sábado, 1 de fevereiro de 2020

Brexit | Um reino desunido a caminho da insignificância


Agora é oficial: o Reino Unido se divorcia da União Europeia. Os caminhos do Brexit foram tortuosos e assustadores, mas nada se compara ao que está por vir para o país e seus habitantes, opina Rob Mudge*.

Pouco mais de três anos e meio atrás, na manhã de 23 de junho de 2016, eu me forcei a pular meu ritual diário de viciado em notícias, deixando de conferir o pinga-pinga constante do meu news feed, e fui para o trabalho beatamente ignorante sobre o estado das coisas no mundo.

Eu havia preparado dois artigos de opinião para o dia: um para a altamente improvável eventualidade de que o Reino Unido tivesse votado para deixar a União Europeia; e o outro sobre como nós – obviamente – ficamos no bloco.

Não me agrada usar estes termos levianamente, mas eu estava realmente em estado de choque ao entrar na redação. Meus colegas alemães mais tarde me contaram que eu parecia ter visto um fantasma.

Nos últimos anos, a aparição do Brexit tomou uma forma corpórea. Mesmo naquele momento eu – ingenuamente, como se constataria – me agarrei à esperança de que o país voltaria à razão, revertendo a decisão. Enquanto amigos e colegas meus requeriam a cidadania alemã, eu adiei essa decisão até mais ou menos o último momento.

Embora acatando plenamente o resultado de um voto democrático, eu ainda me recuso a aceitar o processo que nos levou até aqui: uma trama baseada em falsas noções, mentiras e desinformação.

Portugal | O triunfo da boçalidade


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Seria curioso saber o que vai na cabeça de todos aqueles que têm postulado que André Ventura e o seu Chega não são fascistas, agora que o ilustre deputado sugeriu que uma outra deputada (Joacine Katar Moreira) fosse devolvida ao seu pais e depois de imagens de um seu comício em que se vê a saudação nazi perante a passividade do inefável deputado. Isto por altura dos 75 anos de libertação do campo de Auschwitz.

Ventura, ele próprio bem capaz de protagonizar episódios verdadeiramente boçais, conta com a boçalidade de quem facilmente se entrega ao fascismo. Sim, o fascismo contará e contou no passado com a complacência e por vezes promoção activa das elites, sobretudo económicas, mas é de natureza boçal e conta com gente igualmente boçal que espera que o líder profira as imbecilidades do costume para as repetir e aplaudir. Tudo na mais conveniente linguagem rudimentar tão habitual no fascismo. Os líderes, esses, julgam fazer parte das elites e enquanto escondem o seu desprezo pelo povo. Pelo caminho promovem o machismo, o racismo, a homofobia, a ação sem reflexão, exultando as frustrações, apontando invariavelmente o dedo ao inimigo, contra quem urge lutar. De resto, a luta contra um inimigo que está sempre presente, de modo a sentirem-se uns verdadeiro heróis, desprovidos de qualquer espécie de espírito crítico, é central ao fascismo. Ventura que o diga, com os ciganos e a deputada negra e mulher.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Leia em Triunfo da Razão

Portugal | Ex-dirigente do Chega pertenceu à Nova Ordem Social, partido nazi


O ex-conselheiro nacional do Chega Tiago Monteiro admitiu ter estado ligado ao movimento de extrema-direita liderado por Mário Machado, tendo liderado o núcleo de Sintra.


O ex-conselheiro nacional do Chega Tiago Monteiro, que deixou o cargo na sequência de notícias sobre a sua ligação a um movimento extremista, admitiu esta sexta-feira ter estado ligado à Nova Ordem Social, mas recusou ser nazi.

Tiago Monteiro, que integrava também o núcleo de Mafra do partido liderado por André Ventura, renunciou aos cargos que desempenhava em meados de janeiro, um dia depois de a revista Sábado ter publicado uma investigação que o envolvia.

De acordo com aquela publicação, Tiago Monteiro teve ligações à Nova Ordem Social (NOS), movimento de extrema-direita liderado por Mário Machado e entretanto suspenso, tendo inclusivamente estado à frente do núcleo de Sintra daquela organização.

Na sexta-feira (31), Tiago Monteiro disse à Lusa que participou “na Nova Ordem Social numa fase de recolha de assinaturas” porque na altura o movimento “se dizia nacionalista e não nazi”.

“Não sou racista, não sou nazi”, apontou, referindo que se afastou “no final de 2014” e a sua ligação à NOS durou “dois, três meses, se tanto”, sendo que até nem chegou a entregar as assinaturas que recolheu.

“Eu nunca participei em nada [da NOS]. A única coisa que fiz foi recolher assinaturas”, acrescentou o ex-dirigente do Chega, recusando ter estado à frente da concelhia de Sintra daquela organização.

Portugal | As dívidas dos outros!


O IVA, sendo um imposto diferenciado, mas unilateral, deve ser um imposto equilibrado e a sua incidência sobre bens essenciais, como o é a energia, o valor percentual mais baixo dos escalões em prática corrente. Porque só assim é possível dar mostra de uma governação de pessoas para pessoas e não, um Governo de um grupo para alguns grupos.


Entre um “alívio” para o equilíbrio orçamental na gestão da despesa pública por parte de um Governo e um alívio para o equilíbrio orçamental das despesas das famílias, claramente que, um alívio para o equilíbrio orçamental das famílias deve ter prioridade. Até porque, não foram as famílias em geral que endividaram o Estado.

Quem endividou o Estado foram outras “famílias” através de operações financeiras duvidosas e escrituração contabilística engenhosa de forma a não só não assumirem os pagamentos de divida contraída como sorverem os contributos da União Europeia – fundos comunitários – assim como a sua não comparticipação contributiva devida para com o Estado ao contornarem esse pagamento de forma ilegal e, fiscalmente criminosa, durante décadas, culminando essa sua conduta no atual estado em que se encontram as finanças públicas. Um endividamento público de 122,2% do PIB no ano de 2018 (atingindo a economia Portuguesa um endividamento total de 724,4 milhões de euros em abril de 2019 o equivalente a 356,8% do PIB segundo revelação do Banco de Portugal em junho de 2019 em que o setor privado explica maior parte da divida) “fonte: ECO e PORDATA – Administração Pública.

Não pode, como é comum dizer-se: um povo estar endividado, a troco de algo de que só alguns usufruíram com o argumento estatístico de que: se um Português comeu dez frangos, para apuramento do rácio, foram dez os Portugueses que comeram um frango cada um.

Estranha forma de engenharia contabilística que empurra o ónus das dívidas para uns e o proveito em dividendos para outros num contexto sócio económico e político que não é igual para todos uma vez que no domínio específico do proveito a partilha não é equitativa.

Mudar de regimes políticos?


Thierry Meyssan*

Em 48 países simultaneamente, enormes manifestações colocam em causa o regime político do Estado. A supremacia do modelo democrático, aceite por quase todos no fim do século XX está hoje em dia posto em causa. Para Thierry Meyssan, nenhum sistema constitucional permitirá resolver os problemas actuais que são antes de mais a consequência de valores e de comportamentos.

«Hoje em dia instalou-se na nossa sociedade — e de maneira sediciosa, através de discursos políticos extraordinariamente nocivos—, a ideia de que já não estaríamos mais numa democracia, que uma certa forma de ditadura se teria instalado. Mas ide para ditadura! Uma ditadura, é um regime onde uma pessoa ou um clã decidem as leis. Uma ditadura, é um regime onde não se mudam os dirigentes, nunca. Se a França quer isso, experimentai a ditadura e vereis !» — Emmanuel Macron, 24 de Janeiro de 2020.

Em vários continentes, levantam-se actualmente 48 povos contra os seus governos. Um movimento de uma tal amplitude jamais foi observado à escala planetária. Após o período de globalização financeira, assistimos a uma contestação aos sistemas políticos e imaginamos a emergência de novas formas de governo.

A «supremacia» da democracia

Os séculos XIX e XX viram, ao mesmo tempo, o recurso às eleições e o alargamento dos universos eleitorais (os homens livres, os pobres, as mulheres, as minorias étnicas etc.).

O desenvolvimento das classes médias deu espaço a que um maior número se interessasse pela política. Ele favoreceu os debates e contribuiu para suavizar os costumes sociais.

Os meios de comunicação nascentes deram a possibilidade de participar na vida pública àqueles que o desejavam. Não é para responder a lutas sociais que se elege presidentes, é porque hoje em dia se pode fazê-lo. Anteriormente, privilegiava-se as sucessões automáticas, geralmente hereditárias, embora nem sempre. Era, com efeito, impossível que todos fossem informados acerca dos assuntos públicos e que transmitissem rapidamente as suas opiniões.

Estupidamente, atribuíramos a transformação sociológica das sociedades e este avanço técnico a uma escolha de regime: a democracia. Ora, isso não é uma lei, mas um estado de espírito, um ideal: «o governo do Povo, pelo Povo e para o Povo», segundo a fórmula de Abraham Lincoln.

Percebemos rapidamente que as instituições democráticas não são melhores que as outras. Elas alargam o número de privilegiados, mas, em última análise, permitem a uma maioria explorar uma minoria. Concebemos, pois, então, todo o tipo de leis para melhorar este sistema. Aceitamos a separação de poderes e a proteção das minorias

No entanto, o modelo democrático já não funciona. Muitos cidadãos constatam que a sua opinião já não é mais tida em conta. Isso não provem das instituições que no fundo não mudaram substancialmente, mas da maneira pela qual são utilizadas.

Além disso, depois de nos termos convencido com Winston Churchill que «a democracia é um mau sistema, mas é o menos mau de todos os sistemas», compreendemos que cada regime político deve responder às preocupações de pessoas que são diferentes de acordo com a sua história, a sua cultura; que o que é bom aqui não será bom acolá, nem numa outra época.

É preciso desconfiar do vocabulário na política. O significado das palavras muda com o tempo. Elas são muitas vezes apresentadas com belas intenções e acabam desviadas com más. Confundimos as nossas ideias com as palavras que usamos para as expressar, mas que outros empregam para as trair. Eu irei portanto definir neste texto o que entendo como as mais importantes.

Nós devemos recolocar a questão da nossa governança. Não à moda de Emmanuel Macron, o qual opõe «democracia» e «ditadura» de maneira a fechar a reflexão antes de ela ter sequer começado. Estas duas palavras cobrem realidades de ordem diferente. A democracia designa um regime no qual participa o maior número. Ela opõe-se à oligarquia, na qual o Poder é exercido por alguns apenas. Pelo contrário, se nem se discutir sequer o número de pessoas envolvidas na decisão, mas apenas a maneira como esta é tomada, a ditadura designa um regime onde o chefe, um comandante militar, pode ter que tomar a sua decisão sem ter que discutir isso. Ela opõe-se ao parlamentarismo.

Coronavírus | É hora de solidariedade com a China, não de racismo


Fazer comentários racistas sobre supostos hábitos de alimentação e higiene dos chineses ou olhar torto para asiáticos tossindo não serve para nada, afirma Dang Yuan, da redação chinesa da DW.

Um passageiro chinês começou a tossir a bordo de um voo da Lufthansa de Frankfurt para a China, criando a maior confusão ao seu redor, nesta quarta-feira (29/01). A situação não melhorou nada depois de ele declarar que, duas semanas antes, estivera em Wuhan, a metrópole que é o epicentro do surto de coronavírus e que foi isolada pelas autoridades locais.

A confusão chegou até a cabine. O capitão, porém, permaneceu calmo e seguiu viagem, pousando sem problemas no seu destino. A tripulação e os passageiros das poltronas perto do chinês foram logo examinados. Horas depois veio o alívio: ninguém estava infectado pelo coronavírus.

A rápida propagação desse vírus potencialmente letal deixa gente de todo o mundo insegura. E a ampla cobertura da mídia sensibilizou para o problema. Só que muitas vezes a distância entre sensibilização e reação exagerada pode ser curta: asiáticos tossindo logo viram alvo de olhares ameaçadores, como se todos fossem portadores do perigoso coronavírus 2019-nCov. Em Hamburgo, um deles foi alvo de insultos racistas.

"Ih, você está com o vírus da China?" é uma pergunta comum nestes dias. Basta um nariz escorrendo. A expressão "vírus da China" joga a culpa sobre quem é vítima: a China é o país que mais sofre com o surto e está fazendo um enorme esforço, com uma transparência única, para quebrar a onda de infecções.

Trump conquista vitória no processo de destituição


Por 51 votos a 49, Senado americano rejeita convocação de novas testemunhas e abre caminho para encerramento do processo. Absolvição de Trump é quase certa na Casa controlada por republicanos.

O Senado dos Estados Unidos, controlado pelos republicanos, decidiu nesta sexta-feira (31/01) não convocar novas testemunhas para o julgamento do impeachment do presidente do país, Donald Trump, o que abre caminho para o encerramento antecipado do processo e a absolvição quase certa do mandatário.

Com 51 votos contra e 49 a favor, a maioria republicana bloqueou a proposta dos democratas, que queriam ouvir, entre outras testemunhas, o ex-assessor de Segurança Nacional John Bolton.

Depois da votação, o Senado entrou em um breve recesso, deixando no ar a dúvida de quando os republicanos começarão as deliberações sobre a absolvição ou não de Trump das duas acusações apresentadas pela Câmara dos Representantes.

"A maioria do Senado dos EUA decidiu que os numerosos depoimentos apresentados e as mais de 28 mil páginas de documentos incluídos como evidência são suficientes para julgar as ações e encerrar esta destituição", afirmou o líder dos republicanos, Mitch McConnell.

Reino Unido deixa a União Europeia


Brexit encerra casamento de 47 anos. Milhares de britânicos se reúnem para celebrar o divórcio. Boris Johnson anuncia começo de "nova era".

O Reino Unido deixou nesta sexta-feira (31/01) oficialmente a União Europeia, encerrando uma relação de 47 anos. Milhares de apoiantes do Brexit se reuniram em frente ao Parlamento britânico em Londres para aguardar e celebrar esse momento histórico. Alguns chegaram a queimar uma bandeira do bloco europeu.

Em um discurso para marcar a saída do Reino Unido da UE, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu o país supere a divisão provocada pelo processo do Brexit e comemorou a "nova era".

"Para muita gente esse é um assombroso momento de esperança, um momento que pensavam que nunca chegaria. Há muitos, certamente, que estão com uma sensação de ansiedade e perda", admitiu Johnson no discurso que foi divulgado uma hora antes da oficialização do Brexit.

Às 23h no horário local, o Reino Unido deixou o bloco europeu. Apesar do divórcio, o país seguirá integrando as estruturas da UE até o próximo dia 31 de dezembro, período no qual as partes negociarão como será a futura relação entre elas.

"Nosso trabalho como governo, meu trabalho, é unir esse país e levá-lo em frente" disse o primeiro-ministro. "O mais importante que se deve dizer nesta noite é que isso não é um final, mas sim um começo. Esse é o momento em que o sol nasce e a cortina se levanta em um novo ato da nossa grande obra nacional", disse Johnson.

Mais lidas da semana