O
Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Moçambique registou até
este domingo 68 mortes na província de Sofala, cinco em Manica e centenas de
feridos. Milhares de pessoas precisam de ajuda humanitária.
O
número de mortes provocadas pela passagem do ciclone Idai pelo centro de
Moçambique aumentou para 73, segundo os dados mais recentes das autoridades.
O ciclone
Idai, que atingiu Moçambique na noite da passada quinta-feira (14.03),
também deixou milhares de desalojados. A cidade da Beira
foi a mais afetada. Em Sofala foram criados 28 centros de acomodação
temporária, onde estão já 3800 pessoas.
Os
ventos e chuvas fortes que se fizeram sentir deixaram a capital provincial de
Sofala parcialmente destruída, sem luz e telecomunicações. Problemas que se
mantêm cerca de quatro dias após a passagem do ciclone e que estão a dificultar
as operações de socorro.
"A
prioridade é resgatar as pessoas que estão por cima das árvores, por cima das
casas. Em termos logísticos, vamos ter dificuldade em fazer movimentação da
assistência", explicou à televisão estatal Rita Almeida, dirigente do INGC.
Ajuda
humanitária
No
terreno, as equipas de socorro das autoridades moçambicanas, apoiadas por
diversos parceiros como as Nações Unidas e a Cruz Vermelha, têm tentado levar
ajuda humanitária aos desalojados. Uma tarefa que tem estado a ser dificultada,
principalmente, por causa da falta de acessos.
Muitas
estradas ficaram inundadas
e danificadas. O envio de meios aéreos é, por isso, apreciado. "Além
dos helicópteros já enviados pelo Governo sul-africano, o Programa Mundial de
Alimentação (PAM) da ONU enviará pelo menos um helicóptero de transporte para
conduzir operações aéreas de emergência, principalmente nas zonas mais remotas
que possam estar inacessíveis por causa das cheias. O helicóptero será enviado
assim que as condições o permitirem e o espaço aéreo estiver aberto",
disse Herve Verhoosel, porta-voz do PAM.
Presidente
Nyusi no terreno
O
Aeroporto Internacional da Beira voltou a abrir à navegação na manhã deste
domingo (17.03). Dia em que também o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi,
sobrevoou de helicóptero as zonas mais afetadas pelo ciclone. "A situação
é muito grave", admitiu o chefe de Estado.
"Continua
muita gente em cima das casas. As casas cederam e os residentes estão em cima
de capim, com bens", rodeados por água, referiu o Presidente, indicando
que foram identificadas situações de que ainda não havia conhecimento.
"Precisamos
mesmo de reforçar o socorro daquelas pessoas. Vai levar tempo, mas temos que
fazer esse trabalho a todo o custo", sublinhou Filipe Nyusi.
Em
entrevista à AFP, este domingo, o ministro do Meio Ambiente de Moçambique,
Celso Correia, afirmou que "este é o maior desastre natural ocorrido em
Moçambique" e que a prioridade do governo continuará a ser "salvar
vidas".
Ciclone
também afetou Zimbabué e Malawi
A
ONU estima que o ciclone Idai tenha afetado mais de 1,5 milhões de pessoas em
Moçambique, Zimbabué e Malaui. Nos três países, somam-se já 200 vítimas mortais
e é provável que o número possa subir nos próximos dias, uma vez que as
condições meteorológicas só devem melhorar a partir de quinta-feira.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou as autoridades para a importância
de se levar a cabo um levantamento dos estragos nos serviços de saúde, já que o
agravamento das cheias nos próximos dias, devido à continuação de chuvas
fortes, aumenta o risco do aparecimento de doenças transmissíveis pela água e
pelo ar.
"Os
danos em infraestruturas e serviços de saúde poderão prejudicar a assistência a
casos simples como mulheres grávidas ou pacientes com diabetes. É por isso que,
a par da assistência imediata às vítimas e da vigilância da propagação de doenças,
é muito importante que se faça uma avaliação dos danos das instalações de
saúde", salienta o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.
rl,
Agência Lusa, EBU | em
Deutsche Welle
Imagens: 1
- Ciclone deixou rasto de destruição em Chimanimani; 2 - Mapa da área do
ciclone Idai
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