Na comemoração dos 40 anos da
Revolução de 25 de Abril de 1974, A canção foi originalmente gravada no álbum
Baladas de Coimbra (EP II), em 1963, de José Afonso. [É o tema fundador do
canto político em Portugal, assumido como instrumento de combate cultural e
cívico em tempo de censura e um símbolo da resistência contra o fascismo. Estava lá tudo dito e, por isso, não podia ser dito. Foi uma das canções-senha
do Movimento das Forças Armadas (MFA).
José Afonso tentou comunicar valores e
ideais, utopias e mensagens libertadoras, ansiou por um Portugal sem tabus, sem
ter de calar o valor da liberdade, pelo que se tornou num vulto histórico, num
modelo de afronta na luta contra o regime. As suas canções premeiam uma veia
criadora, intensamente preocupada com causas humanas e sociais e são exemplo de
ação e de luta constante, objectivando provocar a agitação e a mudança, contra
o marasmo fomentado por um regime que necessitava de ser questionado e, por
fim, substituído.
A letra de "Os Vampiros” recuperou, ao fim de cinquenta
anos, total atualidade perante desmandos cometidos, com obediência e prazer,
por ordem de fortes poderes externos. A canção é uma poderosa chamada de
atenção para que nos recordemos que seremos sempre capazes de vencer os
vampiros de hoje, os governantes que nos exauriram com austeridade ilegítima e
forçada, e que ficam escandalosamente impunes às ilegalidades praticadas.
"Eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada", assim relata o
refrão. É uma canção intemporal. José Afonso foi o principal músico,
compositor e cantor de intervenção em Portugal. Tornou-se um símbolo da
resistência democrática contra a ditadura que dominou o país entre 1933 e 1974.
Algumas das suas canções foram proibidas pela censura e os discos
aprisionados. Os grandes criadores, é sabido, costumam ter a capacidade de
antecipar em décadas ou mesmo em séculos aquilo que depois passará a fazer
parte da vida e da História.
Os UHF lembram que foi a canção-política que uniu
as vozes e as vontades com o quotidiano dos civis e militares que fizeram a
mudança em 1974 apesar de me faltar conhecimento adoro esta balada portuguesa.
OS VAMPIROS
No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar
sisudo
E lhes franqueia As portas à
chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
[Bis]
A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas
calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas
acabadas
São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem
lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite
abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada
Se alguém se engana Com seu ar
sisudo
E lhe franqueia As portas à
chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
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