segunda-feira, 16 de março de 2020

Portugal | AOS HERÓIS QUE COMBATEM O VÍRUS


Manuel Molinos | Jornal de Notícias | opinião

A minha mãe era enfermeira. Fui educado por ela. Por isso, sinto os profissionais de saúde, que por estes dias estão a dar o peito às balas, como se fossem também parte da minha família. Revejo-me na sua ansiedade, insegurança e no receio dos seus filhos, maridos, mulheres, pais, que se resguardam em casa do bicho invisível, enquanto a mãe, o pai, o filho se expõe todos os dias à doença. Não podia deixar de escrever esta crónica para eles e sobre eles.

A minha mãe trabalhou nos cuidados intensivos do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do São João. Desde cedo, apercebi-me da gestão do stress e da resistência física e mental a que a atividade obriga. E se tenho dúvidas se todos percebem a abnegação que esta profissão exige, estou certo que é das classes menos valorizadas.

Não dão só injeções e medem tensões. São uma espécie de advogados dos doentes. Cuidam, amparam, ouvem. Não tenho médicos na família mais direta. Estão em segundo lugar na lista dos profissionais em que os portugueses mais confiam. Não é preciso escrever mais nada. Mas esta crónica é também para os farmacêuticos, que também não vendem só caixinhas. São eles que formam outro pelotão importante nesta guerra sem tiros. São eles que, no final da linha, ainda lá estarão com toda a paciência a responder que não, não há gel desinfetante, nem máscaras, nem luvas, nem termómetros. Levaram tudo.

São os médicos, os enfermeiros, os farmacêuticos, os técnicos de saúde e os auxiliares que estão a lutar por todos nós. São eles que, muito provavelmente, nos irão tratar, mas também correr em socorro dos irresponsáveis que fazem com que muitos portugueses se sintam insultados. Mas não chega bater palmas. É preciso garantir, no mínimo, que quem está ali a tratar de nós tenha o material de proteção de que precisa.

E por fim, se todos os motivos vos faltarem para ficar em casa, que não vos falte a solidariedade e empatia com estes heróis que põem a sua vida em causa para salvar a nossa. Fiquem em casa.

*Diretor-adjunto

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