sexta-feira, 19 de abril de 2019

Portugal | O que salta à vista é um país fragilizado


Independentemente da legitimidade dos grevistas, que não coloco em causa, a verdade é que com a greve dos motoristas de matérias perigosas salta à vista um país vulnerável. E apesar dos mecanismos ao dispor do Governo em caso de emergência, a verdade é que Portugal, num ápice, fica refém de um grupo profissional. Repito: esta conclusão não invalida a legitimidade de quem faz greve.

Em escassos dias, passou-se a olhar para o fundo dos depósitos. Fica-se com a ideia de que também neste particular vivemos sempre no limite, sem estratégia, apenas no limite.
Não deixa de causar alguma inquietação perceber que numa tarde instala-se o pânico e acaba-se o combustível.

Em suma, esta greve, independentemente da sua legitimidade, coloca em evidência um país cuja única estratégia parece ser a de viver no limite. É necessária uma reflexão, sobretudo num país que preferiu o automóvel a tudo o resto.

Portugal | Quem é o advogado de Maserati que dirige os camionistas


O país descobriu-o como vice-presidente do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas. Mas Pedro Pardal Henriques é advogado. E dele há más memórias em França e referências pouco claras em Portugal. Retrato de um desconhecido trazido à ribalta pelo protesto que parou Portugal.

Catarina Carvalho e Fernanda Câncio | Diário de Notícias

É advogado. Não é camionista. Mas é vice-presidente de um sindicato de motoristas de camiões. Pedro Pardal Henriques tem sido, aliás, a cara do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas reivindicando, aos microfones e nas tvs, aumentos de salários e melhorias de condições de trabalho. Uma figura desconhecida, num sindicato desconhecido, legalizado há três meses, em janeiro de 2019. Um homem relativamente diferente dos que conduzem camiões, fato de escritório debaixo do colete laranja. Trouxe-o para a ribalta o êxito do protesto que provocou pânico nos portugueses sem combustível para ir à terra nas férias da Páscoa.

E, no entanto, poucos levantaram um sobrolho quando o seu nome era anunciado como advogado e vice-presidente de um sindicato que não tinha nada a ver com advocacia. Nem quando chegou aos protestos, a Aveiras, num Maserati preto. Mas houve quem tivesse levantado, não apenas um sobrolho, mas dois, de espanto, ao ver Pedro Pardal Henriques em todas as televisões. Os que o conheciam das suas outras vidas, enquanto advogado, enquanto homem de negócios, enquanto membro da Câmara do Comércio e Indústria Franco Portuguesa. E que não tinham dele a melhor das memórias.

Rússia confirma primeiro encontro entre Putin e Kim


Kremlin afirma que encontro inédito entre líder norte-coreano e presidente russo será ainda em abril. Cúpula ocorrerá na Rússia, num momento de tensão entre EUA e Pyongyang e de busca de Moscou por afirmação global.

Em meio a tensões entre Washington e Pyongyang, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, agendou uma visita à Rússia para um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin. O Kremlin confirmou, nesta quinta-feira (18/04), que uma reunião entre Kim e Putin ocorrerá na segunda metade de abril.

"O presidente da Comissão de Assuntos Estatais da República Popular Democrática da Coreia, Kim Jong-un, visitará a Rússia na segunda quinzena de abril a convite de Vladimir Putin", indicou o Kremlin em comunicado.

O governo russo anunciou o encontro poucas horas depois de a Coreia do Norte ter divulgado testes de uma nova "arma tática" capaz de transportar uma "ogiva poderosa" e ter condicionado a continuidade do diálogo com Washington à saída do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, da equipe de negociações.

Salvem o planeta como a Notre-Dame, pediu Greta Thunberg no Parlamento Europeu


Alterações climáticas

A jovem activista discursou no Parlamento Europeu e pediu que os líderes europeus salvassem o mundo como vão salvar a catedral. Greta Thunberg apelou à necessidade de agir rápido, antes que os danos sejam irreversíveis: “Vamos ter que mudar para ‘modo catedral’.”

“O meu nome é Greta Thunberg, venho da Suécia e quero que entrem em pânico.” Foi, mais uma vez, assim que a activista de 16 anos deu início a uma intervenção no Parlamento Europeu, esta terça-feira, 16 de Abril. A jovem que inspirou um movimento de estudantes contra as alterações climáticas alertou os líderes europeus para a urgência de salvar o planeta, da mesma forma que se quer salvar a Catedral de Notre-Dame depois do incêndio.

“Ontem [segunda-feira], o mundo inteiro assistiu com tristeza e desespero ao fogo que assolou a Notre-Dame, em Paris. Mas a Notre-Dame vai ser reconstruída”, disse Greta, em Estrasburgo, citada pela Reuters. “Espero que [a catedral] tenha fundações fortes e espero que nós também as tenhamos, mas não tenho a certeza.” Durante o discurso de mais de dez minutos, a activista alertou para a necessidade de reverter o panorama de produção de emissão de gases poluentes e apresentou estimativas que prevêem que em 2030 “vamos estar numa posição irreversível, que irá provavelmente levar ao fim da nossa civilização como a conhecemos”. A menos que haja “mudanças em todos os aspectos da sociedade”.

Liberdade para Julian Assange


Devemos levantar nossas vozes contra a tirania dos EUA

Prabir Purkayastha

A prisão de Julian Assange pela polícia do Reino Unido na embaixada equatoriana, depois de o governo de Moreno ter retirado seu asilo, provocou uma condenação mundial. Noam Chomsky, John Pilger, o Prémio Nobel Mairead Maguire estão entre as principais figuras que condenaram a prisão de Assange. Na Índia, N Ram, Arundhati Roy, Gopal Gandhi, Indira Jain, P Sainath e Romila Thapar, condenaram esta prisão e declararam: "Sua prisão (de Assange) e a tentativa de extraditá-lo para os EUA são, claramente, ataques à liberdade. da imprensa e ao direito de publicar".

Após a prisão de Assange, foi confirmada sua razão para pedir asilo: os EUA revelaram uma acusação secreta de um Grande Júri contra Assange. Assange sempre sustentou que se se entregasse ao Reino Unido ou à Suécia, os EUA o extraditariam para enfrentar um julgamento nos EUA. A acusação do Grande Júri contra Assange é de uma "conspiração" sob a Lei de Fraude e Abuso de Computadores (Computer Fraud and Abuse Act). Pompeo, o secretário de Estado dos EUA, já descreveu o WikiLeaks como uma organização de inteligência não estatal e portanto, a possibilidade de agravar a acusação de espionagem, a qual implica penalidades significativamente maiores, incluindo a sentença de morte. 

Enquanto as novas tecnologias digitais criaram os media sociais, o capitalismo de vigilância e o novo estado de segurança apoiado pela vigilância em massa, Assange utilizou as mesmas tecnologias para criar um novo tipo de jornalismo. Ele mostrou que jornalistas e denunciantes podem se comunicar e trocar informações sem que sua privacidade seja comprometida . Este foi o seu crime: mostrar que o estado de vigilância poderia ser derrotado no seu próprio jogo. 

EUA | Democratas têm informação nova sobre Trump e não têm medo de a utilizar


Afinal, o relatório de Robert Mueller não é tão assim tão tedioso, tão pálido, tão desprovido de novidades como se esperava. Afinal, sempre houve “esforço concertado de Trump para impedir a investigação” e um Trump enquanto candidato a presidente que “pediu aos seus associados que conseguissem os emails de Hillary Clinton”, além de 30 perguntas de Mueller às quais o Presidente respondeu com “não sei, não me lembro”. Agora, há uma vaga de nova revolta democrata que não vai parar de explorar as potenciais armadilhas legais que ainda pode colocar no caminho de Trump antes das eleições de 2020

Ao saber das principais conclusões do relatório do procurador-especial Robert Mueller reveladas esta quinta-feira, Donald Trump escreveu no Twitter que o jogo tinha terminado. “Game Over”, foram as suas palavras, acompanhadas de uma imagem editada da série “Game of Thrones”. Mas pode não ser bem assim. Embora não tenham sido encontrados indícios de conluio entre Trump e a Rússia nas presidenciais de 2016 ou de tentativas de obstrução à justiça norte-americana por parte de Trump, o relatório é coisa para deixar o Presidente norte-americano, no mínimo, desconfortável.

O procurador-especial já foi chamado pelos democratas à Câmara dos Representantes e é provável que muitos dos deputados democratas (que formam a maioria nessa câmara) continuem a insistir no “impeachment” de Trump. Também William Barr, o novo procurador-geral, irá ao Comité Judiciário a 2 de maio e espera-se um interrogatório duro, já que muitos democratas, como é o caso do próprio presidente desse comité, Jerry Nadler, acreditam que não há razão para que a leitura que Barr faz do relatório seja tão branda com Trump e os seus associados. Barr já tinha tido acesso a uma versão mais pequena do relatório e na altura disse que o relatório ilibava o presidente, tanto de conluio com os russos durante a campanha para as presidenciais de 2016, como de obstrução à justiça. Mas, depois de se ler o relatório, há várias passagens que parecem provar precisamente o contrário.

OIT | 36% dos trabalhadores em todo o mundo trabalham em excesso


2,78 milhões de trabalhadores morrem anualmente

Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicado esta quinta-feira, estima que 36% dos trabalhadores em todo o mundo trabalham em excesso (mais de 48 horas semanais). E destaca que 2,78 milhões de trabalhadores morrem anualmente devido a acidentes de trabalho e doenças profissionais

O mundo do trabalho está a mudar e o excesso de horas laborais é uma das preocupações da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A OIT estima que 36,1% dos trabalhadores em todo o mundo trabalham em excesso, ou seja, mais de 48 horas semanais, o que contribui para problemas de segurança e saúde no seu emprego.

Este é um dos destaques do relatório "Segurança e saúde no centro do futuro do trabalho: Tirando partido de 100 anos de experiência", que foi apresentado em Genebra esta quinta-feira. No documento, a OIT analisa os 100 anos de dedicados à melhoria das condições de saúde e segurança no trabalho, e destaca os problemas emergentes nesta área no mundo do trabalho.

Costa destaca "serenidade" do Governo e condena aproveitamentos políticos


O primeiro-ministro considerou que, na sequência da crise do abastecimento de combustíveis, a grande lição a tirar é que são "intoleráveis os aproveitamentos políticos" e que os conflitos sociais resolvem-se com serenidade, sem acrescentar dramatismo.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa por António Costa, horas depois de o sindicato dos motoristas de substâncias perigosas e a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) terem chegado a acordo, o que permitiu a suspensão da greve iniciada na segunda-feira.

"A grande lição que temos de tirar é que, perante conflitos sociais, é absolutamente intolerável qualquer tipo de aproveitamento político. O que é necessário fazer é agir com serenidade para não acrescentar dramatismo a uma situação que, por si, já é bastante complexa", declarou o primeiro-ministro.

Na perspetiva do líder do executivo, ao longo da greve decretada pelos motoristas, que gerou uma crise no abastecimento de combustíveis em todo o país, o Governo procurou sempre "criar as condições" para que as partes se sentassem à mesa "e o conflito fosse ultrapassado em paz, no respeito por uns e por outros".

Portugal | Sindicato diz-se contra a greve mas teve que acionar "bomba atómica"


O presidente do sindicato de motoristas de matérias perigosas assegurou à Lusa que o setor é contra a greve, forma de luta que consideram prejudicial para patrões e trabalhadores, mas, sem outra opção, tiveram que recorrer à "bomba atómica".

"Temos noção do que se passou e sempre dissemos, desde o início da constituição da associação que, posteriormente, deu início ao sindicato, que não somos a favor da greve. Até nos plenários costumávamos dizer [que é] a 'bomba atómica'", afirmou o presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Francisco São Bento, em entrevista à Lusa.

Para o sindicato, a greve "não traz benefícios ao trabalhador ou à entidade patronal e, muito menos, para o nosso país".

Porém, após três plenários, e na ausência de outros meios para fazer valer as suas reivindicações, os motoristas deram "luz verde" para o sindicato "carregar no botão da bomba atómica", quase parando o país durante três dias.

Portugal | Dar para o peditório

Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

Um ovo de Páscoa sem octanas a quem tentar compreender a vertigem com que milhares de depósitos semicheios se precipitaram para bombas de combustível nos últimos dias. Uma espécie de caça ao tesouro, sem (es)folar.

O atraso com que o Governo chegou à questão, aparentemente tão surpreendido como o cidadão comum, não pode justificar tudo. Independentemente das razões que impelem os motoristas de transporte de matérias perigosas a exercer o legítimo direito à greve, fica a imagem de um país sob a ameaça de paralisação súbita e iminente pela mão da cada vez mais forte disrupção dos tradicionais sindicatos e da contratação colectiva. Enquanto os acordos à esquerda procuram reverter algumas das mudanças da legislação laboral introduzidas nos tempos da troika, assistimos a uma velha e a uma nova Direita que, ao mesmo tempo que vocifera contra o Estado, exige mais rápido intervencionismo estatal ao sabor da sua habitual demagogia.

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