Um posto militar sul-coreano foi
alvo de disparos na manhã deste domingo, respondendo com dois tiros e um aviso.
Militares sul-coreanos acreditam que não terão sido intencionais.
A Coreia do Sul e do Norte
trocaram durante a manhã deste domingo tiros na fronteira que as separa, disse
em comunicado o Estado Maior das Forças Armadas sul-coreano. O incidente
aconteceu poucas horas depois de o líder norte-coreano, Kim
Jong-un, ter reaparecido publicamente depois de 20 dias sem o mundo lhe pôr
os olhos em cima e se especulava que tivesse morrido.
A troca de tiros começou quando
um posto militar sul-coreano, localizado no seu lado da fronteira, nas
proximidades da cidade de Cheorwon, foi alvo de alguns tiros. Os disparos não
feriram ninguém e foram feitos sem grande precisão, dado o intenso nevoeiro na altura,
mas os militares sul-coreanos responderam com “dois tiros e um aviso conforme o
manual”, de acordo com a BBC.
“A visibilidade era pouca por
causa do intenso nevoeiro e os tiros foram feitos quando se trocava de guarda
ao longo da fronteira, que é quando eles vêem as armas. Por isso, ainda que
seja uma clara violação do acordo, a hipótese é a de ter sido intencional”,
lê-se no comunicado dos militares sul-coreanos, citado pelo Guardian.
“Tê-lo-iam feito em melhores condições se tivesse sido intencional. Além
disso, os agricultores norte-coreanos estavam a trabalhar nas suas terras
parecendo imperturbáveis antes e depois do tiroteio”.
O incidente aconteceu poucas
horas depois de a televisão estatal norte-coreana
ter emitido imagens de uma visita de Kim Jong-un a uma fábrica de fertilizantes,
para pôr fim aos rumores sobre a sua morte. O líder não era visto em público há
20 dias e não compareceu na visita ao mausoléu para assinalar o
108.º aniversário de Kim
Il-Sung, seu avô e fundador do regime da Coreia do Norte, uma das datas
mais importantes no calendário do regime. Surgiram
especulações sobre o seu estado de saúde, dando-o como vegetativo depois de
uma operação, e até morte, falando-se até de quem lhe poderia suceder –
hipóteses que as secretas americanas e sul-coreanas
contestaram.
“Mesmo que [os disparos] tenham
sido um acidente ou mau cálculo, mostra a importância de as tropas manterem a
calma na fortemente fortificada zona desmilitarizada, para se garantir que a
situação não fica muito pior”, escreveu a correspondente da BBC Laura Bicker, sediada
em Seul.
A última vez que houve uma troca
de tiros entre os dois lados da fronteira foi em 2017, quando um soldado
norte-coreano tentou chegar a território do Sul para desertar e os seus
camaradas de armas o tentaram impedir.
A tensão na fronteira mais
militarizada do mundo, uma das últimas heranças da Guerra Fria, acalmou nos
últimos anos. E deveu-se, em parte, ao acordo
militar assinado entre Kim e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em 2018.
Os dois lados começaram a desmantelar alguns postos fronteiriços, mas o impasse
nas negociações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte e o fim das sanções
americanas travaram esse esforço.
Ricardo Cabral Fernandes |
Público
Sem comentários:
Enviar um comentário