Marcada para 20/9, ela promete
reforçar a face contemporânea da luta ambiental: muito jovem, indignada,
claramente anticapitalista. Pode ser maior que nunca. Brasil – onde Bolsonaro
lança ataque inédito à natureza – participará?
A estranha ausência do Brasil nas
mobilizações globais em defesa do planeta – contra a mudança climática e as
corporações que a promovem – pode ter fim em breve. Está marcada para o próximo
20 de setembro uma nova greve em defesa do ambiente. Será, provavelmente, a
maior já realizada. É convocada, em 125 países, por milhares de organizações,
redes internacionais, coletivos locais, grupos de cidadãos indignados. Sua
preparação coincidirá, em nosso país, com um momento de efervescência entre a
juventude. A partir de 13 de agosto, recomeçarão as grandes manifestações em
defesa da Educação, da Universidade e da Ciência, ameaçadas pelo governo
obscurantista e reacionário. É uma chance de articular as lutas de oposição a
Bolsonaro com uma agenda igualmente política – porque capaz tanto de aprofundar
a crítica ao capitalismo quanto de expor o atraso patético dos grupos que
controlaram ao poder em Brasília.
As greves pelo clima são um
fenômeno recente e em rápida expansão. Estão marcadas por duas características:
fortíssima presença de adolescentes e jovens – que parecem não se conformar nem
com a inação dos governos, nem com o amortecimento dos adultos… – e
politização crescente. Um movimento precursor ocorreu às vésperas da
Conferência sobre o Clima em Paris, em novembro de 2015. Em mais de cem países,
cerca de 50 mil pessoas foram às ruas, já defendendo bandeiras que articulavam
o ambiental com o social. Havia, então, três reivindicações básicas: redução
drástica do uso de combustíveis fósseis, desenvolvimento de fontes energéticas
alternativas e garantia dos direitos dos refugiados climáticos – em oposição à
xenofobia hoje crescente no mundo eurocêntrico.
Mas uma nova fase, muito mais
densa, teve início no final do ano passado. Foi desencadeada por uma garota
sueca – Greta Thumberg – então com 15 anos. Em agosto de 2018, Greta, cuja história e formação mental singulares podem ser
conhecidas na Wikipedia, iniciou um protesto pessoal. Durante as três semanas
que precederam as eleições legislativas de seu país, ela dirigiu-se todos os
dias ao Parlamento, no horário de aulas, portando um cartaz onde se lia “greve estudantil
pelo clima”. Passado o pleito, anunciou que manteria a ação todas as
sextas-feiras, e denominou-as Fridays for Future.