terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Trump uniu a Europa


Em dois anos, o presidente americano gerou fissuras nas relações transatlânticas como nunca antes em tempos de paz. Mas suas posições garantiram a solidariedade e o progresso da União Europeia em muitas áreas.

Max Hofmann | Deutsche Welle | opinião

É difícil imaginar que, apenas dois anos atrás, havia vida sem Donald Trump. Em Bruxelas, onde têm sua sede a União Europeia e a Otan, o presidente americano tem um papel-chave. E mesmo de seu escritório do outro lado do Atlântico, Trump certamente já se estabeleceu na memória coletiva da Europa.

Causaram calafrios em Bruxelas, por exemplo, as inesquecíveis aparições de Trump nas reuniões da Otan, as ameaças de sobretaxar automóveis europeus e o anúncio de retirar os Estados Unidos do tratado de desarmamento nuclear.

Pode-se dizer, então, que, ao menos do ponto de vista europeu, tudo relacionado ao presidente americano é abominável? Muitos diriam que sim, mas as coisas não são necessariamente assim. Em muitas formas, Trump na verdade fez bem para a Europa. Os benefícios são claramente sem intenção, mas são óbvios. Trump uniu a Europa.

As posições de Trump garantiram a solidariedade e o progresso europeu em muitas áreas. A Cooperação Estruturada Permanente (Pesco) entre os países-membros da UE, por exemplo, nos campos de políticas externa e de segurança, não existiria sem Trump.

Mesmo após a eleição de Trump, a popularidade do bloco está em alta – claro, ao menos "no continente”. Em Bruxelas, muitos chegam a dizer – a portas fechadas – que Trump é a melhor coisa que poderia ter acontecido para a UE.

Mas Trump, certamente, também impõe uma ameaça à Europa. E isso não apenas pelas razões óbvias – como a saída do Acordo Climático de Paris, do pacto nuclear com o Irã e as ações que desestabilizaram as relações comerciais.

A ameaça, na verdade, vem do fato que mesmo dentro das fronteiras europeias Trump está angariando apoio entre a população e políticos. Eles não necessariamente admiram o presidente por sua insolência e insultos, mas eles o apreciam por seu desprezo pelo politicamente correto e por abordar verdades que muitas vezes são varridas para baixo do tapete.

Alguns exemplos: a acusação de que os europeus não estão pagando a contribuição combinada para a Otan (evidentemente correto); a acusação de que os EUA estão em desvantagem tarifária em relação a China e UE (em muitos aspectos, correto); a declaração de que a Rússia violou o tratado de desarmamento nuclear (correto); a declaração de que algumas instituições multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio, são obsoletas e ineficientes (nos últimos anos, também correto).

A forma como Trump se comporta passa dos limites – não há como negar. Mas isso não é suficiente para anular suas tiradas no Twitter, porque muitas pessoas não se importam com maneiras – especialmente em tempos como os atuais.

Mas a UE tem que fazer o seu melhor para mudar os rumos dos ventos que conduzem Trump. Em alguns casos, já o está fazendo, por exemplo, ao aumentar os gastos com defesa e coordenar as políticas externa e de segurança.

A Europa também está começando a levar a sério os temores de muita gente que caiu nas redes de populistas como Trump. Isso inclui a preocupação com a própria identidade num mundo cada vez mais globalizado e complexo, no qual a realidade é moldada por gigantes da tecnologia na China e nos EUA.

O sucesso de Matteo Salvini, servindo como vice-primeiro-ministro e ministro do Interior da Itália, e do premiê da Hungria, Viktor Órban, são provas cabais, no entanto, de que a Europa ainda não conseguiu afastar essas preocupações.

Que lições então tirar dos dois anos de Trump na Casa Branca?

A União Europeia está tentando tirar proveito do momento criado pelo presidente americano em vários campos da política e do comércio internacionais. Trump deu aos europeus finalmente o ímpeto para construir um bloco não apenas economicamente importante. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, definiu isso com uma palavra em alemão: "weltpolitikfähigkeit”, a "capacidade de exercer nosso papel em assuntos globais em mutação”, como ele explicou.

A inteligência e esperteza de Juncker fazem dele um dos poucos políticos europeus que parecem ter encontrado uma estratégia bem-sucedida de como lidar com Trump. No comércio, por exemplo, ele oferece entendimentos simples e claros – o jogo de dar e receber que no qual o empresário Trump parece ver sentido.

Em termos de reduzir o impacto de potenciais populistas como Trump, usar o espaço criado para manobras na política mundial, e encontrar as estratégias mais efetivas para lidar com o presidente americano, os dois últimos anos foram uma curva de aprendizado para a UE.

Mas nem a Europa nem o resto do mundo liberal encontraram uma forma efetiva para prevenir os danos causados por Trump nas relações transatlânticas. Trump está, sem querer, assegurando que a Europa finalmente busque sua independência. Ainda assim, de uma perspectiva europeia, juntando os cacos da porcelana quebrada, teria sido melhor se a Europa tivesse amadurecido sem precisar de Trump.

*Max Hoffmann é chefe da sucursal da DW em Bruxelas.

Israel, licença para matar


Manlio Dinucci*

Durante sete anos de guerra contra a Síria, Israel interveio, secreta e permanentemente, dando apoio aéreo aos jihadistas, a fim de que eles pudessem derrubar a República. Desde o final de 2018, Tel Aviv mudou de táctica e agora efectua operações de bombardeio violentas e não se esconde mais. Tratar-se-ia de atingir alvos iranianos com o acordo tácito de Moscovo. No entanto, os alvos iranianos parecem ser, meramente, desprezíveis. Simultaneamente, Israel, que concluiu um acordo com os dirigentes do Hamas e os financia publicamente através do Catar, prossegue a sua guerra contra os civis de Gaza.

“Com um movimento muito insólito, Israel oficializou o ataque contra alvos militares iranianos na Síria e intimou as autoridades sírias a não se vingarem contra Israel”: é assim que a comunicação mediática italiana relata o ataque de ontem de Israel na Síria, com mísseis de cruzeiro e bombas guiadas. “É uma mensagem para os russos que, juntamente com o Irão, permitem a sobrevivência de Assad no poder”, comenta o Corriere della Sera.

Ninguém põe em dúvida o “direito” de Israel de atacar um Estado soberano para impor que governo deveria ter, depois de, durante oito anos, os USA, a NATO e as monarquias do Golfo tentarem demoli-lo, juntamente com Israel, como fizeram em 2011 com o Estado da Líbia.

Ninguém se escandaliza de que os ataques aéreos israelitas, sábado e segunda-feira, tenham causado dezenas de mortes, entre as quais, pelo menos, quatro crianças, e sérios danos no aeroporto internacional de Damasco, enquanto se salienta a notícia que, por prudência, permaneceu fechada durante um dia, para grande desgosto dos excursionistas, a estação de esqui israelita no Monte Hermon (totalmente ocupada por Israel, juntamente com as Colinas de Golan).

Ninguém se preocupa com o facto de que, ao intensificar-se os ataques israelitas na Síria, com o pretexto de que ela serve de base de lançamento de mísseis iranianos, faz parte da preparação de uma guerra em larga escala contra o Irão, planeada com o Pentágono, cujos efeitos seriam catastróficos.

A decisão dos Estados Unidos sairem do acordo nuclear iraniano - acordo definido por Israel como “a rendição do Ocidente ao eixo do mal, liderado pelo Irão” - causou uma situação de extrema gravidade, não só para o Médio. Israel, a única potência nuclear no Médio Oriente - não aderente ao Tratado de Não-Proliferação, assinado pelo Irão – tem apontado contra o Irão, 200 armas nucleares (como especificou o antigo Secretário de Estado USA, Colin Powell, em Março de 2015 [1]). Entre os diversos transportadores de armas nucleares, Israel possui uma frota considerável de caças F-35A, declarada operacional em Dezembro de 2017. Israel não foi apenas o primeiro país a comprar o novo caça de quinta geração da empresa americana Lockheed Martin, mas com as suas próprias indústrias militares, desempenha um papel importante no desenvolvimento do caça: as ‘Israel Aerospace Industries’ começaram a produzir, no passado mês de Dezembro, componentes de asas que tornaram o F-35 invisível ao radar. Graças a essa tecnologia, que também será aplicada aos F-35 italianos, Israel fortalece as capacidades de ataque das suas forças nucleares, integradas no sistema electrónico da NATO, no âmbito do “Programa de Cooperação Individual com Israel”.

No entanto, de tudo isto, não há notícias na nossa comunicação mediática, como não há notícia de que, além das vítimas causadas pelo ataque israelita na Síria, há ainda mais numerosas provocadas entre os palestinianos pelo embargo israelita, na Faixa de Gaza. Aí – devido ao bloqueio decretado pelo governo israelita, os fundos internacionais destinados a instalações sanitárias na Faixa de Gaza - seis hospitais de treze, incluindo dois hospitais pediátricos Nasser e Rantissi, tiveram de fechar em 20 de Janeiro, devido à falta de combustível necessário produzir energia eléctrica (na Faixa, o fornecimento via rede é extremamente irregular). Não se sabe quantas vítimas provocará o encerramento deliberado dos hospitais de Gaza.

De tudo isto não haverá notícias na nossa media que, pelo contrário, deram relevo ao que declarou o Vice-Primeiro Ministro, Matteo Salvini, na sua visita recente a Israel: “Todo o meu empenho em apoiar o direito à segurança de Israel, baluarte da democracia no Médio Oriente”.

Manlio Dinucci* | Voltaire.org.net |  Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)

[1] “Powell Acknowledges Israeli Nukes”, Eli Clifton, Lob Log, September 14, 2016.

Brasil | A discriminação dos afrodescentes continua


Depois de Quénia somos a maior nação negra do mundo. A maioria tem em seu sangue a herança africana. Aliás todos, brancos, negros e amarelos e outros somos africanos

Leonardo Boff* | Carta Maior

Uma consequência da campanha eleitoral de 2018, antidemocrática e marcada por um sem número de fake news (falsas notícias), foi o fortalecimento do já existente racismo contra indígenas, quilombolas e particularmente contra negros e negras. Segundo o ultimo censo, 55,4% se declaram pardos ou negros. Quer dizer, depois de Quénia somos a maior nação negra do mundo. A maioria tem em seu sangue a herança africana. Aliás, todos - brancos, negros e amarelos e outros - somos africanos. Pois foi em África que irrompeu o processo da antropogénese há milhões de anos.

Como nossa história foi escrita pela mão branca, muitos historiadores tentaram suavizar a escravidão. O fato é que a escravidão desumanizou a todos, senhores e escravos. Ambos viveram a escravidão numa permanente síndrome de medo, de revoltas, de envenenamentos, de assassinatos de patrões, de filhos, de assaltos a suas mulheres. Os senhores para contê-los e aplicar a violência contra os negros, tiveram de reprimir seu sentido de humanidade e de compaixão. Por isso, até hoje as classes dominantes, herdeiras da ordem escravagista, são habitadas por preconceitos de que os negros, os mulatos devem ser tratados com violência e dureza. São consideramos preguiçosos quando, na verdade, foram eles que construíram nossas igrejas e edifícios coloniais.

Os escravos eram quase sempre muito mais numerosos que os brancos. Em Salvador e na capitania de Sergipe, por volta de 1824, eram 666 mil escravos e 192 mil brancos livres (Clovis Moura, Sociologia do negro, 1988, p. 232). Em 1818, em todo o Brasil, 50,6% da população era de negros escravos (Beozzo, Igreja e escravidão, 1980, p. 259). E atualmente como referimos acima, são 55,4% da população.

A escravidão desumanizou muito mais os negros. Darcy Ribeiro, em seu extraordinário O povo brasileiro (1995) resume bem a condição escrava:

“Sem amor de ninguém, sem família, sem sexo que não fosse a masturbação, sem nenhuma identificação possível com ninguém – seu capataz podia ser um negro, seus companheiros de infortúnio, inimigos -, maltrapilho e sujo, feio e fedido, perebento e enfermo, sem qualquer gozo ou orgulho do corpo, vivia a sua rotina. Esta era sofrer todo dia o castigo diário das chicotadas soltas, para trabalhar atento e tenso. Semanalmente, vinha um castigo preventivo, pedagógico, para não pensar em fuga, e, quando chamava atenção, recaía sobre ele um castigo exemplar, na forma de mutilações de dedos, do furo dos seios, de queimaduras com tição, de ter todos os dentes quebrados criteriosamente, ou dos açoites no pelourinho, sob trezentas chicotadas de uma vez, para matar, ou cinquenta chicotadas diárias, para sobreviver. Se fugia e era apanhado, podia ser marcado com ferro, ser queimado vivo, em dias de agonia, na boca da fornalha, ou, de uma vez só, jogado nela para arder como um graveto oleoso” (p. 119-120).

Por causa desse tipo de violência, os escravos internalizaram dentro de si o opressor. Para sobreviver, tiveram de assumir a religião, os costumes e a língua de seus opressores. Desenvolveram a estratégia do 'jeitinho' para nunca dizerem não e ao mesmo tempo poderem alcançar um objetivo que de outra forma jamais alcançariam.

Mas já há muito tempo surgiu forte a consciência da negritude com a determinação de resgatar a sua identidade, suas religiões e sua forma de estar no mundo. Trata-se da constituição do sujeito da libertação de negros e negras contra sua inserção forçada na iníqua história da barbárie branca.

A história contada pela mão negra não é apenas uma história contra o branco; é uma história própria, que não se confunde com a história de seus opressores e escravocratas, embora esteja ligada dialeticamente a ela. Ela está fazendo seu curso livre.

A abolição dos escravos em 1888 não significou a abolição da mentalidade escravocrata, presente na cultura dominante que continua mantendo centenas de trabalhadores com uma relação análoga ao dos escravos. Em janeiro de 2019, havia 204 empreendedores cometendo esse crime. Basta ler a recente obra distribuída em 2019 “Estudos sobre as formas contemporâneas de trabalho escravo” (Maud) com a colaboração de quarenta e quatro pesquisadores, cobrindo grande parte da area nacional, organizada pelo conhecido especialista junto com outras, Ricardo Rezende Figueira. A impressão final é estarrecedora. Como ainda hoje persiste a pérfida desumanidade de seres humanos escravizando outros seres humanos?

Foto: 'Jantar na casa grande', de Jean-Batiste Debret (Reprodução)

*Leonardo Boff é pesquisador e escreveu Consciência negra e processo de libertação, em “A voz do arco-iris, Sextante, Rio 2004 pp. 88-106

*Publicado originalmente no blog do autor

Os bilionários voltam ao bunker de Davos


Em apenas um ano, sua fortuna cresceu 12%, mostra a Oxfam. Tributos globais viáveis reduziriam em muito a desigualdade – mas eles preferem cercar-se de soberba, armas e gente como Bolsonaro

Jorge Cordeiro | Outras Palavras

Uma taxa extra de apenas 0,5% sobre a riqueza dos bilionários que fazem parte do 1% mais rico do planeta arrecadaria mais do que o suficiente para educar 262 milhões de crianças que estão fora da escola hoje no mundo, e também providenciar serviços de saúde que poderiam salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas.

Ao não taxarem apropriadamente os muito ricos e as grandes corporações, e por terem dificuldades orçamentárias para investir adequadamente em serviços públicos como saúde e educação, os governos estão contribuindo para aumentar as desigualdades, prejudicando milhões de pessoas que vivem na pobreza – principalmente as mulheres.

Os dados são do relatório global da Oxfam, Bem Público ou Riqueza Privada? lançado nesta segunda-feira (21/1) às vésperas do Fórum Econômico Mundial que acontece de 22 a 25 de janeiro em Davos, na Suíça.

O relatório aponta ainda que a fortuna dos bilionários do mundo aumentou 12% em 2018, ou US$ 2,5 bilhões por dia, enquanto que a metade mais pobre do planeta (ou 3,8 bilhões de pessoas) viu sua riqueza reduzida em 11%. Além disso, mostra que o número de bilionários dobrou desde a crise financeira de 2007-2008, e que hoje eles e suas empresas estão pagando menos impostos em décadas.

“Os governos precisam entender que investir em serviços públicos é fundamental para enfrentar as desigualdades e vencer a pobreza”, afirma Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil. “E para isso é necessário que os mais ricos e as grandes corporações contribuam de maneira mais justa. Nosso relatório mostra que se eles pagarem uma fração ínfima a mais de impostos, é possível dar mais e melhores serviços públicos essenciais às populações mais vulneráveis.”

Katia lembra que a situação no Brasil é ainda mais dramática, já que somos uns dos países mais desiguais do mundo e temos um sistema tributário que reforça esse cenário: aqui, os 10% mais pobres da sociedade pagam mais impostos proporcionalmente do que os 10% mais ricos. Ao mesmo tempo, serviços públicos como saúde e educação sofrem para receber o financiamento adequado.

Em 2016, o Brasil retrocedeu 17 anos em termos de espaço para gastos sociais no orçamento federal, e viu, no ano seguinte, a redução da desigualdade renda parar pela primeira vez em 15 anos, conforme indicou o relatório da Oxfam Brasil “País Estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras”. (Veja o link: https://www.oxfam.org.br/pais-estagnado )

“Apesar de todas as distorções tributárias, e da precarização do serviço público no país, o Brasil tem tomado decisões bastante equivocadas no afã de controlar gastos para enfrentar a crise econômica pela qual passamos”, afirma Rafael Georges, coordenador de campanhas da Oxfam Brasil e autor do relatório País Estagnado, apontando o Teto de Gastos como uma das medidas que prejudicam o combate às desigualdades brasileiras.

Já sobre o relatório Bem Público ou Riqueza Privada, Katia diz que o novo documento global mostra o quanto é possível ter os recursos para promover mudanças reais na vida das pessoas. “É inaceitável que em pleno século 21 sigamos aceitando como ‘normal’ a existência de cidadãos e cidadãs de primeira e segunda categoria por todo o mundo. A ganância de poucos e a falta de ação de governos está promovendo uma sociedade cada vez mais excludente e injusta. O nosso retrocesso societário está se tornando proporcional ao nosso avanço tecnológico. É preciso seguir debatendo e pressionando por um sistema mais justo globalmente e nos países”, acrescenta Katia Maia.

Alguns fatos importantes do relatório “Bem Público ou Riqueza Privada?”

Uma taxa extra de apenas 0,5% sobre a riqueza dos bilionários que fazem parte do 1% mais rico do planeta arrecadaria mais do que o suficiente para educar 262 milhões de crianças que estão fora da escola hoje no mundo, e também providenciar serviços de saúde que poderiam salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas.   (Fonte: P. Espinoza Revollo et al. (2019). Public Good or Private Wealth? Methodology Note)

A fortuna dos bilionários do mundo aumentou 12% em 2018 (US$ 900 bilhões), ou US$ 2,5 bilhões por dia, enquanto a metade mais pobre do planeta (3,8 bilhões de pessoas) viu sua riqueza reduzida em 11%. 

(Fonte: cálculo da Oxfam Internacional, ver nota metodológica no site)

O número de bilionários no mundo quase que dobrou desde a crise financeira de 2007-2008 – de 1.125 em 2008 para 2.208 em 2018.  (Fonte: cálculo da Oxfam Internacional, ver nota metodológica no site)

O Brasil tinha 42 bilionários em 2018, com riqueza total de US$ 176,4 bilhões. (Fonte: revista Forbes)

O 1% mais rico da América Latina e Caribe concentra 40% da riqueza da região.  (Fonte: Credit Suisse, 2018)
Homens têm 50% mais do total de riqueza do mundo do que as mulheres. (Fonte: revista Forbes)

Apenas 4 centavos de cada dólar de receita de impostos vêm de taxação sobre riqueza. (Fonte: cálculo da Oxfam Internacional, ver nota metodológica no site)
Em países como o Brasil e o Reino Unido, os 10% mais pobres estão hoje pagando uma proporção maior de impostos do que os 10% mais ricos.

(Fonte: para o Brasil: INESC. (2015). ‘Mineração e (in)justiça tributária no Brasil’. Nota Técnica 184; para o Reino Unido: Office for National Statistics. (2018). Effects of taxes and benefits on household income – Financial year ending 2017.https://www.ons.gov.uk/peoplepopulationandcommunity/personalandhouseholdfinances/incomeandwealth/datasets/theeffectsoftaxesandbenefitsonhouseholdincomefinancialyearending2014 , Table 14: Average incomes, taxes and benefits by decile groups of ALL households (ranked by unadjusted disposable income), 2016/17.)

Notas:
Os cálculos da Oxfam são baseados nos dados de riqueza global do Credit Suisse, novembro 2018.

A riqueza dos bilionários foi calculada a partir da lista de bilionários da revista Forbes, publicada em março de 2018.

Sobre a Oxfam Brasil – A Oxfam Brasil faz parte de uma confederação global que tem como objetivo combater a pobreza, as desigualdades e as injustiças no mundo. Desde 2014, somos membros da Confederação Oxfam, que conta com 19 organizações atuando em 93 países. A Oxfam Brasil trabalha com três eixos temáticos: Justiça Social e Econômica, Setor Privado e Desigualdades, e Desigualdades nas Cidades. www.oxfam.org.br

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Portugal | Salazar drogava-se, era o "carocho" de São Bento


Afinal, o ditador que tanto batia com a mão no peito e evocava deus e os santos a torto e à direita era um toxicodependente, um "carocho", como chamam na gíria aos que usam drogas e delas são dependentes por esta ou aquela razão, com este ou aquele objetivo. Quem diria, o ditador até nem era exemplo para os que se iludiam e o idolatravam, benzendo o seu regime fascista. Esta é a conclusão que retiramos do que a seguir transcrevemos de "Palavra de Autor" no Expresso. Salazar, o "carocho" de São Bento. Atente. (PG)

“Salazar injetava-se com frequência” com um opiáceo “primo” da heroína

O Eucodal, medicamento injetável usado por Hitler para ganhar vitalidade, nomeadamente no discurso eufórico em que convenceu Mussolini a manter o apoio à Alemanha, durante a II Guerra Mundial, também foi usado por Salazar. O seu nome aparece registado no diário do ditador português em abril de 1956 e até à publicação de “A Queda de Salazar - O Princípio do Fim da Ditadura” (Tinta da China, 2018) desconhecia-se tal facto. A descoberta foi feita pelos jornalistas José Pedro Castanheira, António Caeiro e Natal Vaz, e é apenas uma das novidades avançadas pela investigação que deu origem ao livro. Neste episódio de Palavra de Autor, podcast sobre livros do jornal Expresso, os três jornalistas leem passagens do livro e conversam com Cristina Margato, revelando a face menos visível do ditador que tanto tempo governou Portugal.

A Queda de Salazar – O Princípio do Fim da Ditadura” começa no momento em que se inicia o declínio físico e político de Salazar. Ou seja, a queda da cadeira no Forte de Santo António da Barra, no Estoril, no verão de 1968, à qual se segue um AVC.

A partir desse acontecimento Salazar dá lugar a Marcello Caetano no governo do país. Morre dois anos depois, acreditando talvez que ainda é ele o Presidente do Conselho. Uma encenação que se mantém até ao fim, e para a qual todos contribuem – nomeadamente o Presidente da República Américo Thomaz, que nunca o informou da exoneração e a governanta do ditador, D. Maria – por receio de que a verdade pudesse precipitar a morte de Salazar.

Este episódio de Palavra de Autor tem como convidados três jornalistas, José Pedro Castanheira, António Caeiro e Natal Vaz, autores da investigação que conduziu ao livro.

Tantos anos depois, cinquenta, ainda há surpresas a descobrir: como a visita de Marcello Caetano logo após a cirurgia de Salazar ao hematoma que a queda provocou; ou a ata do Conselho de Estado que o Presidente da República Américo Thomaz convocou antes de nomear o novo Presidente de Conselho.

José Pedro Castanheira é jornalista desde 1974, trabalhou em "A Luta", "O Jornal" e o Expresso. António Caeiro iniciou-se como jornalista em 1975 e trabalhou na Lusa até 2015. Natal Vaz entrou para uma redação em 1972, e trabalhou na Lusa.

Expresso

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Portugal | Salvar os Correios dos seus donos


Mariana Mortágua | Jornal de Notícias | opinião

ANA Aeroportos e CTT, duas empresas públicas monopolistas, estratégicas e lucrativas, privatizadas pelo Governo de PSD e CDS. Ambos os processos foram apresentados ao país como um sucesso, mas o pouco tempo decorrido desde então revelou a podridão desta imensa farsa.

Em troca de mais uns milhões, que garantiram ao ex-secretário de estado Sérgio Monteiro galardões como privatizador, a Direita entregou à multinacional Vinci o controlo dos aeroportos nacionais, para além da construção do novo aeroporto de Lisboa; e deu aos compradores dos CTT uma rede única, acrescida de uma licença bancária e do exclusivo da comercialização de certificados do tesouro.

Tudo nas privatizações foi uma mentira, e ninguém assume a responsabilidade. A ANA aumentou as taxas aeroportuárias e agora vai decidir por nós a localização do novo aeroporto. Os CTT degradaram o serviço, mandaram gente embora e continuam a encerrar postos dos correios.

Só em cinco anos, a ANA lucrou €587M, 20% do valor pago pela Vinci. Nos CTT, a situação financeira assume contornos quase criminais.

Em dezembro de 2013, 68,5% do capital dos CTT foi disperso em Bolsa. Apesar de terem sido proprietários da empresa por 25 dias, os acionistas decidiram para si uma choruda distribuição dos lucros de 2013. Meses depois, os CTT valiam mais €240M. Um verdadeiro Euromilhões para os bancos e fundos estrangeiros que tinham comprado as ações na primeira fase de privatização. Em 2014, os restantes 31,5% foram vendidos por menos €343M que o valor bolsista do dia anterior.

Depois do entusiasmo inicial, os CTT começaram a cair na Bolsa. Para compensar os investidores, a empresa distribuiu ainda mais dividendos. Em cinco anos, os Correios tiveram lucros de €300M, mas entregaram aos acionistas €330M. Não é lapso, a administração dos CTT entregou aos acionistas todo o lucro e ainda uma parte das reservas. Descapitalizaram a empresa. Geriram-na de forma incompetente e, para compensar a quebra dos lucros, prometeram a eliminação de 800 postos de trabalho. O homem responsável por este assalto, Francisco Lacerda, era o 9.o gestor mais bem pago do país em 2017, com um salário anual de €900 mil.

Leviandade é pouco para caracterizar as decisões que, em poucos meses, deitaram a perder o futuro destas empresas e poder de decisão do país sobre elas. Responsabilidade é o que se exige ao Governo que tem nas mãos o poder de recuperar já os CTT para a esfera pública. Quantas mais Portugal Telecom teremos de ver definhar para que se tomem as decisões que protegem o interesse público?

*Deputada

Ronaldo e os guetos do “estado democrático e exclusivista”


Ronaldo no banco… dos réus. Por tentativa de fintar o Fisco de Espanha. Falhou, não marcou golo. Esta é a verdadeira mentalidade dos senhores dos milhões. Nunca lhes chegam esses milhões, querem sempre mais, nem que os consigam na trapaça, no calote, na demonstrada falta de cidadania correta de contribuir em conformidade com a lei. E vai daí o povinho, os plebeus e os fanáticos aplaudem, endeusam-nos… Assim a modos como o fizeram (e fazem?) com os denominados DDTs que se acham e são Donos Disto Tudo.

Felizmente que Espanha é menos República das Bananas, com um povo banana e instituições bananas, governos bananas, deputados bananas, juízes bananas. Espanha tem um pouco mais de garbo e carrega sobre os faltosos, os que atingem a glória por via das fintas e outras jogatanas. Soou o apito e a falta foi de Ronaldo, o deus da bola e o orgulho nacional de Portugal naquela coisa que ele tão bem sabe fazer no relvado mas que tentou fazer fora das quatro linhas. Não adianta atirar-se para o chão a exclamar ai ais porque desta não escapa com fitas para enganar otários. A ganância, neste caso, não compensou.

A seguir, em referência de “última hora”, vem o Bairro da Jamaica aqui no Curto que se segue pela pena leve do jornalista de sociedade, Rui Gustavo, do Expresso. Violência, racismo, xenofobia, alergia aos guetos que o estado português por via das Câmaras Municipais constrói para controlar os excluídos, sejam eles de tez branca, achocolatada, amarela, vermelha ou que até possuam riscas multicolores. Porque são carne para canhão, mercado baratíssimo para os que exploram o trabalho e o que mais der para explorar, como por exemplo a prostituição, a droga, o crime e o que mais convier aos que neste século de modernidade se adaptam ao esclavagismo moderno e outras trapaças.

Vimos (ouvimos) hoje nos jornais, rádios e televisões parangonas sobre o acontecido no Seixal (Jamaica). “Coisas de pretos”, dirão os plebeus ainda com resquícios do colonialismo para que viveram, assumiram e beneficiaram. Alguns já velhos e decrépitos, outros nem por isso. E até será nesses que os sentimentos racistas e xenófobos mais abundam. Nuns quantos conscientemente e noutros a aguardar revelar-se exponencialmente, ainda em estado subliminar.

O resultado nestes confrontos dos excluídos e moradores em guetos estatais (quais campos de concentração) com a PSP, tem por vítimas os protagonistas, os que vimos nas redes sociais e em manchetes da comunicação social à porrada, a fugirem, a ferirem-se, a matarem-se se acaso tiver de acontecer, em cenas de ódio que se bem analisarmos têm origem nas sementes plantadas pelos políticos que se sentam nas cadeiras dos poderes, sejam eles de âmbito governamentais, parlamentares, autárquicos ou outros nas ilhargas. Eleitos ou nomeados pelos eleitos, é indiferente. São esses os responsáveis pela existência dos guetos, pelas complacências e amiguismos ou cumplicidades com negreiros, esclavagistas, chulos e ladrões que abundam na dita sociedade dos mais dotados financeira, universitariamente e etc do mesmo jaez. Destinando-se em milhentos casos para servirem o financismo, os detentores do capital conseguido tantas vezes pela 'porta do cavalo', por truques e fintas com offshores ou sem esses tais.

Polícias e plebeus agridem-se porque o sangue ferve, porque não investem no diálogo que lhes permitiria identificarem os verdadeiros agressores que nababamente se sentam nas cadeiras dos poderes e controlam as “escadas rolantes” que lhes permitem subirem na vida e ditarem quem – degraus abaixo deles – sobe na vida por paga dos serviços que lhes prestam e lhes alimentam as ganâncias…

Basta. O assunto daria pano para mangas se acaso fosse encarado a sério, com honestidade e partindo do principio de que somos todos da mesma raça: humanos. Somos ou devíamos assim ser corretamente considerados. Mas isso só se os desviantes desumanos permitissem ou, então, os milhões de humanos se revoltassem e assim exigissem ser tratados, considerados e todos desfrutarem das mesmas oportunidades de evolução intelectual, do conhecimento e comportamental e outras. Sem violência. Oh, oh… a acontecer seria uma grande chatice e sinónimo de “prejuízos” para os que são donos e lacaios disto tudo. Até de nós, os humanos.

Bom dia, boas festas aos animais inofensivos que abundam e que pejam os passeios de fezes por falta de fiscalização. Antes, ainda, por falta de primor na cidadania. Não tardará muito para que um qualquer iluminado dos poderes “invente” o policiamento da merda, quando, na verdade, o que importa e urge é educar os donos. Pronto, e aqui no Curto acabamos com uma conversa de… merda. Sem odores. Desculpem qualquer coisinha menos agradável, senhores dos poderes e dos guetos. Inté.

Agora o Curto, onde não falta a cultura. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Ronaldo senta-se no banco

Rui Gustavo | Expresso

Cristiano Ronaldo vai sentar-se hoje no único banco pior do que o banco dos suplentes: o dos réus. O futebolista português, capitão da seleção e talvez o compatriota mais conhecido no mundo inteiro, vai ser presente a um juiz da Audiência Provincial de Madrid para responder por quatro crimes fiscais. O desfecho já é sabido: Ronaldo vai declarar-se culpado e pagar 18.8 milhões de euros ao fisco espanhol, evitando assim uma pena de prisão efetiva. Em junho do ano passado já se tinha declarado culpado e aceitado uma condenação de dois anos de prisão com a pena suspensa. O acordo com o fisco tem agora de ser validado em tribunal, um pouco à semelhança do que acontece em Portugal com processos como a Operação Furacão. Ronaldo pretende ainda que a pena suspensa seja comutada em multa.

“Não entendo muito disto, tenho apenas o sexto ano de escolaridade e a única que coisa que sei fazer bem é jogar futebol, se os meus assessores dizem Cris não há problema, eu acredito neles”, justificou-se CR7, como a imprensa desportiva gosta de o chamar. Mas havia. A questão está relacionada com a criação de uma sociedade off shore usada para “gerir” os direitos de imagem que Ronaldo recebe a nível mundial. O jogador disse em tribunal que o sistema foi criado e usado em Inglaterra, quando jogava no Manchester United e que nunca tinha tido qualquer problema.

Os problemas começaram quando Ronaldo se transferiu para o Real Madrid, no final de 2010. Ao abrigo da lei Beckam (o internacional inglês também teve de enfrentar a capacidade de marcação homem-a-homem da autoridade tributária espanhola), o jogador português optou por um regime fiscal em que apenas 24 por cento dos seus rendimentos seriam tributados em Espanha. Depois, de acordo com as autoridades espanholas, terá simulado a cedência dos direitos de imagem à Tollin (parece o nome de um jogador estónio) que as cedeu a outra sociedade irlandesa controlado pelo português. O objetivo: evitar o pagamento de 14.768,897 euros, contas do fisco espanhol. Em tribunal a conta subiu para 18,8 milhões mais dois anos de pena suspensa.

Ronaldo quis evitar publicidade indesejada e, segundo o El Mundo, terá pedido ao juiz do processo para entrar pela garagem, evitando o banho de multidão e de jornalistas que se vai juntar à entrada. O magistrado compreendeu as razões de segurança alegadas pelo astro português mas disse “no”. Nalgumas coisas somos todos iguais: todos pagamos impostos e todos morremos.

OUTRAS NOTÍCIAS

Notícia de última hora: a esquadra da PSP da Belavista, em Setúbal, foi atacada com cocktails Molotov. Não houve feridos, mas há danos numa viatura policial e noutra civil. Houve ataques semelhantes contra viaturas civis na Póvoa de Santo Adrião, tendo sido detido um suspeito. A situação deverá estar relacionada com a manifestação de ontem de moradores do bairro Jamaica que acabou com a intervenção da polícia.

Os quatro manifestantes detidos ontem pela PSP em Lisboa quando protestavam contra uma ação policial no bairro Jamaica que acabou com pedradas à polícia e bastonadas nos habitantes do bairro, vão ser hoje presentes a um juiz. São suspeitos de terem apedrejado agentes da autoridade e de terem danificado carros de civis e de policias. A polícia respondeu com balas de borracha. A indignação era justificada com a intervenção, horas antes, de alguns agentes da PSP do Seixal que, segundo os habitantes, terão usado de força excessiva quando se confrontaram com alguns civis depois de uma festa que durou até ao raiar do dia. Os polícias dizem que usaram a força necessária e que foram recebidos com pedras. Um vídeo amador mostra uma versão que parece dar razão aos moradores do bairro mas a PSP, que ordenou a abertura de um inquérito, diz que não foi tudo filmado. Não estará longe o dia em que a polícia vai ter de filmar cada intervenção que fizer, como acontece nos Estados Unidos, por exemplo. Para sua própria defesa.

Mas hoje também há desportistas notícia pelas razões certas: João Sousa qualificou-se para as meias-finais do Open da Austrália em ténis. Ao lado do argentino Leonardo Mayer, o tenista português venceu a dupla Venus – Klaasen – a sexta melhor do mundo - e está a um passo de chegar à final de um torneio do Grand Slam, um feito incrível para quem já está história por ter ganhado três títulos ATP e ter conseguido a melhor classificação de sempre de um português na tabela ATP.

Antes desta vitória, o espanhol Carreño Busta também conseguiu um lugar na história com a pior birra de sempre num court, superando o insuperável John McEnroe (se calhar não, devo estar a exagerar). Depois de perder com Nishikori (que afastou o português no torneio de singulares) o espanhol atirou com o saco das raquetas para o meio do campo enquanto insultava o árbitro aos gritos e em espanhol, agastado com uma decisão desfavorável. Depois chorou lágrimas de arrependimento.

No ténis a sério, Stefano Tsitipas venceu Bautista Agut e está nas meias-finais do torneio. Há 12 anos que um tenista tão novo não chegava a esta fase de um torneio. E já eliminou Roger "Deus" Federer.

As autoridades espanholas esperam acabar hoje a escavação do túnel que permitirá chegar ao fundo do poço onde Julen, um bebé de dois meses, caiu há nove dias. Os bombeiros escavaram um túnel paralelo ao poço com sessenta metros e apesar de ser difícil estar otimista numa situação destas, resta esperar que o melhor aconteça. Um milagre.

Theresa May apresentou no parlamento britânico o plano B para o brexit que é mais ou menos igual ao plano A. Só por milagre será aprovado, mas a primeira-ministra vai iniciar agora negociações com o próprio partido para conseguir a aprovação. Por agora, o limbo continua.

A ASFIC, a associação sindical da PJ, anuncia hoje uma greve dos inspetores. Depois de juízes, procuradores, funcionários judiciais e guardas prisionais era este o grupo profissional do sector da Justiça que faltava entrar em greve. Vida difícil para Francisca Van Dunem que ainda esta semana em entrevista ao Expresso explicava que há reivindicações “que não fazem sentido, não são aceitáveis”. Estava a falar de aumentos salariais, que são quase sempre o objetivo último das lutas sindicais.

Enfermeiros e, precisamente, funcionários judiciais fazem hoje greve. Tal como os bombeiros sapadores que protestam contra o aumento da idade de reforma e a diminuição do ordenado.

Vão ser hoje conhecidas as nomeações para óscares de 2018. Dos filmes que vi, aposto em Blackkkansman, do regressado Spike Lee, para o melhor filme e em Rami Malek, que compôs Freddy Mercury irrepreensível para melhor ator. A acreditar nos relatos me chegaram (ainda não vi o filme) Lady Gaga deve ganhar o Óscar de melhor atriz. A um mês da cerimónia não há ainda apresentador depois de o comediante Kevin Hart se ter afastado devido às críticas por comentários homofóbicos.

Notícias do mundo skynet: um robô para as indústrias automóvel e aeroespacial é testado hoje no Porto. É a última demonstração de um projeto europeu que contou com um orçamento de 4,3 milhões de euros para desenvolver soluções robóticas. O robô chama-se ColRobot, e vai fazer uma demonstração num veículo da Renault. Não consigo imaginar melhor início para um filme de ficção científica apocalíptica. Mas é só uma realidade que se aproxima cada vez mais: o homem substítuido pelo robô.

Na Venezuela o apocalipse é só com humanos: um grupo de militares apelou a uma sublevação mas foi detido antes que a revolução se espalhasse. Houve confrontos entre a polícia e manifestantes que apoiavam os revoltosos.

FC Porto e Benfica disputam hoje, em Braga, a primeira meia-final da Taça da Liga, a competição mais recente do futebol português que começou por ser menos prezada mas que se tivermos em conta os jogadores convocados e o facto de as quatro melhores equipas disputarem as meias finais, significa que já é levada a sério. Amanhã Sporting e Sporting de Braga jogam a outra meia final.

WhatsApp vai reduzir de vinte para cinco o número de reenvios do conteúdo de grupos de mensagens. Ou seja, cada pessoa poderá enviar no máximo uma mensagem a 1280 destinatários, enquanto dantes podia enviar a 5120 pessoas. O objetivo é controlar a disseminação de notícias falsas, as fake news. Este curto não tem nenhuma e sinta-se convidado a partilhá-lo com quem quiser.

Manchetes

No JN, o destaque vai para Rui Pinto o "Hacker dos e-mails suspeito de espiar governantes". O português está detido em Budapeste e está a ser investigado por uma tentativa de extorsão à Doyen. é também suspeito deter tido acesso aos e-mails do Benfica. No CM, o pai do suspeito diz que o filho "vive do football leaks, não éum criminoso". O diário faz manchete com "Créditos ruinosos dão prémio a banqueiros". a notícia é sobre a CGD e já tinha sido avançada ontem pelo Expresso Diário. O Público continua a seguir a história da possível nacionalização dos CTT e diz que o "Estado teria de pedir autorização a Bruxelas para entrar nos CTT". O DNconta "as três versões" da ação policial no Bairro Jamaica. O Observador faz manchete com o ataque à esquadra da Belavista da PSP.

O Negócios também pegou na história da CGD e explica "como se abriu um enorme buraco na Caixa". O Jornal Económico diz que João Pereira Coutinho "vende SIVA sem receber um Euro". O ECO conta que a "CGD perdeu 1.200 milhões em créditos de risco".
Os desportivos fazem manchete com o Benfica Porto de logo.

FRASES

"Estou a acompanhar mas não me pronuncio"
Marcelo Rebelo de Sousa sobre a nacionalização dos CTT, a quebra do sigilo bancário para contas com mais de 50 mil euros e o aumento da taxa de mortalidade infantil.

"A nossa obrigação é implementar o resultado do referendo"
Theresa May, sobre o plano B para o brexit

"Isto começa a parecer-se com o Groundhog day"
Jeremy Corbyn, líder da oposição britânica

"O trabalho duro compensa"
João Sousa, depois de chegar às meias finais do Open da Australia em pares

"O aumento está dentro da média. Não é alto nem é baixo"
Graça Freitas, diretora geral de Saúde sobre o aumento da taxa de mortalidade infantil.

"É preciso apurar as causas"
Miguel guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, sobre o mesmo tema.

O que ando a ver

Margot Robbie

Lembrava-me mal desta atriz australiana que fez de mulher do Leonardo Dicaprio em o “Lobo de Wall Street”, de Martin Scorcese e foi a Arlequin de “Suicide Squad”, um filme mauzinho do universo Batman. Agora, numa semana, vi-a a no cinema como rainha Isabel de Inglaterra, a Némesis de “Maria, rainha dos escoceses”; e na televisão em “Eu, Tonya”, uma biografia da patinadora artística Tonya Harding, banida da modalidade por se ter envolvido num ataque à rival Nancy Kerrigan. “Mary, queen of the scots”, no original, é um 6 em 10, com algumas liberdades históricas (as duas rivais nunca se encontraram ao contrário do que o filme mostra, é duvidoso que no século XVII houvesse embaixadores da coroa britânica negros ou que um homossexual pudesse ser o secretário particular da rainha) e que se salva pelo desempenho das duas principais atrizes: a já descrita Robbie e a ainda mais jovem Saoirse Ronan, que já tinha visto em Lady Bird. As duas são um festival de representação e parece impossível que ainda não tenham ganhado um Óscar, mas a Academia insiste em desiludir-me desde 1977 quando “Rocky” levou ao tapete “Taxi Driver”. “I, Tonya” é outro campeonato, um 9 em 10. A história é tão delirante e os protagonistas tão imbecis que parece saída da cabeça dos irmãos Coen mas na realidade aconteceu mesmo. O registo é documental e como as versões dos envolvidos são tão diferentes o realizador opta por mostrá-las, sem concluir ou sugerir quem é que está a dizer a verdade. Robbie é excelente mas seria superada na corrida aos óscares por Allison Janney, a atriz que faz o papel da odiosa mãe. E pensar que neste ano o Óscar do melhor filme foi para aquela fita com o homem peixe.

O que ando a ler

“Sempre mais alto, ainda para além da morte”

Cristina Margato

Grande história da edição desta semana da E, a revista do Expresso. A reportagem da Cristina Margato conta o amor entre Maria Lamas, uma das grandes figuras do jornalismo e do feminismo em Portugal e Ferreira de Castro, o escritor de “A Selva”. Os dois viveram um amor impossível e deixaram ordens expressas para que as cartas que trocaram fossem publicadas trinta anos depois da morte do último. A correspondência foi depositada na biblioteca nacional mas desapareceu misteriosamente, contrariando mais uma vez a vontade dos amantes, amordaçando um amor imortal.

Por hoje é tudo. Se puder, viva o amor e acompanhe a atualidade no site do Expresso, no Expresso Diário, na Vida Extra e na Tribuna.

Portugal | Noite de violência. Esquadra da PSP atacada com cocktails molotov


A madrugada desta terça-feira ficou marcada por cenas de violência nos concelhos de Odivelas e Setúbal.

Várias pessoas uniram-se, na madrugada de hoje, para levar a cabo atos de violência no distrito de Lisboa e Setúbal.

Os atos de vandalismo começaram ainda antes das 22h00 quando, em Odivelas e na Póvoa de Santo Adrião (concelho de Odivelas), foram incendiadas quatro viaturas com recurso a cocktails molotov.

Posteriormente, mas já na zona do Bairro da Cidade Nova, no mesmo concelho, foram incendiados 11 caixotes do lixo cujas chamas acabaram por provocar danos em cinco viaturas que se encontravam estacionadas naquela zona.

A PSP faz saber ainda, num comunicado emitido ao início desta manhã, que em Setúbal também se registaram atos de violência.

Um grupo de indivíduos, que está ainda por identificar, atirou três cocktails molotov contra a esquadra da PSP do Bairro da Bela Vista, provocando danos no edifício e numa viatura civil que se encontrava estacionada nas imediações. Apesar do susto não há registo de feridos.

Estes atos de vandalismo ocorreram depois de uma manifestação na Avenida da Liberdade, no centro de Lisboa, que também não acabou de forma pacífica.

Pese embora a PSP garanta que “nada indicia” que os acontecimentos desta madrugada estejam relacionados com os confrontos que tiveram ontem lugar, a verdade é que estes ocorreram poucas horas depois de os agentes da autoridade terem disparado balas de borracha para o ar como resposta ao apedrejamento de que foram alvo por parte dos manifestantes.

A concentração de ontem à tarde numa das principais vias da capital foi um protesto de moradores do Bairro da Jamaica contra a alegada violência policial gratuita exercida no domingo de manhã e cujo vídeo está a circular nas redes sociais.

O porta-voz do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, Tiago Garcia, explicou que os agentes tentaram conduzir o grupo de manifestantes para a “berma”, mas foram “recebidos com pedras da calçada e petardos contra os polícias.

Esta manifestação culminou com a detenção de quatro pessoas e com várias viaturas danificadas, bem como agentes da PSP feridos devido ao arremesso de pedras.

Patrícia Martins Carvalho | Notícias ao Minuto

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