terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Portugal | Salazar drogava-se, era o "carocho" de São Bento


Afinal, o ditador que tanto batia com a mão no peito e evocava deus e os santos a torto e à direita era um toxicodependente, um "carocho", como chamam na gíria aos que usam drogas e delas são dependentes por esta ou aquela razão, com este ou aquele objetivo. Quem diria, o ditador até nem era exemplo para os que se iludiam e o idolatravam, benzendo o seu regime fascista. Esta é a conclusão que retiramos do que a seguir transcrevemos de "Palavra de Autor" no Expresso. Salazar, o "carocho" de São Bento. Atente. (PG)

“Salazar injetava-se com frequência” com um opiáceo “primo” da heroína

O Eucodal, medicamento injetável usado por Hitler para ganhar vitalidade, nomeadamente no discurso eufórico em que convenceu Mussolini a manter o apoio à Alemanha, durante a II Guerra Mundial, também foi usado por Salazar. O seu nome aparece registado no diário do ditador português em abril de 1956 e até à publicação de “A Queda de Salazar - O Princípio do Fim da Ditadura” (Tinta da China, 2018) desconhecia-se tal facto. A descoberta foi feita pelos jornalistas José Pedro Castanheira, António Caeiro e Natal Vaz, e é apenas uma das novidades avançadas pela investigação que deu origem ao livro. Neste episódio de Palavra de Autor, podcast sobre livros do jornal Expresso, os três jornalistas leem passagens do livro e conversam com Cristina Margato, revelando a face menos visível do ditador que tanto tempo governou Portugal.

A Queda de Salazar – O Princípio do Fim da Ditadura” começa no momento em que se inicia o declínio físico e político de Salazar. Ou seja, a queda da cadeira no Forte de Santo António da Barra, no Estoril, no verão de 1968, à qual se segue um AVC.

A partir desse acontecimento Salazar dá lugar a Marcello Caetano no governo do país. Morre dois anos depois, acreditando talvez que ainda é ele o Presidente do Conselho. Uma encenação que se mantém até ao fim, e para a qual todos contribuem – nomeadamente o Presidente da República Américo Thomaz, que nunca o informou da exoneração e a governanta do ditador, D. Maria – por receio de que a verdade pudesse precipitar a morte de Salazar.

Este episódio de Palavra de Autor tem como convidados três jornalistas, José Pedro Castanheira, António Caeiro e Natal Vaz, autores da investigação que conduziu ao livro.

Tantos anos depois, cinquenta, ainda há surpresas a descobrir: como a visita de Marcello Caetano logo após a cirurgia de Salazar ao hematoma que a queda provocou; ou a ata do Conselho de Estado que o Presidente da República Américo Thomaz convocou antes de nomear o novo Presidente de Conselho.

José Pedro Castanheira é jornalista desde 1974, trabalhou em "A Luta", "O Jornal" e o Expresso. António Caeiro iniciou-se como jornalista em 1975 e trabalhou na Lusa até 2015. Natal Vaz entrou para uma redação em 1972, e trabalhou na Lusa.

Expresso

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