Os EUA argumentaram hoje, num
tribunal em Londres, que o fundador do WikiLeaks não é um defensor da liberdade
de expressão, mas um criminoso "normal" que colocou vidas em risco
com a publicação de informação classificada.
No início do julgamento para a
extradição de Julian Assange, o advogado James Lewis, que representa os EUA,
qualificou a publicação de centenas de milhares de documentos militares
secretos e telegramas diplomáticos em 2010 como "uma das maiores infrações de
informações confidenciais na história dos Estados Unidos", acrescentado:
"Noticiar ou jornalismo não é desculpa para atividades criminosas
ou autorização para infringir leis normais".
As autoridades dos EUA querem
extraditar Assange para o país para poder julgá-lo por
espionagem, cuja pena pode ir até 175 anos de prisão, mas o fundador do Wikileaks argumenta
que agiu como jornalista e tem direito à proteção da Primeira Emenda
da Constituição norte-americana, que protege a liberdade de expressão.
Dezenas de apoiantes de Assange concentraram-se
no exterior de Woolwich Crown Court, um tribunal de alta segurança,
cantando e tocando buzinas, incluindo a estilista Vivienne Westwood, que
envergou uma faixa com a palavra "anjo", esclarecendo que considera o
australiano um "anjo da democracia".
"Não é crime publicar crimes
de guerra americanos. É do interesse público, é a democracia, que ele possa
fazer isso", afirmou.
Assange, 48 anos, assistiu aos
procedimentos do banco dos réus, vestido de fato cinzento, foi transportado da
prisão de Belmarsh, localizada junto ao tribunal, onde está preso há 10
meses, e falou apenas para confirmar o nome e data de nascimento, tendo ainda
acenado aos jornalistas presentes antes de se sentar.
O ativista argumenta
que os documentos revelados expuseram irregularidades militares dos EUA,
nomeadamente um vídeo de um ataque com um helicóptero Apache de 2007 pelas
forças americanas em Bagdad que matou 11 pessoas, incluindo dois
jornalistas da Reuters.
Organizações de jornalismo e
grupos de liberdades civis, incluindo a Amnistia Internacional e a Repórteres
Sem Fronteiras, dizem que as acusações contra Assange estabelecem um
precedente para a liberdade de imprensa.
Mas James Lewis disse que Assange é
culpado de atividades criminosas "diretas" ao tentar
invadir o sistema informático do Pentágono e de expor fontes dos serviços
secretos no Iraque.
"O que Assange procura
defender com a liberdade de expressão não é a publicação dos documentos
confidenciais, mas a defesa da publicação de fontes - os nomes das pessoas que
se arriscam a ajudar os EUA e os seus aliados", afirmou o
advogado.
Lembrou ainda que não era papel
do tribunal britânico determinar se Assange é culpado.
"Esta é uma audiência de
extradição, não um julgamento. A culpa ou inocência de Assange será
determinada em julgamento nos Estados Unidos, não neste tribunal".
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Reuters
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