Bom dia. Boa semana. Hoje há Expresso Curto aqui no Página Global. Em estilo parasita extorquimos ao Expresso o dito Curto com a lavra de hoje assinada por Pedro Candeias. Desculpem lá este parasitismo, porém julgamos estar certos que é vantagem do Expresso trazer à baila o Curto que aborda resumos dos produtos que contém. Muito pela rama mas a dar-nos “cheirinhos” sobre a atualidade. De qualquer modo agradecemos fecharem os olhos a este estilo de parasitismo, além de que sabemos que nos que nos lêem existem os que gostam de dar uma vista de olhos aos Curtos e acompanharmos. Acreditamos que não prejudicamos em nada as divulgações realizadas. Não? Antes pelo contrário?
A vaca fria de hoje são os Óscares. A história da estatueta que simboliza o troféu é muito gira. Não conhecem? Vão ver. Porque estamos na hora do Curto, apesar de um pouco atrasados, deixamos só a sugestão.
O cinema. Ai o cinema! Chamam-lhe a sétima arte mas é muito mais que isso. Até o cinema português está a ser surpreendente, pula e avança. As novas gerações de realizadores estão a dar passos importantes no caminho que é longo para merecermos ser bons e aceites com mérito nessa tal maravilhosa sétima arte. Há fé de que vamos lá chegar. Já temos imenso cinema realizado por portugueses que disse adeus ao bolor do passado. E no passado o bolor foi imenso. Outros tempos, outros condicionalismos. E alguns outros parasitas.
Porque aqui, sobre cinema, não queremos assumir a prática de conversa da má-língua com os filhos e enteados de antigamente, preferimos avançar. Sobre o vencedor maior do Óscar, Parasita, o Curto deixa alguns esclarecimentos e visões por palavras.
Assim, pela nossa parte, consideramos por bem não avançar sobre os tais parasitas. Até porque em Portugal eles são demasiados, uns chicos-espertos de canudo e mais alguns que mesmo sem canudo acha natural parasitar. Claro que os de canudo, dá o que pensar, encostam-se sem rebuço aos partidos políticos de conveniência e as suas ascenções até parecem dispor de motores semelhantes aos que enviam para o espaço os astronautas. Isso leva a recordar uma “história”: Em tempos idos os taxistas falavam muito com os passageiros que transportavam… Um motorista de idade mediana, em conversa sobre empregos e falta deles para pós-formados universitários, desabafou com ares de vitória ao referir que o seu filho saiu da universidade com o canudo mas não conseguia encontrar emprego correspondente às suas habilitações… Disse-lhe o pai (motorista) que na rua em que moravam existiam duas delegações de partidos (uma rosa e outra laranja) instigando-o a que fosse a uma delas, à escolha, e se filiasse e fosse assíduo a frequentar a delegação partidária e a sede sempre que pudesse (ele mais nada tinha de importante para fazer nos dias de ócio que levava)… “Vais ver que arranjas emprego num instante”. E assim aconteceu. Esse rapaz dos dias de ócio ainda é um importante responsável partidário...
Pois, os partidos políticos fazem mais milagres que a chamada Nossa Senhora de Fátima. Milagres que independentemente de uns serem parasitas e outros não a Senhora não destrinça porque ao que parece a cor de que não gosta é o vermelho. Também os toiros não, ao que parece. Por isso marram naquela cor sem se fartarem.
Chega (ai o Chega!) de palavras. Avancemos para o Curto do Expresso do tio Balsemão, que também parece não gostar nada do vermelho. Dá ideia que prefere o verde das notas de dólar e as multicolores das notas de euros. Essas tais que a plebe quase não as vê. Tadinhos.
Bom dia. Boa semana. Saúde, sorte e dinheiro para gastos. O mesmo será dizer: dinheiro para ser sugado mesmo que saibamos ler e escrever. É a vida, a luta pela sobrevivência. Coisa que é desnecessária aos parasitas… A não ser que uma enorme operação desparasitária os ponha fora dos poderes. Abençoada. Pois.
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Desparasitação
Pedro Candeias | Expresso
Há uma sequência notável no “Parasitas”, que surpreendentemente conquistou o Oscar para melhor filme, e que se passa mais ou menos assim: três quartos da família Kim, pai, filho e filha, escapam sorrateiramente da casa dos Park, deixando a mãe para trás, depois de um dia de faz-de-conta em que os quatro se entregaram ao ócio, jogos e dieta próprios dos milionários, antes de quase serem apanhados com a mão na pinga e na comida.
Quando fogem, Kai-taek, Ki-woo e Ki-Jung seguem a pé para o lugar sujo, suado, apertado mal-iluminado e mal-saneado que habitam. Isto acontece a meio de um temporal violento e por um caminho que é sempre a descer, atingindo o ponto mais baixo precisamente na cave onde vivem, inundada, caótica e irremediavelmente perdida. Às tantas, a merda fará saltar a tampa da sanita onde Ki-Jung acende um cigarro, conformada e sentada em cima da força impiedosa da pobreza.
É nestes instantes que o “Parasitas” deixa de ser apenas uma comédia, para se transformar numa extraordinária fábula sobre o elevador social encravado e sobre a verticalidade: está-se bem lá em cima, cá em baixo nem por isso. Os mais cínicos poderão argumentar que o Oscar histórico - o primeiro filme não falado em inglês a ganhar - lhe foi entregue porque Hollywood quer abraçar a diversidade, num contexto em que o mundo branco, masculino e privilegiado se vê ao espelho e reconhece em si próprio o racismo e o preconceito. Eu quero acreditar que não.
Eu quero acreditar que o “Parasitas” é apenas um filme melhor do que o prodigioso “1917”, o grande derrotado numa noite em que as distinções se foram sucedendo com desfechos previsíveis, e em que se conteve a marcha da Netflix: Joaquim Phoenix (“Joker”), Brad Pitt (“Era uma vez em… Hollywood), Laura Dern (“Marriage Story”), Renée Zellweger (“Judy”) venceram as estatuetas que lhe estavam indicadas há muito.
Só que Joon-Ho Bong foi escolhido para melhor diretor do melhor filme do ano, desparasitando todas as apostas que foram sendo construídas em cima de cerimónias anteriores. Bong, despenteado, desajeitado, estranho e com um inglês monossilábico, derrotou a História ao escrever (Melhor Argumento Original) sobre a história de todas as histórias: a luta de classes.
[P.S: O João Miguel Salvador acompanhou os Oscars ao minuto e aqui está o resumo de uma noite de trabalho]
Quando fogem, Kai-taek, Ki-woo e Ki-Jung seguem a pé para o lugar sujo, suado, apertado mal-iluminado e mal-saneado que habitam. Isto acontece a meio de um temporal violento e por um caminho que é sempre a descer, atingindo o ponto mais baixo precisamente na cave onde vivem, inundada, caótica e irremediavelmente perdida. Às tantas, a merda fará saltar a tampa da sanita onde Ki-Jung acende um cigarro, conformada e sentada em cima da força impiedosa da pobreza.
É nestes instantes que o “Parasitas” deixa de ser apenas uma comédia, para se transformar numa extraordinária fábula sobre o elevador social encravado e sobre a verticalidade: está-se bem lá em cima, cá em baixo nem por isso. Os mais cínicos poderão argumentar que o Oscar histórico - o primeiro filme não falado em inglês a ganhar - lhe foi entregue porque Hollywood quer abraçar a diversidade, num contexto em que o mundo branco, masculino e privilegiado se vê ao espelho e reconhece em si próprio o racismo e o preconceito. Eu quero acreditar que não.
Eu quero acreditar que o “Parasitas” é apenas um filme melhor do que o prodigioso “1917”, o grande derrotado numa noite em que as distinções se foram sucedendo com desfechos previsíveis, e em que se conteve a marcha da Netflix: Joaquim Phoenix (“Joker”), Brad Pitt (“Era uma vez em… Hollywood), Laura Dern (“Marriage Story”), Renée Zellweger (“Judy”) venceram as estatuetas que lhe estavam indicadas há muito.
Só que Joon-Ho Bong foi escolhido para melhor diretor do melhor filme do ano, desparasitando todas as apostas que foram sendo construídas em cima de cerimónias anteriores. Bong, despenteado, desajeitado, estranho e com um inglês monossilábico, derrotou a História ao escrever (Melhor Argumento Original) sobre a história de todas as histórias: a luta de classes.
[P.S: O João Miguel Salvador acompanhou os Oscars ao minuto e aqui está o resumo de uma noite de trabalho]
OUTRAS NOTÍCIAS
Futebol. No desporto, o Sporting bateu o Portimonense (2-1), subiu ao terceiro lugar do campeonato e desceu vários níveis na classificação da razoabilidade. Antes do jogo, cerca de três mil adeptos contestaram a presidência de Frederico Varandas com os slogans do costume - um ato democrático e legítimo -, mas pelo menos um agrediu um pai ao pontapé e outro terá cuspido numa filha entre insultos.
O facto de o primeiro ser dirigente do Sporting deveria ser irrelevante, porque isso enquadra politicamente um ato indesculpável, e porque o pode normalizar, alimentando o argumentário dos idiotas: “ele pôs-se a jeito”. Atabalhoadamente, Governo e Liga continuarão a transferir responsabilidades de um lado para o outro, enquanto o desporto-rei vai nu, despido de medidas concretas que travem a violência no desporto. Que é física e verbal, com adjetivos indigentes, insinuações, provocações e muita gritaria televisiva gratuita.
China. O coronavirus já matou pelo menos 910 pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde, superando o número de mortes provocadas pelo SARS, um surto que começou também na China e em circunstâncias semelhantes no início da última década. As autoridades chinesas permitiram, finalmente, a entrada de uma equipa de especialistas no país para coordenar o combate a esta crise que, só no domingo, provocou 97 vítimas mortais. A cronologia dos acontecimentos, os sintomas, as histórias (incluindo a do médico que alertou as autoridades chinesas) e as descobertas estão todas aqui alinhadas.
PSD. Acabou o congresso do PSD e, aparentemente, acabou-se o PSD para Luís Montenegro, o acontecimento mais relevante, embora previsível, num evento assético, como foram escrevendo a Mariana Lima Cunha, o Miguel Santos Carrapatoso e o Vítor Matos. O homem que desafiou e perdeu duas vezes para Rui Rio - e que, à segunda, citou Twain e a célebre deixa da “morte manifestamente exagerada” - fez o discurso possível, ambíguo quanto baste, e não resistiu a alguns assobios e apupos. A morte política também se manifesta assim. Já Rio fechou a coisa com 44 ataques a António Costa e 27 ideias para o país que ele quer ganhar, quando país se cansar do PM.
Brasil. Adriano Magalhães de Nóbrega, antigo capitão do musculado BOPE e suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco, foi morto numa troca de tiros com a polícia no estado da Bahia.
FRASES
“Estes senhores acham que mandam no Sporting, mas nunca mais vão mandar. O clube não é deles, é dos sócios”, Frederico Varandas, a propósito das agressões antes do Sporting - Portimonense
“Mário Centeno vai para o Banco de Portugal daqui a uns meses”, Luís Marques Mendes, na SIC, referindo que o atual Ministro das Finanças passará brevemente a ser conhecido por ex-Ministro das Finanças
“Rui Rio elencou uma série de preocupações para o país, mas não apresentou uma única proposta para resolver os problemas”, Catarina Martins, sobre o discurso do líder do PSD no congresso em Viana do Castelo
O QUE ANDO A LER
“Go Tell it on The Mountain” conta a história de John Grimes, um miúdo afro-americano de 14 anos dos anos 1930, que cresce no Harlem (Nova Iorque) num contexto familiar ultra-religioso, repressivo e violento, em que o respeito é para ser confundido com medo. Medo de um pai, que posteriormente descobrirá ser seu padrasto, um pastor Pentecostal inflexível e intolerante; e medo de si próprio, pelo turbilhão hormonal que o faz sentir-se atraído pelo mesmo género sexual.
Esta é a primeira obra de James Baldwin e é marcadamente autobiográfica, porque também ele teve um padrasto violento, porque também ele sofreu com a sua homossexualidade e com o racismo, tendo escrito e lutado ativamente contra esses preconceitos e desigualdades sociais.
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Imagem dos galardoados com Óscar: Valerie Macon
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