quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Rússia e Cuba pretendem estreitar relações na área de defesa e outras


Os empréstimos que a Rússia tem previsto conceder a Cuba para realização de projetos conjuntos poderiam ultrapassar um bilião de euros (cerca de 4,75 biliões de reais).

A revelação foi feita em uma entrevista à Sputnik pelo embaixador russo em Havana, Andrei Guskov, que adiantou que os créditos a conceder pela Rússia se destinariam a implementar parcerias entre os dois países em diversas áreas.

Parceria colossal no âmbito dos caminhos de ferro

A maior fatia, segundo o diplomata, destina-se à modernização das infraestruturas ferroviárias de Cuba.

"Uma parte significativa do financiamento [ferroviário], quase 900 milhões de euros (cerca de 4,3 bilhões de reais), seria assegurada através de créditos comerciais de bancos russos", continuou o embaixador, adiantando ainda que as negociações pré-contratuais se iniciaram no passado mês de janeiro.

O governo de Cuba e a companhia ferroviária da Rússia (RZD, na sigla em russo) assinaram em outubro de 2019 um contrato para a restauração e modernização das infraestruturas ferroviárias cubanas.

Este contrato, avaliado em 1,88 bilião de euros (cerca de 8,93 biliões de reais), é o "maior jamais assinado com Cuba na história da Rússia moderna", afirmou o embaixador russo.

"Este é um megaprojeto de infraestruturas que tem uma enorme importância não só económica, mas também social para Cuba", asseverou Guskov.

O diplomata garantiu que a Rússia continuará apoiando "por todos os meios" este projeto, que prevê a concepção, reparação e modernização de mais de 1.000 quilómetros da infraestrutura ferroviária da ilha com equipamentos e materiais russos.



Outros projetos já em curso

Além disso, os dois países estão prestes a implementar outros projetos, como "a segunda fase de modernização da Empresa Siderúrgica José Martí, a renovação de 10 unidades geradoras de 100 MW cada uma em centrais termoelétricas cubanas, a reconstrução de fábricas da indústria têxtil cubana, bem como a segunda fase da entrega de locomotivas pela empresa Sinara Transport Machines e o desenvolvimento de plantas de montagem do Grupo GAZ em Cuba", detalhou o diplomata à Sputnik.

Guskov revelou que os fundos a serem investidos na economia cubana serão recuperados através do cancelamento de créditos.

"Note-se que estes projetos geram trabalho e lucros para as empresas russas que fornecem seus produtos", sendo, portanto, "um esquema de cooperação absolutamente benéfico para ambas as partes", prosseguiu o embaixador.

Capacidade de defesa de Cuba

Moscovo está pronta para analisar eventuais pedidos de Havana para melhorar a capacidade de defesa do país caribenho, assegurou Guskov, recordando ainda que a cooperação técnico-militar é "uma das áreas mais importantes de interação" entre as duas nações.

"As Forças Armadas Revolucionárias de Cuba estão equipadas em grande medida com armas e equipamentos bélicos de fabrico soviético e russo, incluindo sistemas de mísseis antiaéreos e de mísseis e artilharia costeiros", recordou.

Para assegurar o necessário grau de prontidão, esse equipamento requer trabalhos de "manutenção e reparação necessários, fornecimento de peças e acessórios e o cumprimento de outras tarefas relacionadas", disse Guskov.

Dependência cubana do petróleo

Moscovo e Havana estão em vias de implementar um esquema para modernizar o sistema energético cubano e assim reduzir a dependência do país de hidrocarbonetos importados, asseverou o embaixador russo em Cuba.

O diplomata recordou que o memorando de entendimento "Desenvolvimento do setor de combustíveis e energia e o reforço da segurança energética da República de Cuba" foi assinado durante a reunião da Comissão Intergovernamental de Cooperação Económico-Comercial e Científico-Técnica Russo-Cubana realizada no passado mês de setembro em Moscovo.

O objetivo é "reduzir a dependência do setor eletroenergético cubano dos hidrocarbonetos importados", explicou o embaixador.

Segundo o diplomata, trata-se de medidas que permitam o aumento da produção de hidrocarbonetos em território cubano com participação de empresas russas, como a Zarubezhneft e a Rosneft, a instalação de equipamentos avançados para produzir energia elétrica nas termoelétricas do país ou a criação de novas centrais de produção de eletricidade utilizando fontes de energia renováveis.

"Simultaneamente, continuará o trabalho para garantir os abastecimentos de petróleo e derivados à ilha apesar das restrições ilegais dos Estados Unidos", disse Guskov.

Segundo estimativas do governo russo, a modernização do sistema energético permitirá a Cuba reduzir o fornecimento de petróleo do exterior em um terço e economizar até 1,8 bilião de dólares (cerca de 7,83 bilhões de reais).

Visita de Putin a Cuba

O presidente russo, Vladimir Putin, aceitou o convite do seu homólogo cubano, Miguel Díaz-Canel, para visitar o país caribenho, convite esse formulado aquando da viagem à Rússia do líder cubano em outubro passado, anunciou o embaixador russo em Havana.

O presidente Putin garantiu que iria aproveitar este convite "sem falta", faltando conciliar agendas e calendários dos contatos bilaterais para que a visita tenha lugar.

Moscovo e Havana têm uma relação político-económica considerada por ambos os países como estratégica, e que se aprofundou nos últimos anos, com fortes investimentos russos em vários setores vitais da economia cubana.

Os dois países têm profundos laços históricos, culturais e diplomáticos, que começaram ainda no tempo da Rússia czarista, no início do século XX.

Atualmente, a Rússia é o segundo maior parceiro comercial de Cuba na Europa e o quinto a nível mundial.

Sputnik | Imagens: © AP Photo / Ramon Espinosa | Pixabay / Sweetmeelowchill

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