados.
Motivos
Hennis-Plasschaert afirmou
que os manifestantes estão “mostrando amor pelo seu país e identidade
iraquiana”, mas “pagando um preço demasiado alto”.
Os protestos têm sido liderados
por jovens que “expressam frustração com más perspectivas económicas, sociais e
políticas”. Os manifestantes também criticam corrupção, interesses partidários,
e interferências estrangeiras.
Hennis-Plasschaert disse que
os manifestantes querem eleições livres, justas e credíveis, fim
da corrupção generalizada e mais emprego e crescimento.
Futuro
Na semana passada, ela visitou um
hospital em Bagdad, onde encontrou um jovem de 16 anos que ficou ferido durante
os protestos. A mãe do menino contou que “a falta de perspectivas deixa os
adolescentes desesperados”.
Hennis-Plasschaert disse que
“esses jovens não se lembram de como a vida era horrível para muitos
iraquianos na época de Saddam Hussein”. Apesar disso, “estão muito
conscientes da vida que foi prometida após Saddam Hussein”, avaliou.
Ela também afirmou que os
manifestantes “sabem perfeitamente que um futuro melhor é possível”.
Segundo a representante da
ONU, “qualquer nação de sucesso precisa abraçar o potencial de seus
jovens”, mas isso “é ainda mais importante no Iraque, que tem
uma população muito jovem”.
Resposta
Sobre a resposta aos
protestos, Hennis-Plasschaert afirmou que “os eventos saíram de
controle logo na primeira noite” e que “as autoridades
imediatamente usaram força excessiva”, destacou.
Segundo ela, a investigação do
governo está incompleta e ainda falta resposta para várias
questões, como quem está atacando os meios de comunicação,
raptando ativistas ou atirando sobre manifestantes.
Desde outubro, as regras de
atuação das forças de segurança foram alteradas, mas “a realidade é que o
uso de munição real continua, dispositivos não-letais continuam sendo
usados de forma indevida, e prisões e
detenções ilegais continuam ocorrendo”, comunicou.
Nas últimas semanas, o
governo anunciou várias reformas nas áreas da habitação, desemprego,
apoio financeiro e educação, mas a representante disse que são “vistos
como irreais ou muito pouco e muito tarde”.
Situação política
Na conversa com o Conselho de
Segurança das Nações Unidas, representante especial também atualizou os
países-membros sobre a situação política do país.
O Parlamento aceitou
a renúncia do primeiro-ministro, Adel Abdel Mahdi, no
domingo, 1º de dezembro.
Na última terça-feira (3),
o Parlamento pediu
ao presidente, Barham Salih, que nomeie um
novo primeiro-ministro dentro de 15 dias. Depois de ser
conhecido o novo nome, ele terá 30 dias para formar um governo.
Hennis-Plasschaert afirmou,
no entanto, que os líderes políticos precisam “promover soluções
reais, em vez de abandonar um primeiro-ministro com pouco ou nenhum
apoio”.
Segundo ela, “um governo não pode
fazer sozinho” todo o trabalho necessário, que “é uma responsabilidade
coletiva de toda a classe política”, apontou.
Outras ameaças
Os protestos dominam a
agenda nacional, mas a representante diz que não se pode
esquecer a luta contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante
(ISIL/Da’esh).
Ela disse que, enquanto os
líderes discutem, “um novo desastre está a caminho”.
Segundo Hennis-Plasschaert , a
situação de deslocados internos e refugiados em assentamentos como al-Hawl não
é sustentável e deixa evidente “uma falta chocante de pensamento internacional
de longo prazo”.
Ao fim da conversa, a
representante lembrou um encontro com o Grande Aiatolá Ali
al-Sistani. Segundo o líder político, “a situação não pode continuar
como estava antes das manifestações”.
A esse respeito, a
representante afirmou que “novas e grandes oportunidades podem
surgir a partir de uma crise”. Segundo ela, “o Iraque não é uma causa
perdida” e “tem um imenso potencial”.
ONU - Publicado em 04/12/2019
Imagens: 1 - Protestos têm sido
liderados por jovens que expressam frustração com más perspectivas económicas,
sociais e políticas. Foto: ACNUDH.; 2 - Jeanine Hennis-Plasschaert,
representante especial do secretário-geral para o Iraque, falou em 3 de
dezembro com Conselho de Segurança sobre consequências dos protestos. Foto
UNAMI.
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