segunda-feira, 14 de setembro de 2020

'Simplificando, os iranianos ultrapassaram os sistemas de defesa dos EUA'


#Publicado em português do Brasil

Mantendo a pretensão sobre a realidade: 'Simplificando, os iranianos ultrapassaram os sistemas de defesa dos EUA'


Portanto, nunca houve um 'acordo de paz' ​​entre Israel e os Emirados Árabes Unidos. Era uma "normalização" com o propósito de montar uma aliança militar contra o Irã. Pompeo sugeriu isso, neste fim de semana. Ele disse que os Emirados Árabes Unidos e Israel concordaram em formar uma aliança militar e de segurança contra o Irã para 'proteger' os interesses dos EUA e do Oriente Médio. Este acordo e qualquer um que possa vir a seguir significa que haverá uma presença militar israelense e de segurança militar no Golfo, e uma base de inteligência conjunta israelense-Emirados Árabes Unidos na Ilha de Socotra na bacia do Mar Vermelho com vista para o Estreito de Bab al-Mandab. Segundo Pompeo, esse acordo vai transformar o conflito no Oriente Médio de árabe-israelense em árabe-iraniano e talvez árabe-turco mais tarde.

A linguagem usada por Pompeo é significativa de outra maneira. Trump está orgulhoso de ter retirado Jerusalém da mesa (no contexto das negociações com os palestinos). Ele diz que tirou o Golã e o vale do Jordão 'da mesa também'. A formulação de Pompeo sobre a transformação do conflito que ele acredita ter acabado de arquitetar também diz outra coisa: é que a questão palestina também está "fora da mesa". Agora é tudo sobre o Irã (na ótica de Trump). Os palestinos devem cozinhar em seu próprio suco.

Bem, Pompeo talvez estivesse falando vagamente quando o designa agora como um conflito árabe-iraniano. São (pelo menos por agora), os Emirados Árabes Unidos que se colocaram na linha de frente. O Al Quds al-Arabi, de propriedade do Catar, notou mordazmente que "nesta suposta aliança contra o Irã ... se o indesejado acontecesse e [uma guerra maior] estourasse contra o Irã, os Emirados receberiam os golpes - e será o maior perdedor. ”

O UAE FM já se apressou em dizer a Teerã que a retórica anti-iraniana da nova aliança militar realmente não tem como alvo o Irã, mas de pouco proveito (Pompeo deixou o gato fora da bolsa). Os Emirados, por sua própria vontade, optaram por 'dormir com o inimigo', como muitos provavelmente concluirão, e devem arcar com as consequências. O líder supremo iraniano disse isso.

Será que essa nova aliança militar (muitos devem se lembrar da muito elogiada, mas totalmente extinta, aliança sunita "OTAN árabe") se sairá melhor do que a última para criar um novo "equilíbrio" com o Irã, como os especialistas dos EUA estão sugerindo? Quase certamente não. Em primeiro lugar, o termo “equilíbrio” carrega o defeito de tratar 'maçãs e laranjas' como se fossem uma e a mesma coisa, ao passo que não são.

Miséria dos economistas, diante de um sistema em crise


#Publicado em português do Brasil

Crônica da macroeconomia mainstream, do pós-Guerra à pandemia. Como ela deixou de ser crítica e se rebaixou a uma “governança” automática, crente nos mercados e contrária às maiorias. Por que é impotente até para salvar o capitalismo

Eleutério Prado, no A Terra é Redonda | em Outras Palavras |  Imagem: Gaspare Traversi, A operação (1753-54)

A macroeconomia dominante não quer ser mais do que uma caixa de ferramentas para serem usadas na governança do capitalismo. E esse caráter está presente na maneira que tem sido apresentada. É isto o que mostra, por exemplo, um artigo recente em The Economist intitulado A pandemia da convid-19 está forçando um repensar da macroeconomia.

Como se sabe, o saber sobre o funcionamento do sistema econômico adotou esse nome depois que John Maynard Keynes publicou a sua Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, em 1936. Se esse autor não desprezou o caráter performativo da linguagem teórica criada, não se pode acusá-lo de falta de realismo científico, de despreocupação com a compreensão do capitalismo. Dada a urgência do momento histórico, julgou que era preciso apreender os processos econômicos reais. Aqui se quer mostrar, entretanto, que a macroeconomia contemporânea, pós-Segunda Guerra Mundial, adquiriu um caráter centralmente manipulatório: por um lado, pretendeu fornecer instrumentos de política econômica para a governança do sistema, por outro, quis conformar as mentes dos economistas para fazê-los pensar de um modo automático, adequado à realização de objetivos que lhes são prescritos. Alguns, poucos, resistem!

Mas, afinal, o que é governança? “Governança é a automação do pensamento, a automação da existência social. Governança é a informação sem significado, o domínio do inescapável” (Franco Beraldi, em Asfixia – Capitalismo financeiro e a insurreição da linguagem).

Para compreender a natureza da macroeconomia e como ela, na forma de um saber técnico e manipulatório, foi mudando ao longo do período que vai de 1950 até o presente, os três gráficos acima são fundamentais: o primeiro mostra a evolução de uma medida da taxa de inflação, o seguinte apresenta o evolver da taxa de lucro e o terceiro indica as taxas de crescimento anuais do PIB. A variável taxa de lucro – note-se – não costuma aparecer na análise macroeconômica dominante ou ortodoxa, mas ela é crucial.

O foco dessa nota recairá apenas na economia norte-americana já que ela continua sendo, por enquanto, a economia capitalista mais importante. Como se sabe também, os Estados Unidos são a principal oficina na qual se criam as ferramentas da macroeconomia, as quais se espalham, então, para os cursos de Economia do resto do mundo.

Portugal | Marcelo e a tabuada dos dez


Paulo Baldaia | Diário de Notícias | opinião

Marcelo Rebelo de Sousa é um belíssimo analista, um ótimo Presidente da República a quem até Ana Gomes dá nota positiva na hora de avaliar o mandato, mas tem o mais comum dos defeitos num político, a vaidade. Só por vaidade se pode entrar no quarto ano do mandato em perda na generalidade das sondagens e mesmo assim embandeirar em arco, garantindo, em entrevista à TVI, que os seus "níveis de popularidade são tão altos que nenhuma queda o leva à depressão".

O espanto com a popularidade de outras galáxias conseguida por Marcelo foi generalizado e eu imagino que a excitação criada na maioria dos seus colaboradores o tenha contagiado. Só isso justifica que um político tão experiente como ele tenha começado a alimentar tão precocemente o sonho de bater o recorde conseguido por Mário Soares. Não teria havido nenhum problema se o sonho tivesse ficado com ele e com um ou outro amigo com quem quisesse desabafar sobre a ansiedade que o tinha tomado. O persistente número (70% de Soares em 1991) passou a ser um objetivo não disfarçado e confessado pelo próprio em inúmeras conversas. Como a política é, sobretudo, gestão de expectativas, Marcelo tinha cometido o erro fatal.

Portugal | Abertura de todas as escolas, e agora?


É factual que as escolas estão a iniciar a atividade a partir de hoje com numero  muito reduzido de pessoal auxiliar e com uma segurança muito débil.

Os alunos vagueiam sem segurança e as distâncias recomendadas entre eles não cumpre os requisitos mínimos aconselháveis. Isto acontece no primeiro dia de aulas, como acontecerá daqui por uma semana ou daqui por um mês? Já há escolas em que se vê alunos sem máscara ou descaída para o pescoço… É esta a segurança que o Ministério da Educação garante existir para as crianças e adolescentes portugueses?

De Notícias ao Minuto pode ler o boletim epidemiológico relativo a esta segunda-feira. No final tem uma lista extensa sobre outras notícias relacionadas se acessar ao NM. (PG)

Portugal contabiliza mais quatro mortes e 613 infetados por Covid-19

Dados do boletim epidemiológico desta segunda-feira.

Portugal registou, nas últimas 24 horas, mais quatro mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas e 613 novos casos de infeção. Do início da pandemia até esta segunda-feira, 13 de setembro, o país acumula 1.871 mortes e 64.596 infetados com o novo coronavírus. 

Em relação aos dados de ontem, o registo diário de casos representa um aumento de 0,96%  e de mortes de 0,21%.

Do total de casos que o país acumula, 44.185 estão recuperados, dos quais 116 nas últimas 24 horas. 

O número de casos ativos da doença no país sobe assim para 18.540, mais 493 do que no domingo.

Internadas estão 477 pessoas (mais 25 do que ontem), 61 das quais em unidades de cuidados intensivos, ou seja, mais quatro do que ontem.

A região Norte contabiliza 23.411 casos de infeção, mais 178 que o dia anterior e mais três óbitos, totalizando assim 857. Já o Centro registou, nas últimas 24h, mais 51 casos, elevando o total de infetados na região para 5.279. O número de vítimas mortais relacionadas com a Covid-19 estabilizou nos 253.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo o número de casos diagnosticados com o novo coronavírus aumentou para 33.070, mais 338 do que ontem e o número de mortes para 705, mais uma do que no dia anterior.

No Alentejo foram registados mais 25 casos, 1.161 no total. O número de óbitos mantém-se nos 22. Já no Algarve existem mais 10 infetados, ou seja, 1.244 desde que a pandemia da Covid-19 chegou a Portugal. O número de mortos estabilizou nos 18.

Nas regiões autónomas, os Açores contabilizam um total de 239 infetados (mais um que ontem) e 15 óbitos e a Madeira, onde não ocorreu qualquer morte devido à Covid-19, há 192 (mais oito) casos confirmados de infeção.

Notícias ao Minuto | Imagem: Reuters

Leia em Notícias ao Minuto:

Portugal | Porque não te calas, Marcelo?


Rui Sá* Jornal de Notícias | opinião

Não morro de amores por Marcelo Rebelo de Sousa e acho que tem uma doentia necessidade de palco que não ajuda ao desempenho das funções de presidente da República. Esta necessidade de protagonismo faz com que apareça todos os dias a opinar e a ser filmado a propósito de tudo, num registo de dizer uma coisa e o seu contrário, sendo que o mais preocupante é descortinar, em tantas contradições, uma agenda própria que o faz dançar consoante os ventos da opinião publicada.

É o caso das sucessivas e diferentes opiniões de Marcelo sobre eventos em período de pandemia. A propósito das comemorações oficiais do 25 de Abril, defendeu-as, inicialmente, e até fez um interessante discurso na Assembleia da República. Mas, passado pouco tempo, veio dizer que não era aquilo (tal como as comemorações do 1.o de Maio) que pretendia e, desse modo, iria fazer umas comemorações do 10 de Junho mais restritas. Passadas essas comemorações, com um palco pindérico e uma plateia com oito pessoas (para cumprir o seu desejo), apareceu, eufórico, a anunciar a fase final da Liga dos Campeões em Lisboa, com uma plateia significativamente maior. Assistiu a um espetáculo no Campo Pequeno, com milhares de pessoas, onde referiu que a abertura, ou não, dos centros comerciais era matéria da esfera da DGS. Mais recentemente, e depois de se fazer filmar até à exaustão em férias (cumprindo, ou não, as regras sanitárias), foi à Feira do Livro de Lisboa fazer um apelo a que "muitos milhares" a visitem. Para, mais tarde, atacar a DGS pelo facto de não ser conhecido o plano sanitário para a Festa do Avante! - sendo certo que não foram tornados públicos os planos sanitários de nenhum outro evento, em particular daqueles que Marcelo visitou...

Como diria o seu amigo, caído em desgraça, "Porque não te calas", Marcelo?

*Engenheiro

Cuidemos das crianças. Bom dia e boa vida…


O Curto do Expresso aberto a tripas – que não são as da Mamuda na Invicta. Também coração, pulmões e cérebro integram o título. Pedro Cordeiro é o autor que nos/vos deseja um bom dia e um bom inicio de semana. Obrigado, igualmente. Devemos-lhe.

As escolas e sua abertura. Ai as escolas para o covid-19. Ai os meninos a serem contagiados e levarem para casa a maleita mortal para os avós e familiares, ai os professores em palpos de aranha… Ai o ministério sem imaginação, sem mostrar capacidades criativas úteis de contenção dos contágios. Ai os meninos assintomáticos a espalhar por aí a pandemia. Panorama negro, que pode vir a ocorrer. Existem os que asseguram isso mesmo a pés-juntos. E a responsabilidade é de quem? Dos padecentes de ausência de criatividade, dos vãos de iniciativas criativas que assegurem a sustentação do ensino sem abrir escolas com tudo ao monte e fé nos deuses. Tal como verificamos nos transportes públicos.

Mas existem regras implementadas pelo governo, dirão alguns. Parece que só assim se pronunciarão os que não registam as barafundas que vimos por aí. Resultado de cidadãos irresponsáveis, para não falarmos nos distraídos. Além disso existem os cidadãos-super, que dizem “qual covid, qual nada!” Os adultos podem ainda defender-se. Adolescentes, ainda vá que não vá. Crianças do ensino básico já não será (não é) assim. Já há crianças que querem trocar máscaras (mais giras) com colegas… As crianças são maravilhosas, cuidemos delas com todo o rigor. 

Mas existem regras, diz o governo e os especialistas, os sábios. Seria seguro se a cidadania fosse exemplar. Não é. Há meses que vimos que não é. Desde ignorantes a estúpidos e a arrogantes temos de tudo pelas ruas e por locais passíveis de contribuir para o contágio… As regras que se lixem, dizem esses. Mas são multados, dizem as autoridades. Desconhecemos que por via de multas seja credível o tratamento contra-covid-19.

Ponto assente: as escolas – ao menos as do ensino básico – não deviam reabrir enquanto a pandemia existir e a vacina existir e ser indubitavelmente fiável. Nem regras, nem multas são a solução para evitar contágios a cem por cento. Pelo menos com as crianças o que se pretende é evitar a cem por cento os contágios. Que os pais têm de trabalhar, que o país precisa… Aí entraríamos noutros parâmetros do conceito e realidade com que os governos vêem os trabalhadores e vêem a sociedade que dizem governar…

Avançando, nesta entrada do Curto. Terminemos, por nós, PG. Passe ao Curto de Pedro Cordeiro, do Expresso. Quase sempre interessa sempre. Claro que é produto de jornalistas e suas respetivas ópticas, convém dar esse desconto.

Bom dia. Boa vida. Até sempre.

SC | PG

Portugal do covid-19. Vêm aí mais contágios e mais mortes…


Acerca da pandemia, o Covid-19, num trabalho de Vera Lúcia Arreigoso, do Expresso, é relembrado que “Nunca o risco de contágio foi tão grande como agora”. É a verdade nua e crua, que a própria OMS confirma em artigo que se segue.

A irresponsabilidade do governo, em Portugal, está à vista. No Expresso pode ler o óbvio logo no primeiro parágrafo. Depois leia o que a OMS reitera.

É lamentável que os governantes não tenham encontrado alternativas a abrir as escolas, ao abrandar os cuidados a ter com os contágios óbvios da pandemia em curso. A decisão, por mais que pareça impossível, pode confirmar o que muito se diz sobre a pandemia: veio para matar os mais velhos e as cidadãos mais fragilizados e retirar peso aos custos orçamentais do SNS e afins.  Em Portugal, talvez mais de 700 mil idosos irão ser vítimas mortais do covid-19, estima-se.

É terrível que os cidadãos, muitos deles, pensem assim, desconfiados sobre a oportunidade que o governo (em Portugal, mas também na UE e resto do mundo) aproveita para, após os custos de agora com a pandemia, faça as contas ao que vai poupar no futuro no SNS. Aliás, nem é preciso fazer as contas ao que na realidade será certo e sabido.

Não queremos acreditar em tais maquiavelismos mas a dúvida paira e vai  continuar a pairar…

Do atrás citado, do Expresso, aconselhamos a ler o pior que vem aí, facilitado pelos poderes decisórios, governo, decerto aconselhado pelos “sábios” da DGS, cuja diretora já ouvimos aconselhar, sobre covid-19 e as medidas de segurança a tomar, determinados procedimentos e o seu contrário. Também nos do governo já ouvimos declarações desse modo. Anda tudo às aranhas, no improviso, na verdade de hoje que já não é válida passadas 24 horas. Compreende-se, andamos todos a aprender… O pior são os resultados perversos.

Leia o pior que aí vem. Mais contágios, mais mortes.

SC | PG

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