sexta-feira, 24 de julho de 2020

Portugal | O eclipse de Costa e o desprezo pelo Parlamento


Curto à laia de memo destaca que hoje Portugal vai ter oportunidade de ver uma vez mais - e pela última vez - o primeiro-ministro António Costa na sua última sessão quinzenal de "dar contas" no Parlamento. 

A partir de agora Costa dará contas ao PSD, se necessário, várias vezes ao dia. Ao Parlamento, aos  supostos representantes dos eleitores portugueses as contas serão enviesadamente dadas por Costa de dois em dois meses. O que trama?

Foi assim, grosso modo, que o PS acordou com o PSD de Rio. Correm ditos e mexericos que põe os dois dirigentes e suas trupes e concluir que "os outros (deputados) que se lixem, não são para levar a sério". Bloco Central amigo, o Partido Socialista está contigo.

Sobre o tema e muito mais recorremos ao Curto por Martim Silva. Sobre isso e mais o PG não adianta em fazer chover no molhado. Vimos Costa a executar grande golpe de rins e a cair de pés juntos na área histórica da direita, contra quem ainda em tempos não longínquos Costa vociferava, falsamente intitulando-se de esquerda, socialista, progressista... Definitivamente Costa quis abarcar mais espaço e manter-se confortavelmente nos poderes. Alegando-se democrático, se necessário, Costa faria, fará (?) aliança com o Chega fascista caso precise de continuar a alimentar a sua febre de poder. Cedendo à direita a mortalha com que, também este PS, vai aconchegando o cadáver da democracia e das liberdades conseguidas com a luta dos portugueses antifascistas, democráticos, pela justiça e pelas liberdades...

Chega disto. De ver, vivenciar e sentir o socialismo ter tratos de xuxalismo, apanágio da postura histórica do PS. O costume. Nada que nos possa surpreender. Quase ao estilo dos tempos fascistas-salazaristas-caetanistas teremos Costa em "conversas em família" bi-mensais. O sujeito prefere eclipsar-se em vez de dar as devidas contas e esclarecimentos no Parlamento. Tempos de Democracia Xuxalista a reboque do PSD, da direita que finge ser social-democrata. Falta saber se Chega...

Bom dia, se conseguirem. Leia o Curto que se segue. Já.

SC | PG

Brasil | Bolsonaro não mudou nem vai mudar


#Escrito e publicado em português do Brasil

“Bolsonaro ‘paz e amor’, do diálogo e de um suposto governo de centro-direita é uma contrafação, uma ópera-bufa, um mito, inventado por setores da mídia. O diálogo, entendimento, conciliação ou seja o que for que esteja sendo engendrado entre o Palácio do Planalto e os chefes das duas casas do Congresso Nacional poderá levar a qualquer coisa, menos à estabilidade, à solução da crise do país e à defesa da democracia”

José Reinaldo Carvalho, de Brasília | Correio do Brasil | opinião

O inquilino do Palácio da Alvorada voltou à carga no sábado , fazendo da área externa da residência oficial cenário de pantomimas e patriotadas, com içamento do Pavilhão Nacional e o canto do Hino por um coro desafinado e desenxabido. Foi mais um episódio da simbologia neofascista que passou a fazer parte da rotina presidencial.

Novamente, Bolsonaro demonstrou a essência da linha governamental de gestão da pandemia, em boa hora catalogada com a palavra certa por um eminente membro da Alta Corte: “genocídio”. E como exibição de que na “rentrée” segue beligerante, atacou de novo os governadores, não se importando com o fato de que alguns deles nem adversários são e foram constrangidos a executar políticas irresponsáveis de abandono do distanciamento social. Inopinadamente, alguns passaram a defender a reabertura das atividades econômicas e o retorno ao “normal”. Não suportaram o caos provocado por Bolsonaro, a pressão da crise econômica e social, confrontados com o desamparo causado pela ruinosa conduta do governo federal. Por óbvio, somente com ações coordenadas e a responsabilidade compartilhada, seria possível assegurar a proteção socioeconômica em situação de quarentena prolongada.

A cena de sábado foi um recado político a desmentir os incautos e iludidos de que Bolsonaro estaria iniciando uma fase de diálogo com as forças democráticas, mudando de tom e transformando o caráter do seu governo e de sua própria personalidade. Segundo a lenda, largamente difundida nas últimas três semanas, estaria propenso ao entendimento nacional e até revelando um outro perfil, em substituição ao tosco, truculento mensageiro da morte, chefe de governo neofascista e de extrema direita. Não descartamos que entre os principais atores no palco da vida política, passe a prevalecer uma postura, que aliás nunca deixou de existir, de conciliação e entendimento com Bolsonaro. O fracasso está à vista, esta é a sorte de toda vã ilusão.

Bolsonaro esconde a agenda pública e mantém encontros secretos no Alvorada


#Escrito e publicado em português do Brasil

Os pareceres da CGU têm sido usados também para encobrir o acesso à lista de entrada de políticos e colaboradores, entre eles Wassef, em palácio. Nem mesmo os deputados que pediram a informação sobre quando o advogado foi admitido no prédio público obtiveram qualquer resposta.

Desde que seu ex-advogado Frederick Wassef foi citado no processo em curso no Judiciário como responsável por esconder o ex-policial militar Fabrício Queiroz em sua residência, no interior paulista, o presidente Jair Bolsonaro aumentou o sigilo sobre sua agenda, no Palácio da Alvorada. Parlamentares já acumulam oito pedidos para saber se o chefe do Executivo tem recebido figuras suspeitas, na residência oficial da Presidência da República.

O argumento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para esconder a agenda pública, de que informar quem entra e quem sai colocaria em risco a segurança de Bolsonaro e de sua família, já foi contestado junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas há pareceres da Controladoria-Geral da União (CGU) que ainda justificam os encontros secretos do mandatário neofascista.

Os pareceres da CGU têm sido usados também para encobrir o acesso à lista de entrada de políticos e colaboradores, entre eles Wassef, em palácio. Nem mesmo os deputados que pediram a informação sobre quando o advogado foi admitido no prédio público, fora da agenda oficial do presidente, obtiveram qualquer resposta. Receberam do GSI a mesma justificativa de que qualquer divulgação poderia representar uma ameaça ao chefe do Executivo.

Bolívia, a próxima batalha contra a ultradireita


#Escrito e publicado em português do Brasil

Eleições novamente adiadas, para outubro. Golpe que derrubou Evo fracassa em todos os terrenos. Direita dividi-se e MAS, partido do ex-presidente, lidera todas as pesquisas. Governo trama novo golpe, mas cresce a resistência indígena

Gerardo Szalkowicz no Rebelión | em Outras Palavras |  Tradução: Simone Paz

Nas próximas semanas, o centro de gravidade da América Latina vai se deslocar para a Bolívia, onde a maior dúvida é saber se, finalmente, haverá eleições livres e transparentes que ajudem a recuperar a democracia que rasgada em novembro do ano passado. O Dia D será em 6 de setembro. Por enquanto. Com o partido MAS liderando em todas as pesquisas, a direita aposta mais uma vez em derrubar as peças do tabuleiro, tentando um novo adiamento ou a proscrição. É óbvio: ninguém dá um Golpe de Estado para depois devolver o poder, de forma mansa, àqueles que retirou à força.

Eles têm um bom álibi: o desastre que a pandemia vem causando. Hospitais em colapso e pessoas morrendo nas ruas são a face mais cruel de um sistema de saúde desmontado. A curva de contágio continua a crescer e, como se fosse pouco para a conturbada atualidade boliviana, a covid-19 atingiu até a presidenta, junto com mais sete ministros, seis vice-ministros, o chefe das Forças Armadas e uma dúzia de legisladores.

Virá a 2ª independência da América Latina?


#Escrito e publicado em português do Brasil

Sai no Brasil mais um livro de Fernando Martínez, pensador cubano revolucionário e crítico. Na obra, caminhos para romper o presente petrificado do neoliberalismo — com ênfase na imaginação e renovação do pensamento político


Oportuno momento em que a Editora Expressão Popular compilou uma série de textos do filósofo e advogado cubano Fernando Martínez Heredia, organizados por Olivia Caroline Pires e Ronaldo Pagotto, na obra Socialismo Como Alternativa Aos Dilemas da Humanidade. O livro chega em meio a uma das maiores crises sanitárias e políticas brasileiras, num dos contextos mais sombrios da História do capitalismo globalizado.

Participante da Revolução Cubana de 1959, intelectual e professor ativo até o fim de sua vida, em 2017, Heredia escancara em seus escritos os males atrozes do capitalismo financista e transnacional – parasitário, como descreve – que não oferece qualquer alternativa ou futuro digno aos latino-americanos (e ao restante do mundo). Nada diferente do que vivemos atualmente.

Dentro do sistema capitalista tal como nos encontramos, presos em um eterno presente, onde sonhos e utopias não mais existem por que assim uma minoria proprietária o quis, não ocorreriam maiores transformações ou surgiriam diferentes formas de governo e participação política. Viveríamos na era do consenso neoliberal total num “estado de exceção permanente” onde classes dominantes regionais e a grande elite mundial teriam, finalmente, colocado o ponto final na História.

Pobres daqueles que acreditaram em tamanha farsa, escreve Heredia, com otimismo. Apesar do saqueio secular, do parasitismo financista e do leque extenso de revezes, não existe como parar o motor da História. Focado nos rumos latino-americanos e seus momentos de rebeldia em detrimento ao Velho Mundo, afirma sem rodeios que aqui na América Latina sempre existiu uma pulsão criadora e revolucionária: aqui, a ordem do capitalismo “não pode reinar em paz”. “Revolucionários (latino-americanos) lutavam pelo governo do povo desde muito antes do liberalismo europeu se decidir aceitar e utilizar sua democracia”.

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