AbrilAbril | editorial | imagem: Josef
Lee
A comunicação social, que tão
prontamente registou a onda de solidariedade, deve optar por, na próxima greve,
dar eco às justas reivindicações dos profissionais que sustentam este bem maior
que é o SNS.
As imagens que chegaram de vários
pontos do País dão-nos, na situação difícil que estamos a atravessar, algum
contentamento. Ontem, às 22h, milhares de portugueses foram às suas varandas e
janelas bater palmas aos profissionais de saúde, pela sua dedicação e espírito
de missão que garantem os cuidados daqueles que estão doentes.
Provavelmente, mesmo aqueles que
não foram às janelas pensaram que esta era uma justa homenagem. Estes são os
que não podem ficar em casa de quarentena, que não se podem proteger e que vão
estar no mais próximo contacto com aqueles que estarão infectados com o
coronavírus.
Mas os direitos laborais destes
profissionais de saúde têm sido postos em causa ao longo de décadas e muitos
consideram-nos como os «privilegiados» trabalhadores da Função Pública.
Resta à comunicação social, que
tão prontamente registou esta onda de solidariedade e de respeito a que ontem
assistimos, optar por, na próxima greve, não apontar as câmaras aos utentes com
consultas adiadas, mas sim dar eco às justas reivindicações dos profissionais
que sustentam este bem maior que é o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Quando os enfermeiros exigem a
contagem dos pontos e a progressão na carreira, quando os médicos exigem a
contratação de mais profissionais e horários mais equilibrados, quando os
auxiliares exigem aumentos salariais e melhores condições de trabalho, estão a
lutar por um princípio: o de que todos temos direito à Saúde, independentemente
dos nossos rendimentos, que os cuidados devem ser prestados por um sistema
dotado de todos os meios necessários e por profissionais valorizados nos seus
direitos.
Porque o SNS nos garante que, em
situações de excepção como aquela que vivemos hoje, não é o dinheiro que cada
um tem que garante a realização do teste ou do tratamento. E não é a procura
que define o valor que os cuidados de saúde têm. Quando defendemos o SNS,
defendemos que o seu valor é inestimável, e exigimos um Estado capaz de o
defender e de não favorecer o interesse privado sobre o interesse público.
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