Ativistas dizem estar a
investigar 51 casos de corrupção que envolvem titulares de cargos públicos em
Angola. Acusam, entre outros, o Procurador Hélder Pitta Grós de ser "uma
pessoa sem probidade".
Um grupo de investigadores e
ativistas angolanos asseverou, esta quarta-feira (12.01), que a luta contra a
corrupção do Presidente João Lourenço, em Angola, só está a tocar em algumas
figuras, havendo muitas mais que devem ser investigadas.
Na conferência de apresentação do
projeto, em Luanda, o ativista Nuno Álvaro Dala, que integra o PICC-TCP,
questionou: "Quais são as figuras do MPLA que não estão envolvidas direta
ou indiretamente em casos de corrupção? [...] Quais são aqueles que
conseguiram esses bens com trabalhos honestos?".
O PICC-TCP diz ter em mãos 51
casos, envolvendo titulares de cargos públicos. Entre as pessoas alegadamente
envolvidas em práticas questionáveis, segundo os responsáveis do projeto,
não estão apenas figuras do partido no poder. Essas práticas
estender-se-ão também ao Ministério Público.
Acusações ao PGR
Nuno Dala acusou, por exemplo, o
Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, de ser "uma pessoa sem
probidade".
"O facto de o
Procurador-Geral da República ser acionista em várias empresas - os nomes das
empresas depois vamos divulgar - já o torna numa figura sem condições morais e
éticas para continuar no cargo, porque a lei da probidade pública é clara nesse
sentido. Um magistrado, além de ter os bens devidamente declarados, deve também
estar adstrito apenas a três atividades: magistrado, docência e investigação
científica na área do Direito", afirmou.
O PICC-TCP pede, por isso, a
demissão do Procurador.
A DW tentou ouvir a
Procuradoria-Geral da República sobre as denúncias, sem sucesso.
Os integrantes do projeto
PICC-TCP prometem colocar o dedo na ferida, nos próximos dias, com a publicação
de um relatório que detalha as acusações, pois, como voltou a frisar
o ativista Nuno Álvaro Dala, a luta de João Lourenço contra a corrupção
tem sido "seletiva".
"Que alguns estão a ser
responsabilizados, sim. Há esta responsabilização, não há dúvida. Mas isso,
infelizmente é seletivo, [é feito] à medida dos interesses do grupo hegemónico,
porque algumas figuras não estão a ser tocadas e nem devem ser tocadas",
disse.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle | Agência Lusa
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