A crise política em Espanha
ensina-nos que o país vizinho nada aprendeu com a experiência portuguesa.
Pedro Tadeu | TSF | opinião
Os resultados eleitorais de abril
deram à esquerda política espanhola a possibilidade de formar uma solução
governativa semelhante à da geringonça portuguesa, ou seja, uma solução que
permitisse aos socialistas fazerem um governo com apoio parlamentar para as
questões principais do Unidas Podemos e de outras formações de esquerda.
Se tivesse havido uma geringonça
espanhola, provavelmente o maior problema que a Espanha enfrenta - a questão da
Catalunha - teria uma possibilidade de solução. E as eleições de ontem
teriam sido evitadas.
Mas o Unidas Podemos quis ter
ministros, não aceitou estar apenas no Parlamento, e o PSOE não abriu a
porta a uma possibilidade de entendimento mínimo.
Com os resultados de ontem à
noite, a esquerda, se quiser governar, terá agora de encontrar um entendimento
entre o PSOE, o Unidas Podemos, o MAS (uma cisão do Podemos), os
independentistas da Catalunha da ERC e um dos 12 pequenos partidos do novo
Parlamento.
É uma missão impossível, pois
arranjar nesta altura uma solução política com a ERC significaria admitir a
independência da Catalunha.
Como o PSOE fez toda a
campanha tentando demonstrar que era totalmente contra o independentismo catalão (tanto
quanto os partidos à direita, o Partido Popular e o VOX) entraria numa
contradição insanável, que mataria rapidamente um acordo desse tipo.