Díli, 07 mar 2020 (Lusa) -- O
Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), segunda força política no
parlamento timorense, confirmou hoje numa curta conferência nacional a sua
participação numa renovada coligação de maioria parlamentar.
A decisão foi tomada por
unanimidade e aclamação no encontro que decorreu na sede do CNRT onde
participaram o presidente do partido, Xanana Gusmão, o secretário-geral,
Francisco Kalbuadi Lay, entre outros dirigentes do partido.
O texto da declaração final
explica que o partido delibera que a nova aliança tem como base a coligação que
apoia o atual Governo, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), mas apenas
com dois dos seus elementos, o próprio CNRT e o Kmanek Haburas Unidade Nacional
Timor Oan (KHUNTO).
De fora fica o Partido Libertação
Popular (PLP), do atual primeiro-ministro, já que, como explica o texto final,
o próprio Taur Matan Ruak apresentou já a sua demissão como primeiro-ministro,
depois de afirmar que a AMP "já não existe".
Somam-se quatro outros partidos
para um total de 34 dos 65 deputados do parlamento.
Adérito Hugo, da comissão de
jurisdição do partido, recordou um dos pontos do acordo da coligação inicial da
AMP que determina que "a Aliança de Mudança para o Progresso, dura desde o
seu registo definitivo junto do Tribunal de Recurso até ao 30.º dia posterior
ao da data de posse do primeiro-ministro do VIII Governo".
Na prática, explicou, a Aliança
de Maioria Parlamentar de 2018, que deu lugar à Aliança de Mudança para o
Progresso, regressa à sua identidade original, renovada e com mais membros.
Dionísio Babo, presidente da
Comissão Diretiva Nacional do partido, disse que a "composição da AMP
continua com o CNRT e KHUNTO e não incluir o PLP, que afirmou o afastamento do
partido" da aliança.
Agora, explica o texto, o CNRT
"reafirma a posição de manter a aliança de maioria paramentar com o KHUNTO
como uma nova aliança de maioria parlamentar com a vontade política do PD, UDT,
PUDD e FM".
A nova aliança, sublinha, permite
"criar uma nova conjuntura política para ultrapassar o impasse político em
Timor-Leste", tendo Adérito Hugo sublinhado a "responsabilidade moral
e política do CNRT contribuir para o processo".
Carmelita Moniz, deputada e
membro da comissão jurídica do CNRT, disse que "o PLP não pode ser obrigado
a ficar na coligação depois de dizer que a AMP já não funciona".
A conferência nacional
realizou-se depois de na sexta-feira o presidente do CNRT, Xanana Gusmão,
acompanhado dos presidentes das restantes cinco forças políticas da coligação,
terem apresentado a nova aliança ao Presidente da República.
Nesse curto encontro o chefe de
Estado Francisco Guterres Lu-Olo disse que os partidos da coligação tinham de
cumprir vários critérios, nomeadamente tendo em conta o previsto na lei de
partidos políticos.
Esse diploma define que a criação
de coligações exige que a aliança "seja aprovada pelos Congressos ou
Conferências Nacionais dos partidos políticos que as formarão, com indicação
concreta do âmbito e finalidade dessas coligações, frentes ou movimentos".
Ainda que a declaração não o
mencione, Carmelita Moniz comentou o facto dessas exigências do Presidente da
República não terem sido colocadas aquando da coligação que apoiou o VII
Governo -- Fretilin e PD -- em 2017.
"Infelizmente isso aconteceu
só para um partido, o CNRT, porque na realidade, em 2017, quando era a
coligação entre o PD e a Fretilin, o Presidente não se preocupou com estes
requisitos formais", disse.
"Para nós isso é uma
inconsistência da posição do Presidente da República. Ainda assim, como é o Presidente
que vai decidir sobre este impasse, nós consideramos que temos obrigação de
cumprir o pedido de sua excelência. Mesmo que a mesma coisa não tenha
acontecido com outros partidos", afirmou.
Além do CNRT, a coligação -- que
integra 34 dos 65 deputados do parlamento nacional - inclui ainda os cinco
deputados do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) e os cinco do
Partido Democrático (PD).
Fazem ainda parte da nova
coligação os três deputados dos partidos mais pequenos no parlamento, Partido
Unidade e Desenvolvimento Democrático, Frente Mudança e União Democrática
Timorense.
Os restantes partidos devem
concluir ainda este fim de semana os processos formais para confirmar a nova
aliança.
ASP // EA
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