Paula Santos | Expresso | opinião
Depois da gigantesca e reacionária campanha contra a Festa do Avante, desenvolve-se agora uma campanha contra a realização do Congresso do PCP neste fim de semana. Tal como em agosto, as motivações não estão relacionadas com a saúde pública, mas com um único objetivo – atacar deliberadamente o PCP, porque é a única força política consequente que enfrenta os interesses dominantes. Primeiro as comemorações do 25 de Abril, depois a comemoração do 1º de Maio, a Festa do Avante e agora o Congresso do PCP.
Curiosamente, quem dirige violentos ataques ao PCP, não se expressou de forma idêntica em relação à realização de espetáculos com mais de duas mil pessoas, que contaram inclusivamente com a presença do Presidente da República e do Primeiro-Ministro, às peregrinações em Fátima, à realização do Grande Prémio de Formula 1 em Portimão, porém coloca em causa a realização do Congresso do PCP, cuja preparação foi totalmente adaptada aos tempos que vivemos, reduzindo a participação a 600 pessoas, num pavilhão desportivo, sem convidados, onde tudo está a ser pormenorizadamente ponderado, como caracteriza a organização do PCP.
Ainda no passado fim de semana no Campo Pequeno decorreu uma iniciativa na área da cultura, e bem, que contou com a presença de centenas de pessoas, portanto o problema para as forças reacionárias não é a realização de uma iniciativa com mais de 600 pessoas, mas sim a realização de uma iniciativa do PCP, em que já se sabe que cumprirá todas as recomendações de saúde pública e que dá ânimo e confiança para a continuação da luta dos trabalhadores e das populações na defesa dos seus direitos e pela melhoria das condições de vida.
Só por esta pequena amostra se percebe que o PCP não é privilegiado, mas que há de facto dois pesos e duas medidas, porque o PCP assume as suas responsabilidades, não se esconde e em tempos de pandemia denunciou os abusos e as constantes violações dos direitos dos trabalhadores nos locais de trabalho, criando dificuldades às pretensões do patronato de acentuar a exploração sobre os trabalhadores e o corte nos rendimentos. Mas sobretudo porque o grande capital não esquece que foi o PCP com a sua determinante intervenção que impediu que PSD e CDS formassem Governo e que prosseguissem o saque aos trabalhadores e aos reformados que confronta os interesses do grande capital.
Tal como preparámos com exigência a realização da Festa do Avante em setembro passado, assegurando o cumprimento de todas as recomendações de saúde pública, tornando a Quinta da Atalaia no local mais seguro do país nesse fim-de-semana, também o Congresso está a ser preparado com a máxima exigência e segurança.
Mostrámos que é possível realizar iniciativas e eventos em segurança, que é possível recuperar a nossa vida ao mesmo tempo que adotamos todas as medidas para prevenir a infeção e proteger a saúde de todos. A realização da Festa do Avante constituiu uma lufada de ar fresco, mostrando que é possível manter a atividade económica, cultural, desportiva e recreativa, cumprindo as normas sanitárias.
Num tempo em que é amplamente difundido o proibir, limitar e suspender e que se procura empurrar para a responsabilização individual, reafirmamos que a solução para o combate à pandemia não passa pela restrição de liberdades e direitos democráticos, mas sim pelo reforço da capacidade do Serviço Nacional de Saúde, assegurar a proteção individual, fazer a pedagogia da proteção; dinamizar as atividades económicas, sociais, culturais, desportivas; exercer os direitos políticos e sociais e combater o medo e os seus propagandistas.
No Congresso estarão presentes os problemas concretos que afetam os trabalhadores, os baixos salários e reformas, os despedimentos, a precariedade, as dificuldades no acesso aos serviços públicos, a educação, a saúde, a cultura, a habitação, a mobilidade e as soluções que o país precisa para o desenvolvimento económico e o progresso social.
O PCP realiza o seu Congresso, não por capricho ou teimosia, nem por provocação ou afronta, mas porque é um direito político e democrático, que não foi suspenso ou limitado. Realizamos o Congresso, tanto como realizámos a Festa do Avante porque o PCP não desertou e é necessário travar a luta em defesa do regime democrático, dos direitos, liberdades e garantias conquistados na Revolução de abril. Quando se perspetiva o agravamento da situação nacional em todas as dimensões, o PCP intervém para responder aos problemas dos trabalhadores, do povo e do país.
A realização do Congresso do PCP evidencia mais uma vez que é possível prosseguir a vida, que é possível assistirmos a um espetáculo, que é possível realizar uma atividade desportiva, que é possível ir a um restaurante!
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