quinta-feira, 2 de abril de 2020

Nem a pandemia cessa o bloqueio: Donativo de empresa chinesa não pôde chegar a Cuba


– Notícias como esta são omitidas pelos media corporativos

Carlos Miguel Pereira Hernández [*]

Para Cuba, as coisas são sempre mais difíceis. Nem em tempos de pandemia deixam os cubanos respirarem tranquilos

Em 13 de Março último Jack Ma, fundador do Alibaba, o gigante electrónico chinês e a fundação que tem o seu nome, anunciaram ao mundo a sua intenção de doar aos EUA 500 mil kits de detecção rápida do COVID-19 e de um milhão de máscaras, ignorando frases xenófobas e racistas do seu actual presidente. Antes disso já havia feito doações a outros países, como o Japão, Coreia do Sul, Itália, Irão e Espanha, considerados então como os que estavam expostos ao maior perigo, exprimindo assim seu apelo transparente para unir esforços nesta batalha dura e desigual.

Um segundo envio de donativos para apoiar os trabalhos de prevenção na Europa chegou ao aeroporto belga de Liège em 16 de Março. Nesse mesmo dia informava-se também da chegada à Etiópia de outro carregamento destinado aos 54 países africanos. No dia seguinte, um voo de Hangzhou para Roma levava fornecimentos médicos para a Cruz Vermelha Italiana e anunciava-se que mais kits e máscaras iam a caminho.

Nesse mesmo dia, outro avião chegava a Saragoça, Espanha, com outra carga de umas 500 mil máscaras e outros equipamentos médicos para apoiar o combate contra o novo Coronavírus. Nesse dia uma mensagem na conta de Jack Ma no twitter assegurava em castelhano #Estevirusloparamosentretodos. Um dia depois outro avião chegava a Liège para apoiar os esforços da Bélgica e da França. A agência chinesa XINHUA destacou que a fundação Jack Ma incrementava seus esforços para proporcionar mais apoio aos países afectados, especialmente a Itália, Bélgica, Espanha, Eslovénia, França, Áustria, Dinamarca, Alemanha, Irlanda e Países Baixos.

No dia 19 chegava a vez de vizinhos asiáticos como a Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia.

No dia 21 mais fornecimentos de emergência para o Afeganistão, Bangladesh, Cambodja, Laos, Maldivas, Mongólia, Myanmar, Nepal, Paquistão e Sri Lanka. Dias depois envios semelhantes chegavam ao Azerbaidjão, Butão, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Vietname. Os países asiáticos já somavam 23.

Em 22 de Março, à medida que a pandemia avançava, chegava a vez da América Latina e do Caribe.

O novo tuite de Jack Ma anunciava o envio de 2 milhões de máscaras, 400 mil kits de diagnóstico rápido e 104 ventiladores para 24 países da região, dentre eles Cuba, Argentina, Brasil, Chile, Equador, República Dominicana e Peru. No dia 24 uma mensagem do embaixador chinês no Panamá confirmava a próxima chegada a esse país de 100 mil máscaras e 10 kits de diagnóstico, enquanto o seu colega em Havana confirmava o mesmo.

Ainda em 30 de Março anunciavam-se envios adicionais de equipamentos tais como ventiladores, luvas e fatos médicos protectores. O hashtag #OneWorldOneFight tornou-se tendência nas redes.

BLOQUEIO IMPLACÁVEL CONTRA CUBA

Contudo, entre tantas notícias e anúncios, um desses envios não pôde chegar ao seu destino final. Acontece que o seu transportador – uma empresa estado-unidense contratada para isso – recusou na última hora essa encomenda. Argumentou ela que as regulações do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto contra o país de destino, reforçadas pela actual administração dos EUA, a impediam de fazê-lo.

Assim, o nobre, descomunal e louvável esforço do fundador da Alibaba e da Fundação Jack Ma, que havia conseguido alcançar mais de meia centena de países de todo o mundo, não pode chegar ao solo cubano. Não lhes importou quão necessários poderiam ser esses recursos na batalha travada por esta pequena ilha do Caribe assediada e bloqueada. Mais uma vez, impõe-se o injusto, arbitrário e ilegal bloqueio que tudo perturba.

Nosso agradecimento ao Sr. Ma por haver pensado em nós e pelos esforços que ainda faz para que a contribuição da sua fundação chegue por fim ao seu destino. As coisas para Cuba serão sempre mais difíceis. Por isso, cada êxito, cada pequeno passo em frente, converte-se num triunfo colossal contra os demónios.

Ver também:
  VALIENTES: Doctora de EE.UU. formada en la Escuela Latinoamericana de Medicina lucha contra la COVID-19 en Nueva York

[*] Responsável por El Blog de Cuba en China, cubano.

O original encontra-se em cubachina.wordpress.com/... e em www.cubadebate.cu/...

Este artigo encontra-se em https://resistir.info/

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