terça-feira, 29 de setembro de 2020

Covid-19: PR de Cabo Verde alerta que 2021 pode ainda ser pior

Jorge Carlos Fonseca pede um "exercício mais efetivo" das autoridades no combate à Covid-19 na Praia, alertando que 2021 pode ser ainda pior em termos económicos. Governo fala em "massificação dos testes" à Covid-19.

A posição do Presidente cabo-verdiano e do Governo surge após reunião do Conselho da República, esta segunda-feira (28.09), que analisou a situação epidemiológica do arquipélago, quando o país regista um acumulado de 5.817 casos diagnosticados em seis meses e 59 mortos.

"Se não baixarmos [o nível de transmissão da doença], não conseguiremos retomar minimamente a economia, não poderemos iniciar a cooperação económica e as perspetivas - os cabo-verdianos têm de ter essa noção - não são boas (…). Não alterando este quadro, 2021 será um ano ainda bem mais difícil do que o de 2020", enfatizou Jorge Carlos Fonseca. 

Face às consequências económicas e sociais que o país desde já antecipa, o chefe de Estado defendeu que é possível fazer uma "reflexão" sobre um "consenso nacional" para a recuperação do país, envolvendo partidos, sindicatos e agentes económicos. Mas isto pode ser feito apenas depois do atual ciclo eleitoral, que além das autárquicas de 25 de outubro ainda prevê eleições legislativas e presidenciais em 2021. 

O Governo, através do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, comprometeu-se com o objetivo de "massificação dos testes" à Covid-19 "para que se possa ter uma ideia mais precisa da situação da epidemia", apesar de Cabo Verde ser já um dos países africanos "que mais testes faz". 

A intervenção do Governo ao nível dos testes visa também a diminuição do tempo de espera pelos resultados, já que 54% das amostras ultrapassam as 72 horas, com "efeitos negativos de propagação". 

Por isso, defendeu Jorge Carlos Fonseca, são necessárias medidas para "encurtar esse espaço de tempo", tal como acabar com a necessidade de deslocação aos locais de teste para conhecer o resultado. 

Alto número de infeções

Na reunião, foram ainda analisadas as condições de retoma do ano letivo em 1 de outubro, num momento em que há um "número significativo de casos de infeção" por Covid-19. Os casos estão, entretanto, concentrados sobretudo na ilha de Santiago, "e especialmente no concelho da Praia" - com 3.511 casos diagnosticados e 38 mortos. Nas restantes ilhas a situação está "sob controlo" ou "com evolução positiva". 

"Uma atenção especial deve continuar a merecer a situação da epidemia aqui na Praia. Isso implica vários tipos de ações. Uma ação de esforço de exercício mais efetivo das autoridades democráticas", apelou, numa altura em que são visíveis sinais de relaxamento da população nas medidas de prevenção da transmissão da doença, como o distanciamento social ou o uso de máscara.

Defendeu, por isso, "mais e melhor comunicação" para explicar os riscos da doença aos vários grupos populacionais. 

Situação económica 

Com o país fechado ao turismo desde meados de março para conter a transmissão da pandemia, afetando um setor que garante diretamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB), a situação económica de Cabo Verde foi analisada com a presença do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia. 

"A situação atual merece preocupação e sem a criação de condições que permitam alguma retoma da economia, nomeadamente do turismo, haverá riscos de deterioração da situação atual, que já é preocupante", resumiu, no final, o Presidente de Cabo Verde. 

Recordando indicadores que apontam para a perda de 30% das receitas fiscais em 2020 e a duplicação da taxa de desemprego para 20%, a reunião abordou a necessidade de "desconfinar" o país, nomeadamente a reabertura das fronteiras, cenário que o chefe de Estado entende ser necessário, assumindo que "está em causa a sobrevivência da economia" do arquipélago. 

Contudo, alertou que não será possível "desconfinar" se Cabo Verde não fizer "recuar os números" da pandemia: "Temos de criar as condições mínimas para tanto".

Deutsche Welle | Lusa

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