Philip Alston acusa o governo
britânico de causar "dano e miséria" à população com as políticas de
"austeridade".
Philip Alston, relator
especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a pobreza extrema e
os direitos humanos, apontou, esta segunda-feira, o dedo à forma como o Reino
Unido se comportou durante o combate à pandemia de Covid-19.
O responsável sublinha que, pese
embora os rasgados elogios que o governo liderado por Boris Johnson tem tecido
ao serviço nacional de saúde britânico (NHS), este foi delapidado pelas
políticas de "austeridade" dos últimos anos.
"Os meus pensamentos remontam
ao sentido de quão tremendamente hipócrita é agora abandonar a
austeridade com tamanho entusiasmo, após todo o dano e miséria causados a
indivíduos e ao fatal enfraquecimento da capacidade da comunidade em lidar e
reagir ao longo dos últimos dez anos", atirou, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
"E, claro, muitos dos piores
e mais danosos aspetos da austeridade não podem e não vão ser
revertidos. Os danos causados à coesão da comunidade e à infraestrutura social
irão, provavelmente, revelar-se permanentes", acrescentou o especialista.
Philip Alston não ficou, no
entanto, por aqui, e afirmou que "as políticas de vários estados refletem uma
filosofia de Darwinismo social que prioritiza os interesses
económicos dos mais ricos, ao passo que pouco fazem por aqueles que trabalham
arduamente para providenciar serviços essenciais ou são incapazes para se sustentarem
a si mesmos
"Os governos fecharam países
inteiros sem fazerem, sequer, o mínimo esforço para assegurar que as pessoas
conseguem sobreviver. Muitas delas, que estão na pobreza, vivem diariamente,
sem poupanças nem comida excedente. E, claro, os sem-abrigo não podem,
simplesmente, ficar em casa", concluiu.
Notícias ao Minuto | Imagem: ©
Getty Images
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