A empresária angolana acusada de
desviar fundos do Estado negou que as autoridades desconheçam o seu paradeiro
ou que não a consigam contactar. E afirma estar "sempre disponível" a
"prestar todos os esclarecimentos".
Em comunicado enviado esta
segunda-feira (06.07) à agência de notícias Lusa, Isabel dos Santos afirma que
as informações de que esteja em parte incerta "são falsas" referindo
que, desde janeiro de 2020, constituiu advogados mandatados em Angola e
Portugal, "com procurações forenses apresentadas e aceites pela
justiça" de ambos os países.
A empresária angolana, filha do
ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos, sublinha também que "se
fez presente em todos os autos e processos de cuja existência teve
conhecimento, por diligência" própria, tanto na justiça de Portugal como
na de Angola.
O procurador-geral da República
(PGR) angolano assumiu, na sexta-feira passada (03.07), dificuldades
em notificar a empresária Isabel dos Santos, em Angola e noutros países,
admitindo que a possibilidade de emitir um mandado de captura "está em
aberto".
"Em Luanda já foi notificada
nos locais possíveis onde poderia ser contactada e não houve nenhuma
resposta", adiantou Helder Pitta Grós, numa conferência de imprensa em
Luanda. "Neste momento não sabemos onde será o seu domicílio, nem
profissional, nem onde vive e isso tem dificultado a sua notificação",
frisou.
O PGR disse que foram feitas
também tentativas junto das suas empresas e que o mesmo foi solicitado a
Portugal, sem sucesso, pelo que a emissão de um mandado "é uma hipótese
que está em aberto".
Em resposta, Isabel dos Santos
disse hoje que os advogados que a representam "encontram-se mandatados
conforme manda a lei, têm praticado vários atos sucessivamente nos processos e
estão em contacto com a PGR angolana, com o Tribunal de Luanda e com a justiça
portuguesa".
"Pelo que desminto a afirmação
de que não é conhecido o meu paradeiro ou que eu não esteja contactável. É
falsa a afirmação de que a Justiça angolana desconhece o meu paradeiro e que
não me possa contactar", adianta no comunicado.
Isabel dos Santos que reafirma,
no comunicado, ser vítima de "injustiça e perseguição política",
adianta que a descoberta e reposição da verdade neste processo é do seu maior
interesse.
"Ataques"
A empresária angolana diz ainda
que pretender ver resolvido o "mais rapidamente possível" esses
"ataques à sua reputação e bom nome", como empresária e empreendedora
africana. Por isso, "estou disponível, como sempre estive, a colaborar com
a justiça e a prestar todos os esclarecimentos necessários para que prevaleça a
verdade", concluiu.
Além da filha do antigo
Presidente angolano, são também arguidos Sarju Raikundalia, ex-administrador
financeiro da Sonangol, Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos, e
presidente do conselho de administração do BFA, Paula Oliveira, amiga de Isabel
dos Santos e administradora da NOS, e Nuno Ribeiro da Cunha, gestor de conta de
Isabel dos Santos no EuroBic, que morreu em janeiro.
A empresária viu também as suas
contas bancárias e participações sociais serem arrestadas em Portugal e em Angola. Em janeiro, o
Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou também mais de
715 mil ficheiros, sob o nome de 'Luanda Leaks', que detalham alegados esquemas
financeiros de Isabel dos Santos e do marido, que lhes terão permitido retirar
dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.
Deutsche Welle | Lusa
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