sábado, 18 de julho de 2020

Timor Resources espera iniciar exploração em poços no sul de Timor no final do ano


Díli, 17 jul 2020 (Lusa) -- A empresa Timor Resources espera iniciar no final do ano ou início de 2021 as operações de perfuração de petróleo no sul de Timor-Leste, adiadas devido à pandemia da covid-19, disse uma responsável.

A presidente do conselho de administração (CEO) da empresa Suellen Osborne disse à Lusa que o calendário do projeto está também condicionado pelo processo de obtenção das licenças ambientais necessárias, mas reafirmou que a empresa continua "100% empenhada" em avançar com o projeto.

"A pandemia da covid-19 limitou a nossa capacidade de movimentar pessoas internacionalmente. Somos uma empresa de propriedade australiana e não conseguimos sequer sair da Austrália neste momento", afirmou.

"E como estamos apenas em fase de exploração, não temos a isenção de que goza a Conocco para poder entrar em Timor-Leste", referiu.

A empresa indonésia contratada para a perfuração inicial não consegue movimentar os funcionários da Indonésia, dos Estados Unidos e de Singapura, o que impossibilita arrancar com as perfurações.


O objetivo inicial era começar as perfurações exploratórias em março e, para isso, o equipamento necessário foi já colocado nas zonas no sul do país onde os poços vão ser feitos.

"Não podemos avançar até que tenhamos a aprovação ambiental da Autoridade Nacional de Petróleo e Minerais (ANPM) que esperamos obter em qualquer momento", salientou.

"A covid-19 também afetou o trabalho da ANPM e por isso houve este atraso na obtenção do certificado", indicou.

A expectativa é de que a empresa possa arrancar as perfurações 90 dias depois da entrega do certificado, caso as condições da pandemia da covid-19 permitam a mobilidade das equipas.

"Estamos a trabalhar com os Governos da Austrália e de Timor-Leste para ver como podemos fazer isto e talvez possamos começar no último trimestre ou, caso não seja possível, no início de 2021", adiantou.

Osborne lembrou que a empresa investiu já quase 36 milhões de dólares americanos (31,6 milhões de euros) no projeto, empregando mais de 500 pessoas nas várias fases de desenvolvimento.

Uma vez que os atrasos se devem "a uma situação que ocorre uma vez em 100 anos", como a pandemia da covid-19, Osborne disse que os fornecedores não estão, para já, a cobrar custos adicionais.

Porém, se houver atraso na entrega dos certificados ambientais que autorizem a perfuração, isso poderá "ter impactos comerciais na relação com os fornecedores" e empresas contratadas, disse. "Mas continuamos empenhados, claro. Não há qualquer dúvida", frisou.

"E continuamos empenhados em apoiar a Timor Gap [parceiro no contrato] para o programa mínimo de trabalho", acrescentou.

Contudo, Suellen Osborne admitiu estar preocupada relativamente às perspetivas incertas, a longo prazo, do setor petrolífero e, ao mesmo tempo, sobre a confirmação exata das reservas que estão disponíveis 'onshore'.

"Estamos profundamente preocupados com o mercado do preço do crude. Os preços do barril devem ficar acima dos 45 dólares americanos (cerca de 40 euros) no caso da produção 'onshore', que tem menor custos. E no nosso caso temos uma operação eficiente e 'magra'", notou.

A expectativa é que a produção possa começar 18 meses depois das perfurações iniciais exploratórias, passando por uma primeira fase para conversão dos poços e construção de depósitos, estando já preparados contratos de exportação do crude.

"As receitas só começariam 18 meses depois dessa perfuração inicial. O custo de operar onshore é de entre 15 e 17 dólares [entre cerca de 13 e 15 euros] por barril, mas se o volume não existir, o resultado pode não ser o esperado", notou.

Há cerca de 50 anos que não se fazem perfurações na zona e as iniciais, "feitas nos locais errados", apontaram para uma produção diária de 220 barris, observou Osborne.

"Nós fizemos melhores análises, testes sísmicos e penso que estamos a perfurar nos locais certos. E a estimativa é de conseguir chegar aos 1.200 barris por dia", notou.

Em abril de 2017, o Governo timorense concedeu à Timor Resources as primeiras licenças de exploração e produção de petróleo no interior do país, abrangendo uma área de cerca de dois mil quilómetros quadrados em quatro municípios do sul.

O bloco A, nos municípios de Covalima e Maliana, e o bloco C, nos municípios de Manufahi e Ainaro, foram adjudicados em regime de Contratos de Partilha de Produção (PSC) à Timor Resources Pty Ltd, uma empresa australiana do Nepean Group.

A "estimativa otimista" da empresa é de que os blocos A e C contenham cerca de 40 milhões de barris de petróleo.

ASP // EJ

Sem comentários:

Mais lidas da semana