Em texto divulgado na Alemanha,
políticos, cientistas e religiosos alertam contra seletividade nos sistemas de
saúde em detrimento das pessoas mais vulneráveis e pedem "revolta
moral" para "salvar vidas".
Personalidades da política,
ciência e lideranças religiosas lançaram um apelo internacional pela
valorização da vida dos idosos em meio a crise gerada pela pandemia do novo
coronavírus, exigindo um "revolta moral".
"Toda a energia necessária
deve ser investida para salvar o maior número de vidas e garantir a todos o
acesso aos tratamentos", diz o texto publicado no último sábado (23/05) em
anúncio no jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, assinado, entre
outros, pelo filósofo e sociólogo Jürgen Habermas.
"O valor da vida deve ser o
mesmo para todos. Os que desvalorizam as vidas frágeis e debilitadas dos idosos
abrem caminho para a desvalorização de todas as demais vidas", diz o
texto. Entre os vários signatários estão o ex-presidente da Comissão Europeia e
ex-premiê da Itália Romano Prodi, a ex-ministra alemã da Educação Annette
Schavan e o arcebispo de Bolonha, Matteo Zuppi.
O texto alerta que em muitos
países surge "um modelo perigoso" que consiste na seletividade dos
sistemas de saúde, onde a vida dos idosos é considerada secundária. "Sua
maior vulnerabilidade, a idade avançada e a possibilidade da existência de
outras doenças, servem para justificar uma seleção em favor dos mais jovens e
mais saudáveis", prossegue.
Se omitir e permitir que isso
aconteça é algo humanamente e legalmente inaceitável, afirmam os signatários.
"A ética democrática e humana se baseia em não fazer distinção entre as
pessoas, mesmo no que diz respeito à idade." Eles alertam que isso poderá
gerar uma divisão na sociedade baseada nas faixas etárias.
Em todas as culturas, existe a
percepção de que as gerações mais velhas são fundamentais. "A aceitação da
existência de valores diferentes termina por rasgar o tecido social da
solidariedade entre as gerações e dividir a sociedade. Não podemos deixar
morrer a geração que lutou contra as ditaduras e que trabalhou na reconstrução
do pós-guerra e reergueu a Europa", diz o texto, que resulta do aumento
das preocupações com o alto número de mortes entre idosos nos últimos meses.
Os signatários afirmam que a
"revolta moral" se faz necessária para que possa haver uma
"mudança de direção no tratamento dos mais velhos, de modo que aqueles em
condições mais vulneráveis jamais sejam vistos como fardos ou, ainda pior, como
inúteis."
Deutsche Welle | RC/dpa
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