Os empréstimos que a Rússia tem
previsto conceder a Cuba para realização de projetos conjuntos poderiam
ultrapassar um bilião de euros (cerca de 4,75 biliões de reais).
A revelação foi feita em uma
entrevista à Sputnik pelo embaixador russo em Havana, Andrei Guskov, que
adiantou que os créditos a conceder pela Rússia se destinariam a
implementar parcerias entre os dois países em diversas áreas.
Parceria colossal no âmbito dos caminhos de ferro
A maior fatia, segundo o
diplomata, destina-se à modernização das infraestruturas ferroviárias de
Cuba.
"Uma parte significativa do
financiamento [ferroviário], quase 900 milhões de euros (cerca de 4,3 bilhões
de reais), seria assegurada através de créditos comerciais de bancos
russos", continuou o embaixador, adiantando ainda que as negociações
pré-contratuais se iniciaram no passado mês de janeiro.
O governo de Cuba e a companhia
ferroviária da Rússia (RZD, na sigla em russo) assinaram em outubro de 2019 um
contrato para a restauração e modernização das infraestruturas ferroviárias
cubanas.
Este contrato, avaliado em 1,88
bilião de euros (cerca de 8,93 biliões de reais), é o "maior jamais
assinado com Cuba na história da Rússia moderna", afirmou o
embaixador russo.
"Este é um megaprojeto de
infraestruturas que tem uma enorme importância não só económica, mas também
social para Cuba", asseverou Guskov.
O diplomata garantiu que a Rússia
continuará apoiando "por todos os meios" este projeto, que prevê a
concepção, reparação e modernização de mais de 1.000 quilómetros da
infraestrutura ferroviária da ilha com equipamentos e materiais russos.
Outros projetos já em curso
Além disso, os dois países estão
prestes a implementar outros projetos, como "a segunda fase de
modernização da Empresa Siderúrgica José Martí, a renovação de 10 unidades
geradoras de 100 MW cada uma em centrais termoelétricas cubanas, a reconstrução de
fábricas da indústria têxtil cubana, bem como a segunda fase da entrega de
locomotivas pela empresa Sinara Transport Machines e o desenvolvimento de
plantas de montagem do Grupo GAZ em Cuba", detalhou o diplomata à Sputnik.
Guskov revelou que os fundos a
serem investidos na economia cubana serão recuperados através do cancelamento
de créditos.
"Note-se que estes projetos
geram trabalho e lucros para as empresas russas que fornecem seus
produtos", sendo, portanto, "um esquema de cooperação absolutamente
benéfico para ambas as partes", prosseguiu o embaixador.
Capacidade de defesa de Cuba
Moscovo está pronta para analisar
eventuais pedidos de Havana para melhorar a capacidade de defesa do país
caribenho, assegurou Guskov, recordando ainda que a cooperação técnico-militar
é "uma das áreas mais importantes de interação" entre as duas nações.
"As Forças Armadas
Revolucionárias de Cuba estão equipadas em grande medida com armas e
equipamentos bélicos de fabrico soviético e russo, incluindo sistemas de mísseis
antiaéreos e de mísseis e artilharia costeiros", recordou.
Para assegurar o necessário grau
de prontidão, esse equipamento requer trabalhos de "manutenção e reparação
necessários, fornecimento de peças e acessórios e o cumprimento de outras
tarefas relacionadas", disse Guskov.
Dependência cubana do petróleo
Moscovo e Havana estão em vias de
implementar um esquema para modernizar o sistema energético cubano e assim reduzir
a dependência do país de hidrocarbonetos importados, asseverou o
embaixador russo em Cuba.
O diplomata recordou que o
memorando de entendimento "Desenvolvimento do setor de combustíveis e
energia e o reforço da segurança energética da República de Cuba" foi
assinado durante a reunião da Comissão Intergovernamental de Cooperação
Económico-Comercial e Científico-Técnica Russo-Cubana realizada no passado mês
de setembro em Moscovo.
O objetivo é "reduzir a
dependência do setor eletroenergético cubano dos hidrocarbonetos importados",
explicou o embaixador.
Segundo o diplomata, trata-se de
medidas que permitam o aumento da produção de hidrocarbonetos em território
cubano com participação de empresas russas, como a Zarubezhneft e a Rosneft, a
instalação de equipamentos avançados para produzir energia elétrica nas
termoelétricas do país ou a criação de novas centrais de produção de eletricidade
utilizando fontes de energia renováveis.
"Simultaneamente, continuará
o trabalho para garantir os abastecimentos de petróleo e derivados à ilha
apesar das restrições ilegais dos Estados Unidos", disse Guskov.
Segundo estimativas do governo
russo, a modernização do sistema energético permitirá a Cuba reduzir o
fornecimento de petróleo do exterior em um terço e economizar até 1,8 bilião de
dólares (cerca de 7,83 bilhões de reais).
Visita de Putin a Cuba
O presidente russo, Vladimir
Putin, aceitou o convite do seu homólogo cubano, Miguel Díaz-Canel, para visitar o
país caribenho, convite esse formulado aquando da viagem à Rússia do líder
cubano em outubro passado, anunciou o embaixador russo em Havana.
O presidente Putin garantiu que
iria aproveitar este convite "sem falta", faltando conciliar agendas
e calendários dos contatos bilaterais para que a visita tenha lugar.
Moscovo e Havana têm uma relação
político-económica considerada por ambos os países como estratégica, e que se
aprofundou nos últimos anos, com fortes investimentos russos em vários setores
vitais da economia cubana.
Os dois países têm profundos
laços históricos, culturais e diplomáticos, que começaram ainda no tempo da
Rússia czarista, no início do século XX.
Atualmente, a Rússia é o segundo
maior parceiro comercial de Cuba na Europa e
o quinto a nível mundial.
Sputnik | Imagens: © AP Photo /
Ramon Espinosa | Pixabay /
Sweetmeelowchill
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