quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Esperança agora chama-se vacinas contra covid-19. Para quando? São seguras?

Bom dia este é o seu Expresso Curto

2 mil milhões de doses de esperança para a Europa

Pedro Lima | Expresso

Bom dia,

Entrou ontem em vigor em Portugal continental um novo período de estado de emergência que vai durar até 8 de dezembro mas as previsões, antevisões, predições, prognósticos, vaticínios já são mais ou menos conhecidos: apontam para um mesmo sentido, o do prolongamento do estado de anormalidade, sem Natal e sem Passagem de Ano dignos desse nome.

É uma corrida contra o tempo e contra a paciência à medida que alguns ‘sectores’ da sociedade vão explorando a natural ansiedade e saturação dos cidadãos, alimentando a ideia de que os governos dos países verdadeiramente democráticos têm prazer em alimentar um regime ditatorial com medidas desnecessárias e injustas, assim penalizando e castigando as populações que os elegeram.

E é aqui que as notícias relacionadas com as vacinas para debelar a pandemia de Covid-19 assumem relevância. Quase todos os dias há novidades sobre os avanços dessas vacinas de diferentes origens, que nos vão dando esperança de que o princípio do fim da pandemia está próximo. Ontem foi a Rússia a anunciar que a sua vacina Sputnik V contra a covid-19, desenvolvida pelo Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya em Moscovo, tem uma eficácia de 95%, segundo resultados preliminares.

Algumas farmacêuticas já iniciaram a produção das vacinas em que têm estado a trabalhar, ainda antes mesmo de haver aprovação das autoridades de saúde - a Agência Europeia de Medicamentos já fez saber que está a analisar os pedidos de autorização de três delas e que é provável que chegue a uma decisão até final deste ano ou início do próximo.

Os países posicionam-se como podem na corrida a essas vacinas. E Portugal beneficia do peso de estar integrado na União Europeia, que tem centralizado os pedidos de vacinas para os seus Estados membros. Esta terça-feira a presidente da Comissão Europeia anunciou um novo contrato – o sexto - para assegurar vacinas contra a covid-19, desta feita com a norte-americana Moderna, que fornecerá até 160 milhões de doses à União Europeia. E há um sétimo acordo à vista com a também norte-americana Novavax. Cálculos da agência noticiosa Reuters apontam para um número próximo das 2 mil milhões de doses de vacinas potencialmente disponíveis para os europeus através destes contratos.

Conheça aqui as três vacinas em fase experimental que estão na linha da frente, produzidas pela Oxford e AstraZeneca, pela Pfizer e BioNTech e pela Moderna.

Entretanto o contador não pára: ontem Portugal registou 3919 novos casos e contabilizou mais 85 mortes.

Em Espanha atingiu-se um recorde de óbitos da segunda vagaem França ultrapassou-se a fasquia das 50 mil mortesno Reino Unido registaram-se 608 mortes; e em Itália foram 853, o pior número desde março.

Já a Suécia, que nos últimos meses tem sido apontada como um exemplo de sucesso no combate à pandemia por não ter adotado medidas duras de confinamento, está a mudar de estratégia e a avançar com algumas restrições.

E entretanto o Serviço Nacional de Saúde em Portugal continua a dar sinais de saturação – ontem soube-se que o Hospital da Póvoa de Varzim/Vila do Conde atingiu o limite da capacidade de internamento. E em Lisboa a pressão sobre os hospitais vai obrigar a abrir mais 151 camas de enfermaria e 34 de cuidados intensivos até ao fim desta semana.

Voltemos às “doses de esperança”. As notícias sobre as vacinas alimentaram também as bolsas – em Portugal o índice PSI-20 avançou 2,73% e foram muitas as empresas a apresentar valorizações percentuais apreciáveis. Na Europa houve bolsas a subir para níveis de fevereiro. E em Nova Iorque o índice Dow Jones ultrapassou mesmo a barreira histórica dos 30.000 pontos – ali contam também os sinais de rendição de Donald Trump e da sua aceitação dos resultados das eleições que determinaram que Joe Biden será o novo presidente dos EUA.

OUTROS ASSUNTOS

Orçamento Prosseguem os trabalhos na Assembleia da República com vista à aprovação do Orçamento do Estado para 2021. E a chave continua a jogar-se num entendimento entre o PS e o PCP, que tem levado ao adiamento sucessivo de votações. Algumas das principais decisões tomadas ontem passaram pela contratação de mais 935 médicos de família, 630 enfermeiros e 465 técnicos para os cuidados primários; aumento de camas, médicos e enfermeiros para os cuidados intensivos; o mínimo de existência aumentou em 100 euros; as máscaras, viseiras e álcool gel passam a contar como despesas de saúde no IRS; as famílias e empresas vão poder aderir às moratórias de crédito até 31 de março de 2021; é proibido o corte de serviços essenciais no primeiro semestre de 2021; o programa de redução tarifária dos passes nos transportes públicos terá um reforço de 100 milhões de euros; o pagamento por conta é suspenso para as micro, pequenas e médias empresas; desistir do alojamento local deixa de pagar IRS no regime simplificado; e é facilitado o resgate de PPR. Fique a par de tudo o que se passa na votação aqui.

Eleições O Presidente da República marcou para 24 de janeiro a data das eleições presidenciais.

Açores Ainda a coligação da direita com o apoio da extrema-direita que viabiliza o governo que tomou ontem posse nos Açores: o antigo presidente do Governo dos Açores Mota Amaral diz que é "preciso fazer orelhas moucas" às críticas sobre o novo executivo regional, que junta PSD, PPM e CDS, contando com apoio parlamentar do Chega e da Iniciativa Liberal. E o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, diz que o Chega "ameaça o sistema político" mas está "satisfeito" com o acordo naquela região autónoma.

Reutilizáveis O Governo apelou para o uso de máscaras reutilizáveis para reduzir os custos ambientais das descartáveis, que podem representar seis toneladas de plástico a ir parar aos mares todos os meses, só a partir de Portugal.

Aviação O sector da aviação continua a dar sinais de mal estar: desta vez é o grupo SATA a entrar em lay-off a partir do próximo mês, uma que medida abrangerá cerca de três dezenas de trabalhadores. A associação que representa as companhias aéreas que operam em Portugal defende a obrigatoriedade de testes rápidos generalizados para todas as companhias e passageiros.

Media Capital Reina alguma confusão na Media Capital, proprietária da TVI: os seus acionistas aprovaram a designação do novo conselho de administração que passa a ser liderado Mário Ferreira, apesar de a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) ter pedido que não fossem tomadas deliberações que pudessem vir a ser revogadas no caso de concluir que a entrada do empresário foi contra a lei da televisão e a lei da rádio. Mário Ferreira e a restante administração reagiram dizendo esperar que a ERC recue por estar a pôr em causa muitos postos de trabalho – e fizeram um forte ataque à Cofina.

Moçambique A terrível situação na região moçambicana de Cabo Delgado, devido ao terrorismo islâmico, foi um dos temas falados entre o primeiro-ministro português e o presidente moçambicano. António Costa disse a Filipe Nyusi que Portugal está disponível para "apoiar, bilateralmente, e no quadro da União Europeia" Moçambique nos esforços de combate ao terrorismo na região de Cabo Delgado.

Racismo A ONU denunciou a existência de "racismo estrutural" no Brasil e pediu uma investigação independente sobre a morte de um homem negro espancado por seguranças brancos num supermercado na cidade de Porto Alegre, capital do estado brasileiro do Rio Grande do Sul.

O QUE ANDO A OUVIR

O fado cantado e tocado por Manuel João Vieira, vocalista dos Ena Pá 2000 e dos Irmãos Catita, num disco chamado “Anatomia do Fado”, que foi lançado há poucas semanas e que conta com 32 temas, originais e versões, com nomes tão sugestivos como “Fado Boi”, “Os avarentos”, “Ser fascista”, “Sou caloteiro” ou “Fado Anarquista”. Como não podia deixar de ser, há letras hilariantes – se acha piada ao género, vale a pena ouvir cada fado com atenção, já que o disco não contém a transcrição das letras.

O QUE ANDO A LER

“O príncipe do Congo”, de Xavier de Figueiredo, é uma narrativa histórica que incide sobre o fim do tráfico de escravos, consagrado por um decreto de 10 de dezembro de 1836, nas colónias portuguesas. Leva-nos a um tempo em que Portugal ainda era um império ultramarino e faz-nos lembrar as muitas histórias que essa experiência de 500 anos ainda tem para contar.

O autor, jornalista especializado em assuntos africanos, mostra-nos a resistência que houve à decisão de Portugal de pôr termo a esse tráfico. E foca a viagem a Lisboa de D. Nicolau, príncipe do Congo, cuja missão era convencer os portugueses a manter o tráfico de escravos, pois esse era o único rendimento do seu pai. Era só mais um a tentar contornar essa proibição, que contava também com forte oposição vinda do Brasil.

O QUE VER

Foi ontem lançada a OPTO, um serviço de transmissão de conteúdos pela Internet (streaming) da SIC, que tem uma versão gratuita e uma versão premium - na versão premium pode encontrar conteúdos exclusivos, incluindo programas e séries exclusivos, antestreias de episódios de telenovelas que passam na SIC e informação à medida, com noticiários diários com a duração de 10, 15 ou 20 minutos. Para já um dos destaques vai para a série “A Generala”, com Soraia Chaves, Margarida Marinho, Vitória Guerra e Carolina Carvalho, baseada numa história real. Pode ficar a saber tudo sobre a OPTO em opto.sic.pt.

ONDE PASSEAR

Fique também com uma recomendação do Boa Cama, Boa Mesa. Para um futuro passeio pela região da Beira Baixa, tome nota do novo Parque Barrocal, inaugurado há poucos dias em Castelo Branco. Aqui, em 40 hectares, vai encontrar passadiços, miradouros, um observatório de aves, parque infantis e trilhos na natureza milenar. Pode ler mais aqui: Novo parque de Castelo Branco é um “oásis de História Natural” com arquitetura contemporânea.

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