À DW Àfrica, Rafael Massanga
Savimbi, filho do líder fundador da UNITA, diz que o seu pai deve ser recordado
"como um cidadão patriota a serviço da pátria". Mas reconhece: é
preciso assumir passivo.
A União Nacional para
Independência Total de Angola (UNITA) recordou o seu líder fundador com um
minuto de silencio na manhã desta segunda-feira (01.06). Há um ano, os restos
mortais de Jonas Savimbi foram depositados
em Lopitanga, província angolana do Bié.
Entrevista à DW Africa, Rafael
Massanga Savimbi, um dos filhos de Jonas Savimbi, explicou como o seu pai devia
ser lembrado pelo Estado angolano.
"Jonas Savimbi tem sido
recordado como um angolano, como um cidadão patriota que dedicou toda a sua
vida ao serviço da sua pátria. Hoje feito o balanço, feita uma analise mais
fria dos factos, a maioria dos angolanos conclui que Jonas Savimbi é dos
expoentes máximos do nacionalismo angolano, que contribuiu na luta para a independência e luta pela democratização do nosso país".
Atrocidades
A figura de Jonas Savimbi também
é associada a atrocidades na Jamba, antigo bastião da UNITA, narradas, por
exemplo, pela jornalista e advogada Bela Malaquias, no seu livro intitulado
"Heroinas da Dignidade - Memórias de Guerra".
Questionado sobre se a memória do
seu pai tem sido diabolizada, o também deputado Rafael Massanga Savimbi
respondeu que "já não há razões de se diabolizar a imagem de um e de
outro" líder histórico angolano.
"Eu acho que hoje, e
acredito ser essa a prioridade dos angolanos, é fazermos com que, aqueles que
governam resolvam os problemas básicos das populações", defendeu.
Ainda assim, o filho de Jonas
reconhece a existência de um passivo da UNITA e do seu líder fundador que deve
ser assumido: "O passivo da UNITA, porque ele existe, não é uma novidade,
não há nada que não seja sabido. Este passivo foi abordado e assumido durante a
XVI conferência da UNITA, que se realizou em 2001 pelo próprio presidente fundador,
Dr. Jonas Savimbi", ressaltou.
Passivo a ser assumido
Que passivo deve ser assumido? O
analista angolano Agostinho Sicatu responde: "Uma das máculas é o facto
de, ao longo do período das contradições, ter-se ouvido episódios nomeadamente
das mortes de dirigentes, aquela história da queima de bruxas, enfim".
Para este politólogo, outros movimentos históricos de libertação nacional, precisamente o Movimento Popular
de Libertação de Angola (MPLA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola
(FNLA), também devem se "reconciliar com a história".
"O MPLA precisa
reencontrar-se consigo mesmo. Está a fazê-lo agora com o 27 de Maio. Mas também
precisa fazê-lo com aqueles que foram perseguidos em 1962. FNLA também tem os
seus passivos".
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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