quinta-feira, 2 de abril de 2020

Guiné-Bissau | Ex-ministra impedida de viajar refugia-se em embaixada


Membros do Governo de Aristides Gomes, afastado do poder na Guiné-Bissau, denunciam perseguição política. Muitos estão em lugar incerto. Ex-ministra da Justiça, Ruth Monteiro, foi impedida de sair do país.

A antiga ministra da Justiça, Ruth Monteiro, foi impedida na terça-feira (31.03) de viajar no aeroporto de Bissau e teve de se refugiar numa embaixada da capital.

Em entrevista exclusiva à DW África, Ruth Monteiro diz que teme pela sua segurança e acusa o regime de usar a força das armas para amedrontar os membros do Governo de Aristides Gomes, afastado do poder.

A advogada de profissão, que depois da demissão em janeiro de Suzi Barbosa passou a acumular a pasta dos Negócios Estrangeiros, considera que não há nenhum fundamento legal que a impeça de viajar. Diz que é acusada de não entregar o carro que recebeu emprestado do sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau. Mas, segundo a ex-ministra, a viatura foi devolvida há muito tempo. 

DW África: Foi impedida de sair da Guiné-Bissau por duas vezes pelas autoridades no poder. O que aconteceu?

Ruth Monteiro (RM): A primeira vez que fui impedida de viajar ao fazer o check-in, tive informação, através da pessoa que foi fazer o check-in por mim, que eu constaria de uma lista entre as pessoas que estão impedidas de sair do país. Não deram qualquer fundamento para a existência da lista e quais eram as razões para estar nessa lista. Mas depois tive a informação de que seria por causa da não entrega do meu carro do Ministério da Justiça. Como não havia nenhum carro do Ministério da Justiça para entregar, o carro que eu usava era um carro que me tinha sido cedido pelo Programa das Nações Unidas de Ajuda ao Desenvolvimento (PNUD) e eu tinha o documento, o termo da entrega do carro. Decidi ir ao aeroporto mostrar o documento, convicta de que, nos termos da lei, não haveria nenhum problema e poderia viajar. Quando chego ao aeroporto com o documento para tentar embarcar, sou avisada para nem sequer sair do carro porque havia um enorme aparato da guarda nacional e dos serviços de inteligência do Estado no aeroporto, chefiados pelo ministro da presidência neste Governo, que assumiu funções pelo uso da força, e que estavam à minha espera. Decidi não sair do carro e fui logo para a embaixada de Portugal e o Embaixador de Portugal confirma que as acusações contra mim seriam de não ter entregue o carro. Ninguém me pediu a entrega do carro e o Ministério da Justiça sabe que o carro é do PNUD. Quando eu devolvi o carro ao PNUD, eles comunicaram ao Ministério da Justiça que o carro estava na posse deles.

Guiné-Bissau | "A liberdade de imprensa está ameaçada"


Vários profissionais da comunicação social na Guiné-Bissau têm sofrido ameaças contra a integridade física. Sindicato vai apresentar queixa junto das autoridades do setor.

Nos últimos tempos, as agressões verbais e físicas têm sido frequentes contra os jornalistas na Guiné-Bissau. Alguns casos envolveram inclusive figuras políticas. Em entrevistas e conferências de imprensa de políticos e dirigentes, os jornalistas têm sido atacados por militantes e simpatizantes dos partidos e até por altos responsáveis do país.

A rádio privada Capital FM, sedeada em Bissau, viu, num curto espaço de tempo, os seus profissionais serem chamados à Justiça ou agredidos.

Serifo Tawel Camará, da Capital FM, conta à DW África que foi vítima de agressão por homens armados, "não identificados" e com uniformes da polícia. "Apareceram e atacaram-me logo à porta da rádio, não sei qual era a intenção dessas pessoas", recorda.

A intimidação contra os jornalistas da Rádio Capital não é de agora, segundo Camará. "Na semana passada foi notificado Sabino Santos, no Ministério Público, e no dia seguinte foram notificados dois profissionais da Rádio Capital, Adão Ramalho e Ansumane Só."

Outro caso registado na semana passada é o de Iaia Samá, jornalista da Rádio Cidade FM, que, através de um post no Facebook, informou que "por razões de ameaças à integridade física, deixará, por enquanto, de apresentar o programa 'Bom Dia Cidade'", um espaço de interação com os ouvintes sobre os assuntos do país.

Estado de emergência: Ruas vazias afetam negócios em Cabo Verde


Ao quinto dia do estado de emergência em Cabo Verde, as ruas estão vazias e o comércio ressente-se. Polícia admite que pré-reformados poderão reforçar a fiscalização das regras de prevenção da Covid-19.

Ao meio-dia, o bairro da Achada de Santo António, o mais populoso da capital cabo-verdiana está praticamente vazio. Nas ruas circulam só as viaturas autorizadas ou de uma ou outra pessoa que pretende fazer compras rápidas nos supermercados ou farmácias.

O país cumpre o quinto dos 20 dias de emergência nacional. A recomendação é que todos fiquem em casa.

Poucos clientes

Os lavadores de carros estão duplamente preocupados: com a doença e com o seu ganha-pão. "Hoje ainda não lavei sequer um carro", desabafa um deles. "O lugar está parado, não há nenhum carro. Estes dias têm sido vir, sentar e regressar a casa."

Explica que dantes, num dia, fazia 2.500 a 3.000 escudos (cerca de 25 a 30 euros). "Mas ultimamente a situação piorou, está mesmo muito mal". Agora faz apenas 800 escudos (cerca de 8 euros).

Nas estradas, há poucos táxis a circular. Mesmo os que se aventuram têm poucos clientes.

Um taxista conta que há poucos passageiros, "as pessoas não estão a sair". A meio do dia ainda só tinha feito cerca 1.000 escudos (10 euros). "Antes desta crise fazia diariamente 8.000 escudos (80 euros), mas agora se conseguir 4.000 (40 euros) já me dou por satisfeito", afirma.

Brasil | Gabinete do Ódio derruba trégua com governadores, apenas algumas horas depois


Mais uma vez, o vídeo foi desmentido por ter sido tirado de contexto, a exemplo da declaração do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Correio do Brasil, de Brasília

Não se passaram 12 horas desde que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudou o tom e propôs um pacto contra o coronavírus, no pronunciamento em rede nacional. Na manhã desta quarta-feira, Bolsonaro voltou ao ataque e publicou, em suas redes sociais, um vídeo de autoria desconhecida em que um homem reclama de desabastecimento em Belo Horizonte, ataca os governadores e defende Bolsonaro.

Mais uma vez, o vídeo foi desmentido por ter sido tirado de contexto, a exemplo da declaração do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

— Para você que falou, depois do discurso do presidente, que economia não tinha importância, que importante eram vidas, dá uma olhada nisso aí. Pois é, fome, desespero, caos também matam — diz o homem no vídeo, que alegou ter gravado no dia 31 de março na Ceasa, em Belo Horizonte.

O cidadão, no vídeo, afirma que a “culpa é dos governadores”, porque o presidente quer uma “paralisação responsável”.

Brasil | Espírito Santo e Sergipe confirmam primeiras mortes por coronavírus


De acordo com novo balanço das secretarias de saúde, as mortes no País chegam a 247 e os casos confirmados a 6.932

De acordo com novo balanço das secretarias de saúde, as mortes no País chegam a 247 e os casos confirmados a 6932

O estado do Espírito Santo confirmou a primeira morte por coronavírus na manhã desta quinta-feira 2. Nesta manhã, o governador Renato Casagrande lamentou o fato em suas redes sociais. A vítima, um homem de 57 anos, estava internado em um hospital da rede particular. O estado tem 122 casos confirmados.

O estado de Sergipe também confirmou seus primeiros dois óbitos nesta quinta. Uma das vítimas era uma mulher de 61 anos, que estava internada. Ela não tinha histórico de viagens, nem histórico de contato com pessoas contaminadas. Ela era cardiopata, hipertensa e diabética. A segunda vítima foi um homem de 60 anos de idade, que também era hipertenso. O paciente havia chegado de São Paulo há 15 dias e na terça-feira 31 deu entrada em um hospital na zona sul de Aracaju. Seu estado piorou e em 24 horas foi entubado e morreu. O estado tem ao todo 22 casos confirmados, 19 na capital.

O governador do estado também comentou os casos em suas redes sociais.

Nem a pandemia cessa o bloqueio: Donativo de empresa chinesa não pôde chegar a Cuba


– Notícias como esta são omitidas pelos media corporativos

Carlos Miguel Pereira Hernández [*]

Para Cuba, as coisas são sempre mais difíceis. Nem em tempos de pandemia deixam os cubanos respirarem tranquilos

Em 13 de Março último Jack Ma, fundador do Alibaba, o gigante electrónico chinês e a fundação que tem o seu nome, anunciaram ao mundo a sua intenção de doar aos EUA 500 mil kits de detecção rápida do COVID-19 e de um milhão de máscaras, ignorando frases xenófobas e racistas do seu actual presidente. Antes disso já havia feito doações a outros países, como o Japão, Coreia do Sul, Itália, Irão e Espanha, considerados então como os que estavam expostos ao maior perigo, exprimindo assim seu apelo transparente para unir esforços nesta batalha dura e desigual.

Um segundo envio de donativos para apoiar os trabalhos de prevenção na Europa chegou ao aeroporto belga de Liège em 16 de Março. Nesse mesmo dia informava-se também da chegada à Etiópia de outro carregamento destinado aos 54 países africanos. No dia seguinte, um voo de Hangzhou para Roma levava fornecimentos médicos para a Cruz Vermelha Italiana e anunciava-se que mais kits e máscaras iam a caminho.

Nesse mesmo dia, outro avião chegava a Saragoça, Espanha, com outra carga de umas 500 mil máscaras e outros equipamentos médicos para apoiar o combate contra o novo Coronavírus. Nesse dia uma mensagem na conta de Jack Ma no twitter assegurava em castelhano #Estevirusloparamosentretodos. Um dia depois outro avião chegava a Liège para apoiar os esforços da Bélgica e da França. A agência chinesa XINHUA destacou que a fundação Jack Ma incrementava seus esforços para proporcionar mais apoio aos países afectados, especialmente a Itália, Bélgica, Espanha, Eslovénia, França, Áustria, Dinamarca, Alemanha, Irlanda e Países Baixos.

No dia 19 chegava a vez de vizinhos asiáticos como a Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia.

No dia 21 mais fornecimentos de emergência para o Afeganistão, Bangladesh, Cambodja, Laos, Maldivas, Mongólia, Myanmar, Nepal, Paquistão e Sri Lanka. Dias depois envios semelhantes chegavam ao Azerbaidjão, Butão, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Vietname. Os países asiáticos já somavam 23.

Em 22 de Março, à medida que a pandemia avançava, chegava a vez da América Latina e do Caribe.

O novo tuite de Jack Ma anunciava o envio de 2 milhões de máscaras, 400 mil kits de diagnóstico rápido e 104 ventiladores para 24 países da região, dentre eles Cuba, Argentina, Brasil, Chile, Equador, República Dominicana e Peru. No dia 24 uma mensagem do embaixador chinês no Panamá confirmava a próxima chegada a esse país de 100 mil máscaras e 10 kits de diagnóstico, enquanto o seu colega em Havana confirmava o mesmo.

Ainda em 30 de Março anunciavam-se envios adicionais de equipamentos tais como ventiladores, luvas e fatos médicos protectores. O hashtag #OneWorldOneFight tornou-se tendência nas redes.

A DESFAÇATEZ DO COLONIZADO AUGUSTO SANTOS SILVA


O servilismo do ministro português dos Negócios Estrangeiros para com os seus patrões estado-unidenses torna-se cada vez mais ostensivo.

O comunicado emitido em 31 de Março no seu "portal diplomático" intitula-se "sobre anúncio pelos Estados Unidos da América de um Plano de Transição Democrática para a Venezuela" (sic).   Nele o sr. Santos Silva saúda e congratula-se com a iniciativa tomada nesse mesma manhã pelo governo trumpiano.   Com um ministro desse jaez, o governo "socialista" do sr. António Costa está cada vez mais podre.

Neste momento as provocações orquestradas pelo imperialismo contra a Venezuela Bolivariana intensificam-se. Algumas assumem características bizarras, como as do navio de cruzeiros que ontem entrou em águas venezuelanas e abalroou deliberadamente uma pequena embarcação da Guarda Costeira Bolivariana.

209 mortes e 9034 infetados de covid-19 em Portugal. 2,7% internados nos CI


Nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 783 casos de infeção pelo novo coronavírus (um aumento de 9,4% face ao dia anterior) e mais 22 mortes, segundo a Direção-Geral da Saúde.

Esta quinta-feira faz um mês que foram confirmados os primeiros dois casos de covid-19, em Portugal. E o país tem agora 9034 casos de infeção (um crescimento de 9,4% em relação a ontem), regista 209 mortes e 68 recuperados, mostra o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), de hoje (2 de abril).

Entre os infetados com o novo coronavírus, há 1042 hospitalizados e destes 240 (mais dez do que ontem) estão em unidades de cuidados intensivos. O boletim da DGS indica também que 4958 pessoas aguardam resultados das análises laboratoriais e mais de 20 mil estão em vigilância pelas autoridades de saúde.

Na última semana, a curva de novos casos e de novas mortes abrandou por uns dias (sábado, domingo e segunda), para voltar a aumentar esta terça, quarta e quinta-feira. Sendo que o dia de hoje demonstra uma diminuição da taxa de crescimento dos novos casos em relação aos dois anteriores. Hoje esta taxa é de 9,4%, quando ontem foi de 10,9%. Também as mortes sofreram uma redução de 27 óbitos para 22 hoje.

Esta redução "pode ser real ou pode ter que ver com a dificuldade na realização dos testes ou até com a forma como os dados estavam a ser contabilizados", explicou, ao DN, Ricardo Mexia, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, que refere ainda ser cedo para análises de maior dimensão à curva epidemiológica portuguesa. Há ainda a ter em consideração o fator meteorológico, como aponta o infeciologista Jaime Nina, uma vez que nos últimos dois dias o tempo tem estado mais encoberto, chuvoso e "o vírus sobrevive melhor ao ambiente mais húmido".

Estado de emergência prorrogado por mais 15 dias

O Parlamento aprovou, esta manhã, a prorrogação do estado de emergência até 17 de abril, com os votos a favor do PS, PSD, Bloco de Esquerda e CDS. PCP, PEV, Chega e Joacine Katar Moreira abstiveram-se. A Iniciativa Liberal votou contra.

Momentos antes, o primeiro-ministro dirigia-se aos deputados para dizer que "é absolutamente imprescindível renovar" este estado. "Vamos viver períodos de risco muito acrescido como o da Páscoa. Ainda é muito cedo para poder antever a luz ao fundo do túnel. Seria uma mensagem errada não renovar o estado de emergência", defendeu António Costa.

Sobre o terceiro período do ano letivo, o primeiro-ministro lembrou que será tomada uma decisão na próxima semana. Aos especialistas com que tem reunido semanalmente, Costa pediu que se pronunciem agora especificamente "sobre o risco de abertura nas escolas, seja na data normal, seja noutra fase, seja para todos os anos, seja faseadamente". No dia seguinte, a 8 de abril, o líder do executivo vai ouvir os partidos sobre a reabertura dos estabelecimentos escolares. "Máximo de contenção, mínimo de perturbação" é a máxima que deve continuar a presidir às decisões, diz o primeiro-ministro.

Covid-19 no mundo. Mais de 950 mil infetados

Os Estados Unidos da América (EUA) são, neste momento, o país do mundo com o maior número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, 215 357, de acordo com os dados oficiais, disponíveis às 12:00. Seguem-se Itália (110 574), Espanha (110 238) e a China (81 589), onde o surto surgiu no final do ano passado. Portugal ocupa o 16.º lugar da tabela mundial.

Quanto ao número de mortes, Itália é o país que mais óbitos declarou até agora (13 155). Depois Espanha (10 003) e os EUA (5 113).

Há 950 652 casos de covid-19 no mundo inteiro, 48 290 mortes e 202 631 recuperados.

Recomendações da DGS

Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos). E acima de tudo: fique em casa.

Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre, tosse, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pede que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24).

Rita Rato Nunes | Diário de Notícias | Imagem: Manuel Pereira da Silva / Lusa

Chineses em Portugal oferecem material no valor de milhões para ajudar portugueses


Chegam aviões da China com máscaras, testes e ventiladores, pagos pela comunidade chinesa

Mais de um milhão de máscaras são esperadas esta semana em Portugal, também milhares de testes, centenas de monitores, dezenas de ventiladores e outros equipamentos de proteção contra a covid-19. Produtos comprados à China pela comunidade chinesa, desde as multinacionais aos privados.

comunidade chinesa em Portugal é, agora, uma das grandes ajudas na proteção contra a epidemia. Aproveitando o que sempre fizeram - comércio - e o facto de a China ser um dos principais fornecedores de material médico, como máscaras, fatos e até ventiladores, estão a usar os seus contactos para trazer muitos destes produtos para oferecer a Portugal e para reunir donativos para comprar esses artigos para doar aos hospitais.

"No início da pandemia na China, a comunidade chinesa fez duas coisas: juntou dinheiro e comprou máscaras, desinfetante, para enviar para Wuhan, onde começou o surto, e organizou-se em Portugal para que os chineses que regressassem da China fizessem a quarentena", conta a professora de mandarim, Wang Suoying. Com o vírus a chegar a Portugal, a comunidade voltou-se para o país onde vive. "A situação mudou, temos tido muitos pedidos de materiais, e todos se uniram para juntar dinheiro e comprar esses materiais para os hospitais e outras instituições portuguesas. Quem vive cá, também deve ajudar o país, ajudamo-nos uns aos outros", diz Wang.

É o que faz Jie Min, nascido em Portugal, filho de pais chineses. Tem 23 anos, acabou de tirar o curso de piloto comercial, e desde que começou esta crise tem distribuído máscaras aos bombeiros, polícias e sem-abrigo. "Sou voluntário no Centro de Apoio à Comunidade Chinesa, inicialmente comprava as máscaras nas farmácias dos supermercados, sobretudo cirúrgicas e algumas FFP2, agora não as consigo encontrar. Pedi ajuda à minha mãe, que tem um restaurante em Matosinhos, estamos a pedir orçamentos a fábricas na China, para decidirmos onde as vamos importar", conta.

A sua história já foi até notícia na televisão chinesa. Até agora conseguiu 500 máscaras que vai distribuindo de uma forma muito simples: "Ando na rua e quando encontro polícias, bombeiros, operacionais, estaciono o carro e vou entregar uma máscara. Também já fiz isso com os sem-abrigo."


A ajuda de Jie é pequena, mas em tempo de crise todas são poucas. Esta semana está prevista a chegada de mais um avião da China com material, e lá no meio estarão, por exemplo, as cem mil máscaras compradas pela autarquia de Lanxi e a associação de caridade de Lanxi, a Lanxi Hongze Charity Hall, que serão entregues à Câmara Municipal de Alenquer. Será a edilidade a fazer a distribuição - e esta foi uma parceria intermediada pela Liga dos Chineses em Portugal. A comunidade chinesa em Portugal recolheu e enviou para a China cerca de 350 mil euros entre dinheiro e material de proteção para o novo coronavírus disse esta terça-feira o presidente da Liga dos Chineses.

"A Liga espera cem mil máscaras e vieram nosso pedido", diz Y Ping Chow, o presidente daquela associação. "O destinatário é a Câmara Municipal de Alenquer, mas vão servir também para as autarquias da Maia, Condeixa, Vila do Conde e Vila da Feira, que nos pediram apoio." Esta é a maior encomenda que tiveram até agora, mas não é a única. A Liga foi recolhendo pequenas doações que possibilitaram também a compra direta de material aos armazéns chineses em Portugal - como máscaras, muito desse material doado diretamente ou angariado com dinheiro de privados e pequenos comerciantes. Estes materiais que foram entregues às câmaras de Vila do Conde, Maia e Braga.


Xiaoqin Jiang, por exemplo, vive em Vila do Conde e formou uma associação informal de mulheres chinesas só para comprar artigos para serem usados no combate à pandemia. "Organizámo-nos e juntámos dinheiro. Da primeira vez conseguimos quatro mil e tal euros, da segunda, mais de sete mil. Com o primeiro dinheiro que juntámos, comprámos 1500 máscaras cirúrgicas [que devem ser usados para quem está infetado] e N95 [FFP2, com respiradores e maior proteção, devendo ser usadas pelos profissionais que assistem os doentes] e entregámos à Câmara de Vila do Conde para enviar para o hospital. Da segunda, conseguimos comprar 5500 máscaras cirúrgicas e entregámos às câmaras de Vila do Conde, Maia e Braga", conta Jiang, que tem armazéns em Vila do Conde.

A primeira entrega teve direito a notícia nos jornais locais com a informação que metade desse material seguiu para o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/ Vila do Conde. A presidente da câmara, Elisa Ferraz, agradeceu "a generosidade e a disponibilidade de todos em ajudar".

Em Lisboa, tem sido Choi Man Hin, administrador do Casino Estoril e presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e do Centro de Apoio à Comunidade Chinesa, que tem centralizado os donativos. Desde o dia 20 de março, angariaram 65 mil euros, dinheiro que vão colocar à disposição da Embaixada de Portugal em Pequim, para a compra de material de proteção e equipamento médico.

Explica Choi Man Hin: "Vamos dizer à Embaixada de Portugal em Pequim, ao embaixador Augusto Duarte, que temos esse dinheiro para comprar o material médico de maior necessidade, uma vez que não existe em Portugal. Queremos ajudar as instituições portuguesas, em especial os hospitais e as clínicas."

Entretanto, também os portugueses em Macau se juntaram para abrir uma conta bancária, Portugal Conta Solidária, numa iniciativa que junta duas dezenas de entidades, empresas e pessoas em nome individual. A conta foi aberta no dia 26 de março e, em menos de uma semana, angariaram 104 mil euros.

Nos últimos anos, as grandes empresas chinesas têm ganho presença em Portugal. E agora também elas participam no esforço de ajuda. A Fosun - o maior investidor chinês em Portugal, na Fidelidade, Millenium e Luz Saúde - que mandou vir um milhão de máscaras, 200 mil testes desenvolvidos pelo departamento médico da Fosun, a Fosun Pharma, óculos e fatos de proteção num avião da Tap que foi de propósito a Xangai buscar a ajuda, obtida também com a parceria das chinesas Haitong Bank e Haitong Securities.

O gigante Ali Baba, com a sua Fundação Jack Ma - nome do fundador da empresa - que, por estar sediada em Hangzhou, a capital do estado de Zhejiang onde vieram mais imigrantes chineses para Portugal estabeleceu uma parceria com Portugal e enviou um avião com máscaras, batas e testes.

Outro gigante chinês, a China Three Gorges, acionista da EDP, doou 50 ventiladores, 200 monitores médicos e ainda consumíveis e materiais de suporte, tudo no valor de quatro milhões de euros. A procura de material no mercado chinês é elevadíssima e os negócios fazem-se como num leilão. "Se tivéssemos hesitado por cinco segundos para fechar o investimento, este equipamento médico nunca aqui teria chegado", disse, na conferência de imprensa a anunciar a ação, Zhang Dingming, vice-presidente executivo da China Three Gorges. Em sentido contrário, a EDP doara 200 mil materiais de apoio médico a hospitais em Wuhan, quando a China se encontrava no período mais crítico de propagação da covid-19.

televisão de Zhejiang vai também fornecer à sua congénere RTP um carregamento de máscaras protetoras.

Céu Neves | Diário de Notícias

Imagens: 1 - Comunidade chinesa tem festejado o Ano Novo Chinês em Portugal, nomeadamente com um desfile entre o Martim Moniz e a Alemeda.
© Bruno Lisita/Global Imagens; 2 - Jie Min angaria e compra máscaras para as entregar aos polícias, bombeiros e outros operacionais, também aos sem-abrigo.; 3 - Mulheres imigrantes chinesas em Portugal entregaram 1500 máscaras à Câmara Municipal de VIla do Conde, presidida por Edite Ferraz (na foto sem máscara).

Portugal | Estado de emergência prorrogado até 17 de Abril


Rui Rio deixa aviso à banca: lucros avultados serão "uma vergonha e uma ingratidão"

Parlamento autorizou o estado de emergência por mais duas semanas. Líder do PSD avisa a banca que "não pode querer ganhar dinheiro com a crise". Seria "uma vergonha e uma ingratidão"

Assembleia da República aprovou, na manhã desta quinta-feira, a prorrogação por mais 15 dias do estado de emergência, uma decisão que contou com o voto favorável do PS, PSD, Bloco de Esquerda e CDS.

O PCP, o PEV, o Chega e Joacine Katar Moreira abstiveram-se. A Iniciativa Liberal votou contra.

Depois das reservas iniciais à declaração do estado de emergência, António Costa foi hoje dizer aos deputados que era "absolutamente imprescindível renovar" as medidas de exceção para as próximas duas semanas. "Vamos viver períodos de risco muito acrescido como o da Páscoa. Ainda é muito cedo para poder antever a luz ao fundo do túnel. Seria uma mensagem errada não renovar o estado de emergência", defendeu António Costa.

Já Rui Rio, líder do PSD, subiu ao púlpito para afirmar que os sociais-democratas mantém o apoio à declaração de estado de emergência, com base no mesmo prinjcípio com que o fizeram há duas semanas - o da "eficácia no combate à epidemia". Sem as medidas tomadas a evolução do contágio teria sido "um desastre", afirmou Rio, sublinhando que o número de infetados estava a crescer 35% ao dia e recuou agora para cerca de 21%" - "É muito elevada, mas muito distante da que teríamos" sem as medidas previstas no estado de emergência.

No discurso, e depois de afirmar que já lhe chegaram algumas queixas quanto ao comportamento da banca, Rio deixou um aviso dirigido ao setor bancário. E não poupou nas palavras: "A banca deve muito, mesmo muito a todos os portugueses, impõe-se que agora ajude. A banca não pode querer ganhar dinheiro com a crise".

Para o líder social-democrata, o "objetivo da banca tem de ser lucro zero no exercício de 2020 e 2021". "Se apresentar lucros avultados serão uma vergonha e uma ingratidão para com os portugueses", concluiu.

Diário de Notícias

Leia em Diário de Notícias
O prolongamento até dia 17 do estado de emergência em Portugal foi aprovado no parlamento, onde o primeiro-ministro, António Costa, disse que ainda "é muito cedo para antever a luz ao fundo do túnel". Siga aqui os principais acontecimentos, em Portugal e no mundo, no combate à pandemia do novo coronavírus.

Portugal | Um futuro sem sombras


Vítor Santos | Jornal de Notícias | opinião

Passámos a viver lá na vertigem do trapézio, no arame estreito e inseguro, aspirados por uma pandemia que nada tem de bom ou bonito. Não encontro fatores positivos neste momento crítico.

Cruzo-me, cruzamo-nos todos, com heróis acidentais, por devoção ou obrigação, pessoas que se destacam com ações que nos comovem. Mas não, não é preciso vermos os nossos queridos em risco, não é preciso faltarem meios em lares e hospitais, não é preciso estarmos confinados em casa para nos tornarmos mais preocupados com o próximo, mais solidários, mais criativos. Sabíamos todos disto, não? Sabíamos, claro.

Quando o vírus der tréguas, quando chegar a vez de ficar ele confinado por uma vacina, voltaremos ao mesmo, ao isolamento social onde antes uma boa parte de nós se encontrava. Pode parecer uma visão pessimista. Mas o tempo, acredito, vai encarregar-se de nos mostrar que assim será, tirando uma quantidade razoável de hábitos que, por receio, haveremos de mudar.

Importa, por isso, nesta fase, manter o futuro respirável, sem colocarmos em causa a segurança comum. Fazê-lo será encontrar um quotidiano normal dentro da anormalidade que serão os próximos tempos. E isso não depende exclusivamente dos vários poderes e dos reguladores da saúde. Está nas mãos de todos, individualmente e dentro das pequenas comunidades. Em ambiente familiar e de trabalho, sobretudo. É imperioso potenciarmos a solidariedade e a criatividade no sentido de encontrar formas de conviver e trabalhar com o conforto possível. Sem nos desviarmos um milímetro do centro do arame ténue em que nos movimentamos. Mas avançando. Sem lamúrias - chegam, justificam-se, as daqueles cujos familiares e amigos perderam a vida, as dos que estão doentes, as dos que não receberam o salário de março, as dos que já perderam o emprego. São tempos estupidamente difíceis. Compete-nos ultrapassá-los sem adormecer à sombra de vírus, sob pena de, quando acordarmos, nos custar ainda mais sair da escuridão em que este nos mergulhou.

*Editor-executivo

Portugal | Recuperados estão a sair do isolamento sem fazer testes à Covid-19


Face às dificuldades na marcação de testes para confirmar cura, médicos recebem indicação para darem como curados doentes sem sintomas durante 14 dias. Mas vírus pode levar um mês a desaparecer.

Perante as dificuldades de marcação de testes para rastreio à Covid-19, médicos da Região Norte estão a receber indicação para considerarem recuperados os doentes que passam 14 dias sem sintomas. Isto apesar da Direção-Geral da Saúde (DGS) insistir na realização de dois testes num intervalo de 24 horas com resultado negativo. Aliás, o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, alertou esta semana que o vírus pode persistir na orofaringe dos infetados até aos 21 ou 28 dias, mesmo que os pacientes já não apresentem sintomas.

Há dezenas de doentes seguidos em ambulatório que estão há mais de 14 dias sem sintomas e querem deixar o isolamento, mas não conseguem marcar os testes para confirmar o resultado negativo porque os laboratórios convencionados não estão a dar resposta a todas as solicitações, tal como o JN já noticiou. Segundo testemunhos, as marcações na zona do Porto estão agora a ser feitas para depois do dia 10.

Portugal | “Jurei dar a vida pela pátria, mas não jurei dar a vida por gente burra"


Chefe da PSP revoltado com “cafézinhos” e pedidos de "férias" durante o Estado de Emergência.

“Verdade que fiz um juramento de bandeira, onde jurei dar a vida pela pátria, mas não jurei dar a minha vida por Gente Burra do meu país, também não jurei dar a vida por uma dúzia de imbecis que querem os aeroportos abertos para irem gozar férias”, começou por escrever João Araújo, para de seguida justificar a sua revolta.

“É preciso não ter vergonha nenhuma, enquanto existem gente a trabalhar na linha da frente, 12 e mais horas por dia, arriscando as suas vidas, sem terem feito tal juramento, esses imbecis querem férias”, disse.

Na mesma publicação, o polícia salientou que o Governo dos Açores está a investir dinheiro para que alguns hotéis da região recebam pessoas em quarentena profilática, com alojamento e comida incluída, de forma a que nada falte a estes cidadãos e para evitar o aumento de casos do novo coronavírus no arquipélago. Contudo, nem todos estão a cumprir esta medida.

“Também não passei qualquer procuração para o Governo [Regional] arrendar unidades hoteleiras, com o dinheiro dos meus impostos, para os papais furarem as determinações, indo entregar máquinas de café aos meninos que estão de quarentena profiláticos naquelas unidades hoteleiras, nunca esquecendo que são hotéis que ontem custava caro dormir lá”, denunciou.

E João Araújo não termina por aqui. Denunciou ainda que há pessoas que “a toda a força querem vender cafézinhos pelas portas traseiras” e que estão a passear o “cão, gato, periquito”.

Por fim, o polícia deixa uma mensagem aos que continuam a querer tirar férias numa altura como esta: “Tenham vergonha e respeito por quem trabalha, os profissionais que estão na linha da frente não querem palmas, querem e exigem respeito, porque também têm famílias, e querem, como eu quero, chegar a casa e poderem abraçar e beijá-las. Aos imbecis para nunca se esquecerem, se um dia os guerreiros da linha da frente se cansarem e abandonarem, aí sim vai haver muitas férias”.

Natacha Nunes Costa | Notícias ao Minuto

Portugal | As medidas do decreto presidencial que renova o Estado de Emergência


O Parlamento vota hoje o decreto presidencial de renovação do Estado de Emergência devido à pandemia de Covid-19, que prevê matérias como proteção do emprego, controlo de preços, apoio a idosos, ensino e medidas para os presos.

O Estado de Emergência está em vigor desde as 00h00 de 19 de março, pelo período de 15 dias previsto na Constituição, que termina às 23h59 de hoje.

O Estado de Emergência está em vigor desde as 00h00 de 19 de março, pelo período de 15 dias previsto na Constituição, que termina às 23h59 de hoje.

Pontos essenciais do projeto de decreto do Presidente da República:

Direito de deslocação e fixação em qualquer parte do território nacional 

- Pode ser imposto o confinamento compulsivo em casa, estabelecimento de saúde ou noutro local definido pelas autoridades.

- Pode ser imposto o estabelecimento de cercas sanitárias.

- Interdição, "na medida do estritamente necessário e de forma proporcional", das deslocações que não sejam justificadas, nomeadamente por trabalho, obtenção de cuidados de saúde, assistência a terceiros, produção e abastecimento de bens e serviços e outras "razões ponderosas", cabendo ao Governo especificar "as situações e finalidades em que a liberdade de circulação individual, preferencialmente desacompanhada, se mantém".

Confinamento. Mesmo por entre calhaus vão ver que chegam lá e entendem


Por um bocadinho fomos beber à fonte do Expresso Curto o que lá vem e o que verteu ontem ao fim do dia na comunicação de António Costa, primeiro-ministro, sobre a prorrogação do Estado de Emergência, confinamentos e outros “ornamentos” pascoais dos tempos que semi-vivemos… em casa. 

Da lavra do Curto a seguir, fabricado no estaminé do dr. Francisco Pinto Balsemão, via teclado, com as marteladas das cabeças dos dedos e cérebro de João Cândido da Silva, trabalhador dali (esperemos que não a recibos verdes) saem ainda quentinhas as “novas” sobre o “mais um bocadinho” do “fica em casa”. Atentos devem ler e perceber que se devem deixar de aleivosias e egoísmos – além da estupidez natural de alguns.

Pois, sabemos, esta vida assim não “dá pica”. Esta coisa de ficar em casa é terrível… Então, mas não percebem que desse modo, sem se porem a jeito para serem contaminados, o vírus morre? Acaba e podemos cantar que foi um ar que lhe deu? Pois, ainda não pensaram nisso. Mas há ainda mais uma vantagem além dessa: não se registam tantas mortes e o coletivo pode sair mais cedo de casa e fazer a tal vidinha com “pica”, ir ao futebol chamar nomes feios ao árbitro e a certos e incertos jogadores… Isso tudo por aí. Coisas de que gostam, de que dizem que “assim é que é vida”. É?

Adiante. Queremos ser curtos e nada grossos nesta quadra pascolina. Leia o que lá vem, no Curto do Expresso. O resto já sabe. E se não sabe é porque lhe dispuseram um calhau com olhos em cima dos ombros. Ooooh! O que lhe fizeram foi mesmo mau. Por isso percebe-se porque quer ir veranear para o Algarve, e ver as praias, e andar pelas ruas e a contagiar os outros seus concidadãos… Está tudo clarificado. O problema não é o covid-19 nem mais nada que não a constatação do calhau…

E andam tantos a esforçarem-se e a arriscarem as vidas para salvar gente assim…

Pirem-se para o Curto, a seguir. Mesmo por entre calhaus vão ver que chegam lá e entendem. Obrigado. Boa Páscoa a ficar em casa, sem misturas, com todos os cuidados, poupando-se a si e aos outros e outras… pessoas.

AV | PG

Mais lidas da semana