O Curto do Expresso sobre Orçamento de Estado elaborado pelo Governo de Portugal, ainda pelo primado de António Costa com “acertos” de partidos apoiantes por via da abstenção. O OE vai passar e os partidos de direita clássica e radical (neofascistas) votarão contra, parece que todos esses. Parece, certo, certo só vendo. Hoje, na AR. Adeus Maradona.
Além disso há por aí, nestas
terras lusas, um drama, baseado no Congresso do PCP. Aqui del-rei que o Estado
de Emergência, que o covid-19, que os comunistas, que isto e aquilo, não deviam
existir ou, pelo menos, poderem-se reunir
Sim, Maradona bateu, pela última vez, a bota. Falhou o pontapé na morte. Diego Maradona jamais será esquecido pelos amantes da arte do futebol. Tal qual Eusébio e tantos outros. Ficam para a história do desporto rei e no coração de muitos.
Eis o Curto de hoje com a nossa “entrada”, provavelmente abusiva segundo as regras da corte do tio Balsemão Impresa de Bilderberg, simpático idoso com décadas de instalação e posse na dita comunicação social (da treta e sem ser da treta). O que segue, de autoria de um seu fiel empregado, Ricardo Costa, diretor de informação da SIC. É de ler, evidentemente.
Bom dia e paciência para aturar a atualidade dos canos das fezes que correm por aí livremente exibindo seus odores e maus aspetos. Papa quem queira. A liberdade não tem limites desde que seja respeitada a liberdade dos outros nossos concidadãos. Devia ser assim, não era? Pois.
Viva Maradona! Adeus Maradona!
MM | Redação PG
Bom dia este é o seu Expresso Curto
Hoje há Orçamento, amanhã não sabemos
Ricardo Costa | Expresso
O que dizer sobre Diego
Armando Maradona, desaparecido ontem, assim, sem mais, que não tenha já sido
escrito ou dito por todo o lado? Como resumir o que se diz em todo o mundo, das
ruas de Nápoles aos Bairros de Buenos Aires?
Talvez o melhor seja o título descritivo que encabeça o site do argentino
Clarín: “Morreu Maradona e o mundo chora-o”. Se este texto fosse um telegrama
acabava aqui.
As capas dos jornais são todas dele e quase todas têm a palavra Deus. Na
Tribuna pode ler duas mãos cheias de excelentes textos que explicam
porque é que ele era único e irrepetível. Está lá tudo, é só escolher.
E se me sobrasse uma só palavra, teria que a pedir emprestada a esta magnífica capa
do francês Libération, com o mais simples dos títulos: “Celeste”.
Descendo à terra e às minudências da nossa vida política, fique a saber
que hoje é aquele dia em que o Parlamento faz um exercício de geometria
variável e gritaria invariável para aprovar o Orçamento do Estado.
Quando o governo é minoritário, o exercício fica sempre mais complicado, apesar
de os últimos anos nos terem mostrado que PCP, Bloco e PAN acabam sempre a
salvar o documento, entre queixas, promessas e nenhumas juras de amor.
Acontece que desta vez o PS teve um problema novo. O Bloco deu às de
vila-diogo e o PCP foi decisivo para que não houvesse uma crise. A
abstenção comunista tem um preço negocial alto, ainda sem contas saldadas.
A manhã vai mostrar-nos o que falta desta história.
Nas últimas horas surgiu um novo e enorme problema por causa do Novo Banco.
Com enorme surpresa, uma proposta do Bloco teve o apoio do PSD (e do PCP e do
PAN), e agora o Fundo de Resolução está impedido de colocar um cêntimo que
seja no Novo Banco. Assim mesmo, nem mais um euro para o Novo Banco.
Ora, além de estar prevista no OE uma transferência de 476 milhões em
2021, este mecanismo decorre de um acordo entre o Estado Português, a Lone Star
e a Comissão Europeia, que permitiu a venda do banco. Ou seja, há contratos
assinados. Os meus colegas Diogo Cavaleiro e Liliana Valente explicam
muito bem neste texto o que está em causa neste esticar (ou partir) da
corda.
Parece uma brincadeira pouco pensada, mas vai tornar o nosso dia bem mais
animado. Só a política portuguesa é que nos podia entreter e surpreender no dia
de luto por Maradona. A nossa e, claro, a dos americanos. Não estamos sozinhos
na Terra.
OUTRAS NOTÍCIAS
Donald Trump decidiu perdoar Michael Flynn. Os indultos são usados por
todos os presidentes americanos, especialmente no fim do mandato. Mas este caso
tem contornos perigosos, porque Flynn, antigo conselheiro de segurança
nacional, admitiu ter mentido duas vezes ao FBI na sequência da
investigação às alegadas ligações entre a campanha presidencial de Trump em
2016 e diplomatas russos.
O
anúncio do indulto foi feito pelo presidente norte-americano no
Twitter esta quarta-feira e anunciado como sendo uma grande honra. É natural
que haja mais indultos na próxima semana e que vários protejam colaboradores
(ou ex-colaboradores) do ainda Presidente dos EUA. Há enorme especulação sobre a
possibilidade de Trump se perdoar a si próprio, pondo-se a salvo de qualquer
processo federal, o que seria inédito.
Durante a campanha para as presidenciais americanas, um dos temas mais
debatidos foi o preenchimento de uma vaga no Supremo Tribunal de Justiça.
Apesar da proximidade ao ato eleitoral – e de os cargos no Supremo serem
vitalícios -, Donald Trump avançou com a nomeação de uma juíza muito conservadora
e profundamente religiosa, Amy Coney Barrett. Hoje, conheceu-se o primeiro
efeito da nova inclinação do Supremo Americano.
O Tribunal deu razão (5 contra 4 juízes) a queixas da comunidade judaica e
também da Igreja Católica contra o Estado de Nova Iorque, que
colocou restrições de culto por causa da pandemia. A visão mais literal da
Constituição americana – agora dominante no Supremo – defende que a liberdade
religiosa não pode ser posta em causa desta forma. E não autoriza as medidas do
governador de Nova Iorque. O voto de Amy Coney Barrett foi decisivo.
Fixe estes dois números: 59 milhões de casos e 1 milhão e 400
mil mortos em todo o mundo. São estas as contas da pandemia. No vigésimo
sexto dia de novembro.
Por cá, sabemos que o governo finalmente chamou 500 funcionários públicos para
ajudarem no rastreio de doentes com Covid
Há uma outra palavra da ministra que dá que pensar, quando afirma que
o risco que Portugal corre em ter uma deficiente distribuição das vacinas é “zero”. Isso
mesmo, zero. Num país que nunca foi conhecido pela sua eficiência logística ou
planeamento porque é que este zero não me sai da cabeça?
Por falar em vacina, o recente anúncio da Astrazeneca/Universidade de
Oxford está
a passar rapidamente da euforia ao forte ceticismo. Os fabricantes e
investigadores reconhecem que um erro de fabrico e dosagem está a levantar
questões sobre os resultados preliminares da vacina experimental contra a
covid-19.
A eficácia média levanta dúvidas por parte dos especialistas porque os
participantes do estudo não receberam todos a mesma dose do fármaco. A
universidade de Oxford diz agora que houve um erro no fabrico e que alguns
voluntários receberam primeiro apenas meia dose da vacina, porque alguns dos
frascos usados não tinham a concentração certa.
Morreu Reinaldo Teles, um dos mais importantes dirigentes do F.C. Porto e de
todo o futebol português, indissociável da ascensão e da gestão de Pinto da
Costa, em que o clube ganhou um impressionante número de títulos cá e lá fora.
Num dia triste para o Futebol Clube do Porto, a equipa de Sérgio Conceição
conseguiu uma importante vitória no terreno do Marselha, em mais uma
jornada da Liga dos Campões. A campanha europeia dos portistas está a correr
muito bem e a passagem à próxima fase está quase garantida.
“Agora já estão a ouvir? Quantas pessoas têm de perder o emprego até que nos
oiçam?”. Lubomir Stanisic, na manifestação do Movimento sobreviver a pão e
água
"É uma abstenção que marca um distanciamento face a opções e critérios que
o Governo assume". João Oliveira, líder parlamentar do PCP
O QUE EU ANDO A LER
Ainda não chegou a altura das listas de Natal, mas hoje deixo quatro
recomendações.
Para quem tiver mais tempo, sugiro a leitura do Diário do Ano da Peste, de
Daniel Defoe (edições PIM!), publicado
originalmente em 1719. É um relato impressionante da peste que assolou
Londres em 1665. Quando muito se discute sobre as lições que devemos tirar de
uma pandemia, talvez valha a pena ler esta curta passagem da introdução de João
Gaspar Simões:
“(…) o certo é que a vida, depois disso, recomeçou com mais pujança ainda, e os
homens nem sequer ganharam experiência moral com o castigo que a todos atingiu.
Mortos e vivos não aprenderam nada com o “julgamento de Deus” (…) que vitimou
os seus concidadãos”.
Sobre um apocalipse bem diferente, fica a sugestão de The Silence,
o mais recente – e curto - romance do americano Don DeLillo (ainda
não traduzido em português). Tudo acontece na noite do Super Bowl de 2022,
quando todas as comunicações digitais e eletrónicas são interrompidas. Não há
televisão, internet, telemóveis. Num apocalipse tecnológico não há nada, só
ecrãs vazios. E
a conversa que faz o livro.
Nas quedas, sobretudo naquelas lá de muito alto, de que a Lava Jato está
cheia, as histórias não costumam ir além de quem caiu e se estatelou. Mas este
artigo de Malu Gaspar na
Piauí de novembro – A guerra dos
Tronos – mostra de forma impecável como a maior investigação judicial
da história do Brasil destruiu a relação entre Marcelo Odebrecht e o seu
pai, Emílio. É um texto magnífico e raro sobre uma das famílias mais ricas e
poderosas do Brasil.
Por fim, o melhor
podcast de reportagem que ouvi este ano. Retrato Narrado, de Carol Pires, sobre a biografia e
ascensão de Jair Messias Bolsonaro. Não procura explicações simples nem
únicas, escapa ao maniqueísmo e ao julgamento primário, e mostra muito bem como
foi possível que um deputado quase folclórico se transformasse em tão pouco
tempo em Presidente brasileiro.
Mesmo sem Maradona, o mundo continua a girar. Amanhã o Expresso volta a estar
mais cedo nas bancas (os assinantes digitais já o poderão ler hoje a partir das
23h), porque temos mais um fim de semana com restrições. Aproveitem para ler.
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