domingo, 15 de março de 2020

Coronavirus COVID-19: “Made in China” ou “Made in America”?


Michel Chossudovsky | Global Research, 14 de março de 2020

Trump afirma que o coronavírus foi "Made in China". E que a China ameaça a América

O presidente dos EUA quer que os americanos acreditem que a pandemia de coronavírus carrega o rótulo "Made in China".

O secretário de Estado Mike Pompeo se refere a ele como o "coronavírus Wuhan". 

"The Big Lie" começou em 30 de janeiro, quando o Diretor Geral da OMS pressionado por poderosos interesses económicos dos EUA declarou uma emergência de saúde pública global com apenas 150 "casos confirmados" (pela OMS) fora da China, com apenas seis casos nos EUA. E isso foi chamado de pandemia. 

“Mídia falsa” imediatamente entrou em alta velocidade. A China foi responsabilizada por "espalhar a infecção" em todo o mundo.

No dia seguinte (31 de janeiro de 2020), Trump anunciou que negaria a entrada nos EUA de cidadãos chineses e estrangeiros "que viajaram pela China nos últimos 14 dias". Isso desencadeou imediatamente uma crise nas viagens aéreas, transporte, relações comerciais EUA-China, bem como transações de frete e transporte marítimo.

Enquanto o rótulo de coronavírus "Made in China" serviu de pretexto, o objetivo não dito era trazer a economia chinesa de joelhos.

Foi um ato de “guerra económica”, que contribuiu para minar tanto a economia da China quanto a da maioria dos países ocidentais (aliados dos EUA), levando a uma onda de falências, sem mencionar o desemprego, o colapso da indústria do turismo. etc.

Além disso, o rótulo de coronavírus "Made in China" de Trump quase que imediatamente no início de fevereiro desencadeou uma campanha contra chineses étnicos em todo o mundo ocidental.

Geometria de uma pandemia do coronavírus


Os isolamentos e as quarentenas atrasam a propagação do vírus, permitindo que os sistemas de saúde lidem com seus efeitos. Não é para proteger você, e sim os outros

Os cientistas estavam há um mês preocupados por uma questão fundamental sobre o coronavírus. Sabiam que a China havia conseguido controlar seus focos de infecção, em particular a cidade de Wuhan, com 11 milhões de habitantes, pela simples ação de isolá-los do resto do mundo. Mas é possível aplicar esse tipo de medida nas democracias ocidentais? Acabamos de ver que sim. As medidas do Governo espanhol, como as dos outros países de nosso entorno, se baseiam quase inteiramente na experiência chinesa. Os isolamentos e as quarentenas atrasam a propagação do vírus. Isso não quer dizer que o eliminam ―esse coronavírus não parece estar em risco de extinção―, mas permitem aos sistemas de saúde lidar com seus efeitos. Esse é o ponto para entender a crise sanitária. As Bolsas de valores são outra história.

O coronavírus (SARs-CoV-2, causador da doença respiratória covid-19, mas peço ao leitor que se esqueça dessas minúcias lexicológicas) se propaga mais rápido do que seu predecessor o SARS, e até melhor do que a gripe, que até agora era o verdadeiro pesadelo dos epidemiologistas. Poucos cientistas esperavam eliminá-lo a essas alturas. O mais provável é que o coronavírus cedo ou tarde infecte a maior parte da população europeia, e certamente da mundial. A chanceler alemã, Angela Merkel, cifrou nessa semana em 70% da população, e pode ter sido otimista. Mas isso não é um dado tão preocupante quanto parece.

Alemanha fecha fronteiras contra pandemia


Travessia para França, Áustria e Suíça, normalmente livre como parte do Acordo de Schengen, estará sujeita a controles. Apesar de demanda elevada, setor alimentício alemão garante abastecimento.

Como parte dos esforços para conter a proliferação do novo coronavírus, causador da moléstia covid-19, a partir da manhã desta segunda-feira (16/03) a Alemanha fechará suas fronteiras com as vizinhas França, Áustria e Suíça. A informação partiu do jornal Bild, sendo mais tarde confirmada por fontes governamentais às agências internacionais de notícias.

As fronteiras nacionais para o sul e o oeste, normalmente livres, como parte do Acordo de Schengen, deverão ser fechadas a partir das 8h00. A decisão foi tomada pela chanceler federal Angela Merkel, em conjunto com ministro do Interior Horst Seehofer e os governadores dos estados alemães fronteiriços Baden-Württemberg, Sarre e Renânia-Palatinado.

O grupo de líderes políticos decidiu estabelecer controles reforçados e recusa de travessia em casos determinados, a fim de dar peso à medida. No entanto o transporte internacional de mercadorias será garantido, e cidadãos que vivem e trabalham entre dois países igualmente terão passe livre.

Portugal | COVID19 E O LAY-OFF



O plano anunciado pelo governo PS para combater os efeitos da pandemia Covid-19 nas empresas suscita as maiores dúvidas, não só sobre a sua eficácia mas sobretudo sobre a sua imoralidade e até ilegalidade. Sempre que existe uma crise, o patronato trata de pôr os trabalhadores a pagá-la. E o governo PS ajuda.

O Governo, pela voz do ministro da Economia Pedro Siza Vieira, anunciou um conjunto de medidas visando combater os efeitos da pandemia Covid-19.

Mas esse plano é revelador ou da falta de visão, ou da falta de coragem ou apenas da ideia de mostrar qualquer coisa. O problema é que essa fuga para a frente tem custos. E neste caso terá custos para a Segurança Social cujos fundos não são os mais adequados para este fim.

Ora, veja-se:

1. Regime de lay-off simplificado. As empresas com a sua atividade “severamente afetada devido a epidemia” (a ministra do Trabalho falou em “uma quebra de vendas excepcional” de 40% face ao período homólogo), ficam isentas do pagamento da Taxa Social Única e os trabalhadores terão a garantia de retribuições ilíquidas equivalentes a 2/3 do salário, até 1.905 euros, sendo 30% suportado pelo empregador e 70% pela segurança social, até um máximo de seis meses.

2. Lay-off com formação. Os trabalhadores em lay-off beneficiarão de ações de formação, com bolsa de 30% do IAS (€ 131,64, metade para o trabalhador e metade para o empregador), suportada pelo IEFP;

3. Plano extraordinário de formação e qualificação. Pagamento de um apoio às empresas equivalente a 50% da remuneração do trabalhador até ao limite da RMMG, suportada pelo IEFP (tal como o próprio custo da formação) para empresas “com atividade afetada pela epidemia”.

4. Apoio à manutenção do posto de trabalho. Após o termo do lay-off ou do encerramento de estabelecimento pela autoridade de saúde, os salários do primeiro mês serão apoiados pelo IEFP, com um apoio por trabalhador equivalente a 1 RMMG.

5. Isenção de contribuições sociais. O Governo vai isentar de contribuições sociais as entidades empregadoras sem lay-off ou encerramento determinado pela autoridade de saúde, bem como no período de um mês após a retoma de atividade.

Estas medidas suscitam dúvidas. Primeiro, sobre a sua eficácia.

Obviamente, trata-se de uma medida que se prevê abranja uma minoria de empresas. 

Porque:

* Se não for esse o caso, quanto dos fundos da Segurança Social estarão destinados a esta medida?

* E se a situação se tratar pandémica?

* Depois, porquê 40% da facturação homóloga?

* De que forma se pode aferir que a quebra de facturação se deveu a “uma quebra excepcional devida à epidemia”?

* Que dispositivo administrativo se vai montar, com quem, de que forma?

* Ou será montado de forma simplificada, para conceder os apoios a quem mostre uma quebra superior a 40% da facturação?

* Vai se criar uma condição de recursos das empresas beneficiárias destes apoios, como há para prestações sociais?

* Ou vai se mobilizar recursos escassos da Segurança Social para empresas sólidas?

Portugal | Bater palmas a quem luta pelo direito de todos à Saúde


AbrilAbril | editorial | imagem: Josef Lee

A comunicação social, que tão prontamente registou a onda de solidariedade, deve optar por, na próxima greve, dar eco às justas reivindicações dos profissionais que sustentam este bem maior que é o SNS.

As imagens que chegaram de vários pontos do País dão-nos, na situação difícil que estamos a atravessar, algum contentamento. Ontem, às 22h, milhares de portugueses foram às suas varandas e janelas bater palmas aos profissionais de saúde, pela sua dedicação e espírito de missão que garantem os cuidados daqueles que estão doentes.

Provavelmente, mesmo aqueles que não foram às janelas pensaram que esta era uma justa homenagem. Estes são os que não podem ficar em casa de quarentena, que não se podem proteger e que vão estar no mais próximo contacto com aqueles que estarão infectados com o coronavírus.

Mas os direitos laborais destes profissionais de saúde têm sido postos em causa ao longo de décadas e muitos consideram-nos como os «privilegiados» trabalhadores da Função Pública.

Resta à comunicação social, que tão prontamente registou esta onda de solidariedade e de respeito a que ontem assistimos, optar por, na próxima greve, não apontar as câmaras aos utentes com consultas adiadas, mas sim dar eco às justas reivindicações dos profissionais que sustentam este bem maior que é o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Quando os enfermeiros exigem a contagem dos pontos e a progressão na carreira, quando os médicos exigem a contratação de mais profissionais e horários mais equilibrados, quando os auxiliares exigem aumentos salariais e melhores condições de trabalho, estão a lutar por um princípio: o de que todos temos direito à Saúde, independentemente dos nossos rendimentos, que os cuidados devem ser prestados por um sistema dotado de todos os meios necessários e por profissionais valorizados nos seus direitos.

Porque o SNS nos garante que, em situações de excepção como aquela que vivemos hoje, não é o dinheiro que cada um tem que garante a realização do teste ou do tratamento. E não é a procura que define o valor que os cuidados de saúde têm. Quando defendemos o SNS, defendemos que o seu valor é inestimável, e exigimos um Estado capaz de o defender e de não favorecer o interesse privado sobre o interesse público.

Número de infetados com o novo coronavírus em Portugal subiu de 169 para 245


Nove pessoas nos cuidados intensivos e 100 doentes a recuperar em casa

O número de infetados com o novo coronavírus em Portugal subiu de 169 para 245, segundo o mais recente balanço. Cem doentes estão a recuperar em casa.

De acordo com o boletim da situação epidemiológica no país, divulgado este domingo de manhã pela Direção-Geral da Saúde, o número de infeções com Covid-19 aumentou em 76 desde sábado, para um total de 245 casos (134 homens e 11 mulheres), havendo neste momento 14 cadeias de transmissão ativas. Do total de doentes, 139 estão internados, nove dos quais em cuidados intensivos, e dois recuperados. A aguardar resultado laboratorial estão ainda 281 suspeitos.

Dos casos confirmados, 47 foram importados de territórios estrangeiros: Espanha (16), Itália (14), França (9), Suíça (5), Bélgica (1), Andorra (1) e Alemanha e Áustria (1). Quanto às áreas de residência, a maior parte dos doentes infetados (116) vive na zona da Grande Lisboa, seguindo-se a região Norte com 103 casos, a zona Centro e o Algarve com 10 casos cada um, países estrangeiros com cinco e os Açores um caso.

Entre os doentes infetados está uma criança com menos de dez anos e 25 pessoas entre os 10 e os 19 anos. Cinco doentes têm acima de 80 anos e 17 entre os 70 e os 79 anos. Há 28 pessoas entre os 20 e os 29 anos e 18 pessoas entre os 60 e os 69 anos.

No entanto, a maioria dos doentes tem entre 30 e 39 anos: são 55 casos. Há 53 doentes com idades entre os 40 e os 49 anos. Há ainda 43 doentes com idades entre os 50 e os 59 anos.

Desde 1 de janeiro, registaram-se 2271 casos suspeitos, dos quais 1746 foram infirmados. Em vigilância pelas autoridades de saúde, estão 4592 pessoas.

Rita Salcedas | Jornal de Notícias

Literatura | Relógio d'Água publica ensaio sobre repercussões da Covid-19


A Relógio d'Água vai editar um ensaio sobre a pandemia de Covid-19, escrito pelo físico italiano Paolo Giordano, autor do livro "A Solidão dos Números Primos", que reflete sobre as transformações sociais e culturais que a epidemia pode causar.

"O ensaio, intitulado 'Nel Contagio', desenvolve um artigo publicado no Corriere della Sera, que teve um importante impacto na sociedade italiana", disse à agência Lusa Francisco Vale, editor da Relógio d'Água.

Trata-se de uma obra que, mais do que a própria epidemia, se ocupa sobretudo das transformações sociais e culturais que esta pode causar, acrescentou.

Na apresentação da obra, o autor escreve: "Não tenho medo de ficar doente. Então, tenho medo de quê? De tudo aquilo que o contágio pode mudar. De descobrir que os pilares da civilização que conheço são um castelo de cartas. Tenho medo do esgotamento, mas também do seu contrário: que o medo passe em vão, sem deixar uma mudança para trás".

Candidata a ser a emergência sanitária mais importante dos tempos atuais, a epidemia Covid-19 "revela a complexidade do mundo em que habitamos, das suas lógicas sociais, políticas, económicas, interpessoais e psíquicas", refere a sinopse.

Covid-19: Vírus já matou 5.796 pessoas e há mais de 154 mil infetados


O novo coronavírus matou pelo menos 5.796 pessoas em todo o mundo desde o seu surgimento em dezembro, de acordo com uma avaliação da AFP às 09:00 de hoje a partir de fontes oficiais.

Mais de 154.620 casos de infeção foram registados em 139 países e territórios desde o início da epidemia, que se tornou, entretanto, numa pandemia.

Este número de casos diagnosticados, no entanto, reflete a realidade apenas de maneira imperfeita, pois os países têm políticas e critérios de contabilidade mais ou menos restritivos, alerta a AFP.

Desde a contagem de sábado às 17:00, ocorreram 32 novas mortes e 2.839 novos casos em todo o mundo.

A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no final de dezembro, registou um total de 80.844 casos, dos quais 3.199 morreram e 66.911 recuperaram.

Na China, foram anunciados 20 novos casos e 10 novas mortes entre sábado e hoje.

Em outras partes do mundo, registaram-se 2.597 mortes (22 novas) até às 09:00 de hoje, num total de 73.780 casos, mais 2.819 do que às 17:00 de sábado.

Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 1.441 mortos e 21.157 casos, o Irão, com 611 mortos (12.729 casos), Espanha com 183 mortos (5.753 casos) e a França, com 91 mortos (4.499 casos).

Desde as 17:00 de sábado, a República Centro-Africana e as Seicheles anunciaram os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus nos seus territórios.

A Ásia totalizava até às 09:00 de hoje 91.707 casos (3.317 mortes), a Europa 44.747 casos (1.786 mortes), o Médio Oriente 14.011 casos (625 mortes), Estados Unidos e Canadá em conjunto 3.128 casos (52 mortes), a América Latina e Caribe 448 casos (seis mortes), Oceânia 303 casos (três mortes) e África 280 casos (sete mortes).

Esta avaliação foi realizada usando dados coletados pelos escritórios da AFP das autoridades nacionais competentes e informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou no sábado o número de infetados e registou o maior aumento num dia (57), ao passar de 112 para 169 casos, dos quais 114 estão internados.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Lusa

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A ascensão do nazismo aos ombros do capital


A ascensão de Hitler foi lenta, mas consolidou-se ao longo dos anos à custa de grandes apoios financeiros, provenientes de industriais que apreciavam a forma como se opunha aos sindicatos e aos marxistas.

António Abreu | AbrilAbril | opinião

Esta revisitação dos factos essenciais pretende, por um lado, contribuir para impedir que os que querem reescrever a História fiquem sozinhos eliminando a nossa memória colectiva e, por outro, contribuir para o entendimento das causas da Segunda Guerra Mundial, de como ela se desenrolou, quem foram os principais protagonistas da contenção da agressão e do volte-face até à derrota dos nazi-fascistas, da Alemanha e de outros países europeus, e dos militaristas japoneses.

Por isso começamos por sustentar que os crimes nazis não foram apenas actos de tresloucados. Eles foram essencialmente uma expressão do extremo a que podem ir os interesses de classes dominantes, o fanatismo político que alimentaram, que tiveram várias expressões como o anticomunismo ou a falta de respeito dos direitos das minorias, fossem elas étnicas, religiosas ou nacionais.

Os nazis chegaram ao poder na década de 1930, numa situação de crise económica e social que o grande capital alemão usou contra o movimento sindical, os comunistas e os judeus.

No plano externo elegeu a URSS como o grande inimigo a abater e grande território a conquistar para expansão do mercado alemão.

A vitória democrática de 8 de Maio de 1945 custou perdas humanas e materiais terríveis, mas o nazi-fascismo e o militarismo foram derrotados.

Durante as quatro décadas seguintes ao final do conflito, a humanidade viveu um equilíbrio precário, baseado na corrida aos armamentos, mas foi nesses anos que, simultaneamente: progrediram as bases técnicas e cientificas do desenvolvimento; os direitos dos trabalhadores e uma maior efectividade no exercício dos direitos humanos; se contiveram disputas nacionais; se ensaiaram soluções de respeito pelos direitos das minorias; e foi praticamente eliminado o colonialismo, com a consequente proclamação de independência de muitos novos países.

O tesouro escondido pelos nazis e encontrado em mina por soldados dos EUA


Em fevereiro de 1945, a ofensiva das tropas aliadas avançava rapidamente pelo território alemão. Àquela altura, o regime nazi estava diante de uma derrota inevitável. E, há 75 anos, o fim da Segunda Guerra Mundial aproximava-se. Mas antes desse desfecho, o Terceiro Reich ainda sofreria mais um baque.

Soldados dos Estados Unidos, que se aproximavam do estado da Turíngia — enquanto o Exército Vermelho da União Soviética fechava o cerco a Berlim pelo leste — fizeram uma surpreendente descoberta: uma mina no vilarejo de Merkers onde os nazis esconderam mais de 100 toneladas de ouro, metais preciosos e obras de arte de valor imensurável.

Os nazis saquearam uma quantidade imensa de ouro e moeda de bancos centrais de países europeus durante o conflito, além de itens valiosos de prisioneiros de campos de concentração. Esses recursos foram usados para comprar materiais para a guerra.

OS INFETADOS



Cada infectado é meu irmão. Bro’, sis’, brother, wathever… Je suis infectado! Estou convosco por condição. Há muito que estou doente, profundamente doente de um sem-número de maleitas inomináveis mas que, sem pudor, tenho transmitido aos incautos. Sim, aos incautos com quem não me abstenho de conviver. Socializo, vou a reuniões, frequento festas, deslizo pelas ruas, entro em cafés, almoço em restaurantes, chego-me às pessoas. Aí, nesses lugares plenos de humanos indefesos, tusso, contido, aforismos; espirro orações pagãs; verbalizo blasfémias e espero pelo resultado. Sim: tenho contagiado muita gente, uns meros inocentes que passavam, outros claramente culpados que só esperavam por um momento qualquer para dirimir a culpa. Passei a doença à minha filha; peguei-a à minha mulher. E isto, como devem imaginar, foi de menos. O pior devia estar para vir.

Entretanto, enquanto nada se passava, num dia sem chuva, sem sol ou presságio de nevoeiro, chegou um coronavírus, vulgo covid-19, criando uma série de mal-entendidos. É que a doença já cá estava, em nós morava e sem pagar a renda. Também não era uma prenda que nos tenha sido ofertada. Não: era o azeite, era a banha, a manteiga; era o óleo de girassol, de amendoim, de canola: o que vinha ao de cima, depois de muito espremido e destilado o coração.

E foi preciso uma epidemia para que essa nossa gordura, a nossa gordurosa verdade emergisse, na tona manhosa das noites ou à superfície rançosa dos dias, consoante os horários de cada um.

Assim Taiwan conseguiu conter o surto de coronavírus


Mesmo ficando ao lado da China, ilha tem menos de 50 casos de covid-19. Especialistas dizem que ação rápida e efetiva do governo e cooperação da população ajudaram a conter novo coronavírus.

Dois meses e meio após um agressivo novo coronavírus se espalhar por todo o mundo a partir da cidade chinesa de Wuhan, mais de 100 mil pessoas em dezenas de países ao redor do planeta já foram infectadas.

Mas a epidemia praticamente passou ao largo de Taiwan, apesar da proximidade da ilha com o epicentro do vírus.

Quando o surto começou, em janeiro, alguns especialistas previram que Taiwan, com 23,7 milhões de habitantes e a apenas 130 km do litoral chinês, logo teria o maior número de casos fora da China continental. Muitos taiwaneses têm parentes ou trabalham na China e viajam com frequência para lá.

No entanto, enquanto a China continental já registrou mais de 80 mil casos de covid-19 até o momento, Taiwan manteve seu número de casos confirmados abaixo de meros 50. Alguns especialistas internacionais em saúde atribuem isso à rápida preparação e intervenção precoce do governo insular.

O especialista em política de saúde pública Jason Wang, da Universidade Stanford, nos EUA, disse que, desde o início, Taiwan reconheceu a potencial dimensão da crise e foi capaz de se antecipar.

"Após a epidemia de Sars em 2002 e 2003, Taiwan instalou o Centro de Comando de Saúde Nacional (NHCC). Isso foi um preparativo para a próxima crise", disse Wang, acrescentando que o NHCC reúne dados, facilitando a cooperação entre especialistas.

Somos todos suspeitos


Domingos De Andrade | Jornal de Notícias | opinião

Não estávamos, nem estamos, preparados para a ceifeira que nos bate à porta.

Para explicar aos nossos filhos pequenos porque é que não podem abraçar os avós. E aos nossos pais a distância de segurança que temos de manter para os proteger. E aos nossos irmãos e irmãs, que tratam dos nossos pais, que o facto de tratarem deles, de lhes darem a mão num socalco, pode ser o caminho do fim deles. Aos nossos amigos que pode haver mais do que afeto no ímpeto de os abraçarmos.

Somos todos suspeitos. E estamos todos em risco. Nunca como hoje a desconfiança nos outros e a necessidade de confiarmos e contarmos com os outros, sem preto no branco, foi tão premente.

Não é melodramático. Ou não se pretende aqui ser. O Covid-19 é hoje, mesmo para os negacionistas, ou que o foram até a impotência dos dias se impor, a maior ameaça não apenas à vida, mas à vida em sociedade tal como a concebemos.

A guerra silenciosa trazida pela pandemia da globalização é um marco civilizacional, uma ameaça a um estilo de vida aberto, sem fronteiras, que tinha como dado adquirido a liberdade de movimentos, de escolhas, de troca intercultural.

Este é o tempo de acreditar que as escolhas políticas são as melhores, mesmo quando nos afligem nas contradições e independentemente das críticas que apontemos para que o rumo seja o melhor. Mas é sobretudo o momento em que, sendo todos suspeitos, se impõem os laços de solidariedade e da responsabilidade individual para que ela seja coletiva. Só assim ultrapassaremos estes dias de incerteza.

E depois há o amanhã, que é já hoje. Ter consciência de que, no meio do luto, há mais oportunistas do que oportunidades, esquecendo nós frequentemente a necessidade de reflexão para não repetir os mesmos erros, até da nossa convivência em sociedade. Mas sobretudo lutar para evitar que a oportunidade dos primeiros cause mais sofrimento, com o desemprego, os negócios que se perderam, o salário que falta para pagar as contas no fim do mês.

*Diretor

Costa e Sánchez preparam reunião sobre fronteiras por teleconferência


O primeiro-ministro de Portugal e o de Espanha reúnem-se hoje, por teleconferência, para prepararem o encontro dos ministros da Administração Interna e da Saúde da União Europeia (UE) sobre o controlo sanitário de fronteiras.

Hoje, António Costa, em Lisboa, e Pedro Sánchez, em Madrid, vão debater "as ações coordenadas a tomar no seio da União Europeia e sobre a gestão da fronteira comum dos dois países", segundo um comunicado do gabinete do governante português, divulgado no sábado, dia em que o governo espanhol confirmou que a mulher do primeiro-ministro é um dos casos de infeção.

Esta conversa servirá para preparar uma reunião, também à distância e por teleconferência, na segunda-feira, dos ministros da Administração Interna e da Saúde da União Europeia (UE) "para definir medidas de controlo sanitário nas fronteiras internas e externas" da União.

Depois da reunião, o Governo português "atuará em conformidade com os demais Estados-membros da União Europeia, mantendo até lá as medidas já adotadas relativamente a voos provenientes da China e Itália", para onde não há ligações aéreas, ainda segundo o comunicado do gabinete de Costa.

Desde sábado, estão a decorrer "ações conjuntas da GNR, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e Direção-Geral da Saúde (DGS) para ações pontuais de controlo da fronteira terrestre", conforme já anunciou o executivo.

O novo coronavírus já matou mais de 5.700 pessoas em todo o mundo desde o seu surgimento em dezembro e já foram registados mais de 151.000 casos de infeção em pelo menos 137 países e territórios.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou o número de infetados e registou o maior aumento num dia (57), ao passar de 112 para 169 casos, dos quais 114 estão internados.

Espanha é um dos países mais atingidos pela pandemia, com 120 porto e mais de 1.200 infetados.

O Governo português decretou na quinta-feira o estado de alerta, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

Foram igualmente suspensas, a partir de segunda-feira, as atividades letivas e restringido o funcionamento de discotecas e similares e suspensas as visitas a lares em todo o território nacional.

O Governo decidiu igualmente proibir o desembarque de passageiros de navios de cruzeiro, exceto dos residentes em Portugal, e limitar a frequência nos centros comerciais e supermercados para assegurar possibilidade de manter distância de segurança entre as pessoas.

Já tinham sido tomadas outras medidas em Portugal para conter a pandemia, como a suspensão das ligações aéreas com a Itália.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Reuters

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China regista 20 novos casos de Covid-19 e mais 10 mortes


A China registou 20 novos casos nas últimas 24 horas, 16 dos quais importados, e mais 10 mortes causadas pelo surto de Covid-19, anunciaram hoje as autoridades.

Os dados oficiais dizem respeito à China continental, que exclui Macau e Hong Kong.

O número total de mortos atingiu os 3.199, enquanto o número de infetados subiu para 80.844.

Todas as mortes foram registadas na província de Hubei.

No total, em Hubei, morreram 3.085 pessoas e 67.794 foram infetadas.

Cinco dos novos casos importados foram detetados na capital chinesa, Pequim; quatro na província de Zhejiang; três na cidade de Xangai; três na província de Gansu; e uma na província de Guangdong, vizinha de Macau.

Até o momento, foi detetado um total de 111 casos importados.

A Comissão Nacional de Saúde informou ainda que, nas últimas 24 horas, 1.370 pessoas receberam alta hospitalar.

Segundo dados oficiais, 66.911 pacientes receberam alta desde o início da epidemia e mais de 679.759 pessoas que mantiveram contacto próximo com os infetados foram monitorizadas clinicamente, das quais 10.189 ainda estão em observação.

A prioridade das autoridades chinesas, que garantiram na quinta-feira que o pico das transmissões terminou, está agora em proteger o país de infeções de outros territórios.

O novo coronavírus foi detetado pela primeira vez em dezembro, na China, e já provocou mais de 5.700 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ultrapassa agora os 151 mil, com registos em 137 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 169 casos confirmados.

A Organização Mundial da Saúde declarou entretanto que o epicentro da pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) se deslocou da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália, que anunciou no sábado 175 novas mortes e que regista um total de 1.441 vítimas fatais.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Lusa

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