Trump fez questão de quase não usar máscara e minimizou repetidamente o coronavírus. Agora, o próprio presidente está infectado. Seu modo de lidar com a pandemia definirá a eleição, opina Ines Pohl*.
Então, agora chegou a vez dele. Durante meses, Donald Trump minimizou os perigos da covid-19, zombou das pessoas que tentam se proteger com máscaras, declarou que a doença potencialmente fatal é uma invenção democrata e afirmou que nem tudo é tão grave assim.
Mesmo que pouco depois do anúncio do diagnóstico positivo não seja possível prever se e com que gravidade o mandatário de 74 anos adoecerá, os efeitos sobre a campanha política já são claros, nas vésperas das eleições: são desastrosos.
Sem considerar vidas
Todas as tentativas de desviar a atenção do próprio fracasso, de minimizar o fato de que não existe um plano nacional para proteger a população, de que os governadores foram abandonados à própria sorte e de que mais de 200 mil americanos morreram do vírus são agora obsoletas.
A realidade fez estourar o pacote de mentiras do presidente. Ele e sua equipe não conseguirão mais acender cortinas de fumaça, pintar os distúrbios violentos em algumas cidades como mais graves do que o fato de mil americanos morrerem todos os dias em decorrência do vírus.
Com todas as suas forças e ignorando perdas de vidas, Donald Trump tentou colocar a economia novamente nos trilhos antes do dia da eleição. Este plano também vai por água abaixo com este diagnóstico. Mesmo os maiores negacionistas do coronavírus não poderão mais deixar de admitir que o vírus é altamente contagioso – já que ele pode contagiar até mesmo o homem forte que reside na Casa Branca. Neste 2 de outubro, o país está mais longe do que nunca da normalização que Trump esperava tão desesperadamente.