#Publicado em português do Brasil
Presa em Minsk, Maria Kolesnikova
relata ter sido sequestrada e levada à cadeia após resistir à deportação
forçada na fronteira com a Ucrânia. "Afirmaram que se me recusasse,
me tirariam do país viva ou em pedaços."
Maria Kolesnikova, uma
proeminente ativista da oposição de Belarus, acusou nesta quinta-feira (10/09)
agentes do regime de Alexander Lukashenko de sequestro e ameaça de
morte.
Ela afirmou, em queixa formal
divulgada por sua advogada, que na madrugada de terça-feira homens dos serviços
estatais de segurança bielorrussos colocaram um saco em sua cabeça e a levaram
para a fronteira com a Ucrânia. Ela acabou resistindo a uma deportação forçada
e acabou sendo presa.
"Eles ameaçaram me
matar", disse Kolesnikova, de 38 anos. "Eles afirmaram que se eu
me recusasse a deixar o território de Bielorrússia voluntariamente, eles me
tirariam do país de qualquer maneira – viva ou em pedaços", acusou a
oposicionista, através de nota escrita na prisão e divulgada pela advogada.
"Eles também ameaçaram me prender por até 25 anos."
Kolesnikova afirmou estar
encaminhando denúncia formal, exigindo que as autoridades do país investiguem
agentes da KGB e do serviço de segurança bielorrusso por sequestro, detenção
ilegal e ameaça de morte. Segundo sua advogada, Lyudmilla Kazak, a ativista
cita os nomes dos agentes responsáveis por ameaçá-la e colocar um saco em sua
cabeça e ressalta que pode reconhecê-los numa acareação. Mesmo após
a queda da União Soviética, o serviço de inteligência russo manteve a sigla
KGB.
Ativistas da oposição no país
enfrentam pressão nesta semana, em meio a uma série de detenções e sequestros
de lideranças oposicionistas, enquanto completou um mês desde que
começaram as manifestações massivas contra a reeleição do presidente bielorrusso,
Alexander Lukashenko, para um sexto mandato.
A oposição rejeita os resultados
do pleito de 9 de agosto, e os manifestantes exigem a renúncia de
Lukashenko, que está no poder há 26 anos e é conhecido como "o último
ditador da Europa".
Kolesnikova é uma das lideranças
que integram o Conselho de Coordenação, criado pela oposição para
pressionar o governo a promover uma nova votação. Ela foi detida na
segunda-feira e no dia seguinte rasgou seu passaporte na fronteira entre a
Ucrânia e Belarus para evitar sua expulsão.
A ativista continua presa na
capital bielorrussa, Minsk. Ela está sendo acusada, juntamente com o advogado
oposicionista Maxim
Snak, de atentar contra a segurança nacional, numa investigação criminal
contra os membros do Conselho de Coordenação. Caso condenados, estão sujeitos a
até cinco anos de prisão.
Todos os membros do conselho,
exceto a escritora Svetlana Alexievich, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura
de 2015, foram presos ou retirados à força do país.
Homens não identificados tentaram
entrar na quarta-feira no apartamento de Alexievich em Minsk. Diplomatas
de vários países europeus se reuniram em frente ao imóvel, conseguindo evitar a
detenção da autora.
Deutsche Welle | MD/afp/ap/dpa/rtr
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