segunda-feira, 18 de março de 2019

Angola | PR considera "chocante e repugnante" desvio de 4.100 MEuro em fundos públicos


Relatório sobre investimentos privados realizados com recurso a "avultados fundos públicos" dá conta da perda de 4.100 milhões de euros.

A cidade do Lobito, na província de Benguela, acolheu esta quinta-feira (14.03.) a cerimónia de abertura do novo ano judicial em Angola, ato que contou com a presença do Presidente angolano, que efetuou paralelamente uma curta visita de trabalho à região.

Além de participar na cerimónia, que teve como lema "Pela Independência do Poder Judicial e a Autonomia Administrativa, Financeira e Patrimonial dos Tribunais", João Lourenço inaugurou, também no Lobito, o Tribunal de Comarca da mesma cidade, que se tornará o primeiro do género no país.

João Lourenço, considerou "no mínimo, chocante e repugnante" o relatório sobre os investimentos privados realizados com recurso a "avultados fundos públicos", que dá conta da perda de 4.700 milhões de dólares (4.100 milhões de euros)

Ciclone faz dezenas de mortos em Moçambique


O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Moçambique registou até este domingo 68 mortes na província de Sofala, cinco em Manica e centenas de feridos. Milhares de pessoas precisam de ajuda humanitária.

O número de mortes provocadas pela passagem do ciclone Idai pelo centro de Moçambique aumentou para 73, segundo os dados mais recentes das autoridades.

ciclone Idai, que atingiu Moçambique na noite da passada quinta-feira (14.03), também deixou milhares de desalojados. A cidade da Beira foi a mais afetada. Em Sofala foram criados 28 centros de acomodação temporária, onde estão já 3800 pessoas.

Os ventos e chuvas fortes que se fizeram sentir deixaram a capital provincial de Sofala parcialmente destruída, sem luz e telecomunicações. Problemas que se mantêm cerca de quatro dias após a passagem do ciclone e que estão a dificultar as operações de socorro.

"A prioridade é resgatar as pessoas que estão por cima das árvores, por cima das casas. Em termos logísticos, vamos ter dificuldade em fazer movimentação da assistência", explicou à televisão estatal Rita Almeida, dirigente do INGC. 

As três ignorâncias contra a democracia


Numa fase dramática da crise civilizatória, enfrentamos simultaneamente a arrogância do colonialismo, a indolência das transformações inconclusas e a perversão das fake news. Será possível mudar o mundo, ainda assim?

Boaventura de Sousa Santos | Outras Palavras | opinião

Escrevi há muito que qualquer sistema de conhecimentos é igualmente um sistema de desconhecimentos. Para onde quer que se orientem os objetivos, os instrumentos e as metodologias para conhecer uma dada realidade, nunca se conhece tudo a respeito dela e fica igualmente por conhecer qualquer outra realidade distinta da que tivemos por objetivo conhecer. Por isso, e como bem viu Nicolau de Cusa, quanto mais sabemos mais sabemos que não sabemos. Mas mesmo o conhecimento que temos da realidade que julgamos conhecer não é o único existente e pode rivalizar com muitos outros, eventualmente mais correntes ou difundidos. Dois exemplos ajudam. Numa escola diversa em termos étnico-culturais, o professor ensina que a terra urbana ou rural é um bem imóvel que pertence ao seu proprietário e que este, em geral, pode dispor dela como quiser.

Uma jovem indígena levanta o braço, perplexa, e exclama: “professor, na minha comunidade a terra não nos pertence, nós é que pertencemos à terra”. Para esta jovem, a terra é Mãe Terra, fonte de vida, origem de tudo o que somos. É, por isso, indisponível. Durante um processo eleitoral numa dada circunscrição de uma cidade europeia, onde é majoritária a população roma (vulgo, cigana), as seções de voto identificam individualmente os eleitores recenseados. No dia das eleições, a comunidade roma apresenta-se em bloco nos lugares de votação reivindicando que o seu voto é coletivo porque coletiva foi a deliberação de votar num certo sentido ou candidato. Para os roma não existem vontades políticas individuais autônomas em relação às do clã ou família. Estes dois exemplos mostram que estamos em presença de duas concepções de natureza (e propriedade), num caso, e de duas concepções de democracia, no outro.

O triunfo da mentira global


Os meios de repercussão da mentira são incomensuravelmente mais fortes do que as reposições da verdade. Os fabricantes e mensageiros das falsificações há muito que perderam a vergonha e espezinharam os princípios – se é que alguma vez os tiveram.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ/OPCW) não encontrou vestígios da utilização de produtos químicos no alegado ataque cometido por forças sírias em Duma, região de Ghuta Oriental, no dia 7 de Abril de 2018. O relatório da organização, com data de 1 de Março de 2019, sublinha ainda que a missão não conseguiu apurar o número de mortos provocados pelo ataque, «se é que os houve».

Cerca de duas semanas antes da publicação das conclusões da OPCW, o jornalista independente James Harkin, director do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), afirmou que as imagens que correram mundo na altura, supostamente captadas nos postos médicos da região, foram «provavelmente» encenadas; o que, por sua vez, confirma as palavras do produtor da BBC, Riam Dalati, segundo as quais «está enjoado e cansado de ver activistas e rebeldes usarem cadáveres de crianças para encenar imagens emotivas para consumo do Ocidente».

DAS PALAVRAS AOS ACTOS



1- Na Europa que continua a ser constante prova de ambiguidade, de cinismo e de hipocrisia, na Europa partícipe de ingerência e manipulação nos continentes a sul, na Europa que não reconhece sequer sua velada participação nas práticas de conspiração que tanto caos, terrorismo e desagregação têm disseminado nos Balcãs, no Cáucaso, no Médio Oriente Alargado e em África, particularmente  desde o início da década de noventa do século XX, na Europa cuja visão é a visão exclusivista de suas oligarquias económicas e financeiras, o multilateralismo é uma opção de dois pesos e duas medidas, sem coerência a não ser a identificada com os interesses que “democraticamente” se assumem sobre a cabeça dos povos!

O poder do mercado neoliberal usa os conceitos e as palavras nessa visão antropocêntrica que corresponde aos interesses exclusivistas das escalonadas oligarquias e das elites afins e, quando se estabelecem “parcerias” a sul, esbatem-se as prementes necessidades sejam elas quais forem, mas em particular as da solidariedade e justiça social reitoras do ambiente de paz social com que toda a humanidade se deveria reger, pondo em causa os equilíbrios em direcção aos quais é premente um constante impulso, a fim de melhor distribuir a riqueza e a fim de se alcançar maior felicidade e bem-estar para todos os povos da Terra.

O deus-mercado é uma barbaridade nesse sentido, mas os poderosos escolhem e medem bem as palavras e conceitos de sua própria conveniência para o mascarar, sabendo que os media de que são donos são-lhes de feição “global”, pelo que aqueles que possuem consciência crítica e estão mobilizados numa lógica com sentido de vida, devem-se obrigar sempre em contínuas radiografias sobre o estado dos relacionamentos internacionais em época de globalização, a medir a distância (e a coerência) entre o que está sobre a mesa: os conceitos, as palavras e os actos.

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