Os Estados costeiros da África Ocidental enfrentam "ameaças crescentes, ataques e a potencial infiltração de extremistas", alertou hoje, em declarações à Lusa, o enviado especial dos Estados Unidos à região do Sahel, J. Peter Pham.
"Com a escalada da violência no Sahel, os Estados costeiros da África Ocidental, em particular, a Guiné-Conacri, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, todos enfrentam ameaças crescentes, ataques, e a potencial infiltração de extremistas", afirmou o responsável, que concluiu recentemente um périplo pela região, incluindo a capital do Mali, Bamako, onde se encontrou com as novas autoridades do país.
"Estamos a seguir de muito perto uma potencial infiltração de extremistas nesses países", sublinhou, numa entrevista telefónica coletiva com órgãos de comunicação social de vários países.
Neste contexto, acrescentou o diplomata norte-americano, a estabilidade e a segurança no Mali, palco de um golpe de Estado em agosto, são essenciais para toda a região do Sahel.
"Não pode haver estabilidade e segurança no Sahel se não elas não existirem no Mali", disse.
"O Mali tem estado no epicentro da violência e das atividades extremistas na região há algum tempo. Infelizmente, não obstante as operações de manutenção da paz das Nações Unidas, MINUSMA, a Operação [francesa] Barkhane e a Força Conjunta G5 do Sahel [constituída em 2013 por tropas do Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger] não se acabou com a violência na região. Estamos a acompanhar a situação de muito perto, e esse perigo persiste", referiu ainda.
Para Pham, a estabilidade e segurança na região assentam crucialmente no alcance do objetivo longínquo da boa governação.
"A boa governação é a chave. Temos que reconhecer que o recuo da democracia e a fragilidade política em algumas partes da região exacerbam a situação e deixam os países mais vulneráveis à insegurança que existe no Sahel", afirmou numa resposta à Lusa.
Sublinhando ter passado por Paris no início do périplo, que o conduziu ao Níger e ao Mali, o diplomata norte-americano começou por sublinhar que "todos os parceiros internacionais" de Washington, "europeus ou africanos", "partilham" o "interesse comum do aumento da estabilidade na região", assim como também está "todos de acordo com várias raízes do problema, como falta de uma boa governação; falta de desenvolvimento; a necessidade de combate das organizações extremistas, que degradam ainda mais a situação", disse.
Porém, a este "interesse comum", falta juntar uma "melhor coordenação do apoio internacional" e das políticas prosseguidas pelos Estados ocidentais e organizações internacionais presentes na região.
"Queremos, com certeza, uma melhor coordenação do apoio internacional à região", sublinhou Pham.
"Melhor coordenação e uma melhor partilha de informação são, não apenas necessárias, como vitais. A multiplicação de meios e estruturas não se traduz em progressos no terreno e, com todo o respeito pelos meus colegas, que defendem mais meios e mais estruturas, isso não significa progressos no terreno", acrescentou o enviado especial.
RTP | Lusa
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