Díli,
17 jul 2020 (Lusa) -- A empresa Timor Resources espera iniciar no final do ano
ou início de 2021 as operações de perfuração de petróleo no sul de Timor-Leste,
adiadas devido à pandemia da covid-19, disse uma responsável.
A
presidente do conselho de administração (CEO) da empresa Suellen Osborne disse
à Lusa que o calendário do projeto está também condicionado pelo processo de
obtenção das licenças ambientais necessárias, mas reafirmou que a empresa
continua "100% empenhada" em avançar com o projeto.
"A
pandemia da covid-19 limitou a nossa capacidade de movimentar pessoas
internacionalmente. Somos uma empresa de propriedade australiana e não
conseguimos sequer sair da Austrália neste momento", afirmou.
"E
como estamos apenas em fase de exploração, não temos a isenção de que goza a
Conocco para poder entrar em Timor-Leste", referiu.
A
empresa indonésia contratada para a perfuração inicial não consegue movimentar
os funcionários da Indonésia, dos Estados Unidos e de Singapura, o que
impossibilita arrancar com as perfurações.
O
objetivo inicial era começar as perfurações exploratórias em março e, para
isso, o equipamento necessário foi já colocado nas zonas no sul do país onde os
poços vão ser feitos.
"Não
podemos avançar até que tenhamos a aprovação ambiental da Autoridade Nacional
de Petróleo e Minerais (ANPM) que esperamos obter em qualquer momento",
salientou.
"A
covid-19 também afetou o trabalho da ANPM e por isso houve este atraso na
obtenção do certificado", indicou.
A
expectativa é de que a empresa possa arrancar as perfurações 90 dias depois da
entrega do certificado, caso as condições da pandemia da covid-19 permitam a
mobilidade das equipas.
"Estamos
a trabalhar com os Governos da Austrália e de Timor-Leste para ver como podemos
fazer isto e talvez possamos começar no último trimestre ou, caso não seja
possível, no início de 2021", adiantou.
Osborne
lembrou que a empresa investiu já quase 36 milhões de dólares americanos (31,6
milhões de euros) no projeto, empregando mais de 500 pessoas nas várias fases
de desenvolvimento.
Uma
vez que os atrasos se devem "a uma situação que ocorre uma vez em 100
anos", como a pandemia da covid-19, Osborne disse que os fornecedores não
estão, para já, a cobrar custos adicionais.
Porém,
se houver atraso na entrega dos certificados ambientais que autorizem a
perfuração, isso poderá "ter impactos comerciais na relação com os
fornecedores" e empresas contratadas, disse. "Mas continuamos
empenhados, claro. Não há qualquer dúvida", frisou.
"E
continuamos empenhados em apoiar a Timor Gap [parceiro no contrato] para o
programa mínimo de trabalho", acrescentou.
Contudo,
Suellen Osborne admitiu estar preocupada relativamente às perspetivas incertas,
a longo prazo, do setor petrolífero e, ao mesmo tempo, sobre a confirmação
exata das reservas que estão disponíveis 'onshore'.
"Estamos
profundamente preocupados com o mercado do preço do crude. Os preços do barril
devem ficar acima dos 45 dólares americanos (cerca de 40 euros) no caso da
produção 'onshore', que tem menor custos. E no nosso caso temos uma operação
eficiente e 'magra'", notou.
A
expectativa é que a produção possa começar 18 meses depois das perfurações iniciais
exploratórias, passando por uma primeira fase para conversão dos poços e
construção de depósitos, estando já preparados contratos de exportação do
crude.
"As
receitas só começariam 18 meses depois dessa perfuração inicial. O custo de
operar onshore é de entre 15 e 17 dólares [entre cerca de 13 e 15 euros] por
barril, mas se o volume não existir, o resultado pode não ser o esperado",
notou.
Há
cerca de 50 anos que não se fazem perfurações na zona e as iniciais,
"feitas nos locais errados", apontaram para uma produção diária de
220 barris, observou Osborne.
"Nós
fizemos melhores análises, testes sísmicos e penso que estamos a perfurar nos
locais certos. E a estimativa é de conseguir chegar aos 1.200 barris por
dia", notou.
Em
abril de 2017, o Governo timorense concedeu à Timor Resources as primeiras
licenças de exploração e produção de petróleo no interior do país, abrangendo
uma área de cerca de dois mil quilómetros quadrados em quatro municípios do
sul.
O
bloco A, nos municípios de Covalima e Maliana, e o bloco C, nos municípios de
Manufahi e Ainaro, foram adjudicados em regime de Contratos de Partilha de
Produção (PSC) à Timor Resources Pty Ltd, uma empresa australiana do Nepean
Group.
A
"estimativa otimista" da empresa é de que os blocos A e C contenham
cerca de 40 milhões de barris de petróleo.
ASP
// EJ
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