segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Os Estados desunidos da América assombrados pela guerra civil

#Publicado em português do Brasil

Pesquisa: Nunca, desde a Guerra Civil, os americanos estiveram tão divididos, não apenas sobre Donald Trump, mas também sobre sua concepção da nação, seus valores e seus mitos fundadores, com visões opostas do passado e do futuro

Valentine Faure | Carta Maior*

O Talbot Boys Memorial existe desde 1916 no gramado do tribunal em Talbot, na costa leste de Maryland. Lembra dos 84 soldados do condado que lutaram cinquenta anos antes contra soldados da União para defender a escravidão. Após o assassinato de George Floyd em maio, quando se falava em derrubar a estátua, o conselho do condado votou por 3 a 2 para mantê-la onde está há cento e quatro anos. "Sem justiça, sem paz!", reclamaram os opositores. Uma cena da vida cotidiana nos Estados Unidos da América, que coloca os residentes de uma pequena comunidade uns contra os outros ao longo de uma história de 150 anos. A América então quase se dividiu em duas. A união foi feita pela força. É sólida?

Desde a eleição de Trump, as batalhas pela memória nacional revelam feridas abertas. Quer se esteja lutando para preservar monumentos confederados ou para limpar a memória das honras feitas a Jefferson - o pai fundador com 600 escravos -, a Cristóvão Colombo ou a outros conquistadores que massacraram índios, a história americana, fervendo de ódios realimentados, parece ter entrado em erupção. "A manutenção da unidade dos Estados Unidos da América não está garantida", escreve hoje o cientista político David French. Neste momento de nossa história, não há uma única força cultural, religiosa, política ou social importante que una os americanos mais do que os separa."

Veterano do Iraque, advogado que lida com questões de liberdade religiosa, católico, era republicano convicto - chegou mesmo a pensar em disputar as primárias - antes de se descobrir "sem tribo", depois que em 2016 seu partido passou a ser quase irreconhecível. É desse ponto de vista de apóstata que ele observa a desintegração da unidade nacional e o imenso fosso ideológico que pode muito bem levar à divisão. Seu livro mais recente, Divided We Fall, faz parte de uma série de livros lançados este ano que refletem a sensação de caos: Why We're Polarized, do influente analista político Ezra Klein, Union: The Struggle to Forge the Story of United States Nationhood, do ensaísta Colin Woodard, Break It Up: Secession, Division, and the Secret History of America's Imperfect Union, de Richard Kreitner, jornalista do semanário de esquerda The Nation, ou ainda American Secession: The Looming Threat of a National Breakup, do ensaísta pró-Trump F. H. Buckley… Uma espécie de colapsologia nacional, que olha para a mesma catástrofe: a desunião.

Vacina chinesa no Brasil

David Chan* | Plataforma | opinião

É difícil de entender a atitude do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em relação à atual pandemia. O líder incentivou os apoiantes a serem corajosos e a enfrentarem o vírus como verdadeiros homens e de seguida pediu ao Serviço de Saúde Nacional para apagar os números de casos no país, porque se se fechar os olhos, eles deixam de existir. Nem é certo se o próprio foi infetado ou não.

No passado dia 20, após uma videoconferência com 27 governadores, o Ministro da Saúde brasileiro partilhou que tinha assinado uma carta de intenção com o Estado de São Paulo para comprar vacinas chinesas e incluí-las no plano nacional de saúde. A introdução da vacina no plano poderá acontecer já em janeiro de 2021, segundo os media brasileiros, que revelam que o conflito entre Bolsonaro e o governador de São Paulo chegou agora ao fim. Todavia, o presidente brasileiro partilhou de seguida num post online em que afirma que o país não iria comprar vacinas chinesas, acrescentando que não há razão para gastar milhões em algo que acabou de entrar em fase de teste.

Depois destes comentários, o secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde confirmou que o país não planeia comprar vacinas à China. A primeira morte em todo o mundo de um voluntário clínico para testes de vacinas aconteceu no Brasil. Foi durante a terceira fase de teste da vacina desenvolvida por Oxford com a ajuda da Universidade de São Paulo, tendo morrido um médico voluntário de 28 anos. Porém, os detalhes do ocorrido são ainda confidenciais. 

A vacina chinesa que o Ministério de Saúde do Brasil está interessado em comprar é fruto da cooperação com o Instituto Butantan, em São Paulo. Segundo o acordo, o Brasil terá a oportunidade de produzir 40 milhões de doses no próprio país. 

A vacina chinesa já iniciou a terceira fase de testes no Brasil, com a respetiva eficiência e segurança a receber atenção. A decisão do Ministério da Saúde brasileiro baseia-se apenas na ciência e realidade atual, mas para Bolsonaro os governadores não estão a respeitar o país ao aceitarem uma vacina chinesa que não foi certificada pelo sistema nacional de saúde brasileiro. Mas se Bolsonaro afirma que não irá gastar milhares de milhões de dólares numa vacina, isso quer dizer que as doses de Oxford serão de graça? Com tantos problemas associados à vacina de Oxford, não deverá a eficácia ser o único critério para a escolha? Ou será que o critério é se a vacina é capitalista ou socialista? 

*Editor Senior

Este artigo está disponível em: 繁體中文

Aprendam | Segunda vaga de Covid-19 na China é improvável -- especialista chinês

O rastreio tornou-se uma estratégia decisiva em território chinês, como prova a medida de isolar a cidade de Kashgar e de testar 4,74 milhões de pessoas em apenas três dias. O principal especialista em doenças infecciosas na China acredita que o território não deverá enfrentar uma segunda vaga da doença.

principal especialista em doenças infecciosas na China considera improvável uma segunda vaga de infeções pelo novo coronavírus no país, numa altura em que os casos disparam em vários países europeus.

Zhong Nanshan disse numa conferência que, embora a China continue a lutar contra surtos esporádicos, os controlos existentes significam que é "improvável" que haja um ressurgimento generalizado da transmissão, "na casa das dezenas de milhares".

"Temos uma experiência inestimável acumulada. O Governo central adotou uma estratégia de bloquear a propagação no epicentro, enquanto pratica métodos de prevenção em massa em outros lugares", disse Zhong.

"Esta é a chave para a nossa vitória decisiva", explicou.

Covid-19 | Mais 46 mortes em Portugal, registo mais elevado de sempre

Há ainda a registar mais 2506 casos de covid-19 em Portugal. Há mais 133 pessoas internadas, o que elevou o número de internamentos para 2 255.

Portugal registou mais 2506 casos de covid-19 nas últimas 24 horas e mais 46 mortes, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta segunda-feira (2 de novembro).

Desde o início da pandemia já foram registados 146 847 casos e 2 590 mortes. Há esta segunda-feira mais 1 523 recuperados (para um total de 83 294).

Os casos confirmados distribuem-se por todas as faixas etárias, situando-se entre os 20 e os 59 anos o registo de maior número de infeções diárias, mas é entre os 20 e os 29 que há mais casos de covid-19.

Portugal registou 2506 casos de covid-19, esta segunda-feira, o número mais baixo numa semana. Há mais 46 vítimas mortais, o máximo diário desde o início da pandemia.

Segunda-feira negra. Portugal registou 46 vítimas mortais da pandemia de covid-19 nas últimas 24 horas, elevando o total de óbitos para 2590. O número que consta do boletim da Direção-Geral da Saúde, esta segunda-feira, supera dias negros como sexta-feira (40 óbitos) e sábado, com 39.

Um número de óbitos elevado que incluiu a primeira vítima mortal na Madeira, uma morte anunciada no sábado e agora inscrita no boletim da DGS. Segundo os dados revelados esta segunda-feira, a Região Norte (RN) anotou mais 20 mortes associadas à covid-19, elevando para 1151 o total de óbitos desde o início da pandemia, naquela que é a zona do país mais afetada pela doença.

A Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT) registou mais 17 óbitos, para um acumulado de 1021, enquanto a Região Centro perdeu mais seis vidas para covid-19, para um total de 323 desde o início da pandemia.

Num registo a que apenas escapam os Açores, que desde 12 de maio não perde ninguém para a covid-19, há mais um óbito a assinalar no Alentejo (50 no total) e outro no Algarve (29 desde o início da pandemia).

O perfil das vítimas mortais é o mesmo quase sempre. Penaliza essencialmente os mais velhos, como mostram os dados desta segunda-feira, em que 37 das 46 vítimas tinham mais de 80 anos, 11 homens e 26 mulheres.

Num alinhamento em tudo semelhante aos anteriores, a covid-19 ceifou uma vida no escalão entre os 50-59 anos, um homem, e outra, também do sexo masculino, na faixa etária seguinte, a dos 60-69 anos,

O segundo escalão mais afetado, o dos 70-79 anos, perdeu mais sete vidas, cinco homens e duas mulheres.

Este número recorde de vítimas mortais é conhecido no dia em que Portugal somou 2506 casos de covid-19, o número mais baixo da semana, registando valores similares aos de segunda-feira passada, quando foram registadas 2447 infeções.

O registo, desta segunda-feira, é inferior aos 3062 de domingo, que se seguiu a três dias com mais de quatro mil casos diários assinalados.

Região Norte registou uma média superior a mil casos por dia em outubro

A Região Norte mantém-se com mais de mil casos pelo terceiro dia consecutivo, anotando 1202 novas infeções até à meia-noite de domingo, o que equivale a 48% do total de casos nacionais. Números abaixo, em percentagem e total diário, dos registos acima dos dois mil, entre 27 e 30 de novembro, quando acumulava mais de metade dos testes positivos do país.

Com 36298 casos acumulados desde 1 de outubro, a Região Norte voltou a ser a mais afetada pela pandemia, registando, nos 31 dias que mostraram as garras da segunda vaga, uma média de 1170 infeções por dia.

A Região de Lisboa e Vale do Tejo, que no sábado atingiu um recorde de 2006 casos, registou 845 novas infeções, segundo o balanço das últimas 24 horas, números em linha com a média do mês de outubro (869 por dia, em média, para um total de 26941 casos desde 1 de outubro).

No total, a RN acumulou 66145 casos desde o início da pandemia, que foi detetada pela primeira vez a 2 de março, precisamente na zona mais setentrional do pais. Lisboa e Vale do Tejo sinalizou, até ao momento, 61064 positivos. No total, as duas regiões somam 127209 infeções, 87% do total nacional, 146847, números desta segunda-feira.

A Região Centro, que não é imune ao crescimento de casos registados no último mês, sinalizou mais 33 infeções, um pouco acima da média dos últimos 31 dias, que foi de 280 infeções, para um total de 8706 casos desde 1 de outubro, o mês em que a pandemia acelerou.

No Alentejo, com mais 42 casos, o total desde o início da pandemia vai agora em 2850, um pouco menos que o Algarve, que está a lidar um um número diário acima da média para a região, tendo assinalado mais 66 positivos, para um acumulado de 2904.

Nas ilhas, inverteu-se a tendência da primeira vaga, em que os Açores foram mais afetados. Agora é na madeira que os casos mais sobem, com mais 13 contabilizados nas últimas 24 horas, para um total de 446. O arquipélago açoriano teve mais um positivo, para um acumulado de 371.

Jornal de Notícias

Na Educação, proposta de OE2021 revela irresponsabilidade e desvalorização

É neste momento, em que se discute, se propõe, se rectifica e se decide sobre o Orçamento do Estado para 2021, que a Democracia poderia e deveria ganhar um novo fôlego.

Luís Lobo | AbrilAbril | opinião

Neste contexto e perante a necessidade de decisões que terão de ser tomadas e que deveriam comprometer-nos a todos, cidadãos deste país, seria muito importante que os resultados obtidos reflectissem um debate que, afinal, não existe. Favorecer a participação democrática seria fundamental ou crucial (palavras agora muito em voga), mas como não interessa ao poder, a mensagem que passa é «Isto é coisa complicada. Deixem connosco!».

Os cidadãos estão cada vez mais afastados de todos estes processos. Não querem ouvir falar deles, mudam de canal ou aceleram na box a busca de uma notícia com mais sangue, mais infecções, mais traição ou mais qualquer coisa digna de um filme ou série policial. Estranham, contudo, mais tarde, que, afinal, as decisões que são tomadas nesta altura do ano, em volta dos Orçamentos do Estado, sejam casos de polícia.

Para os portugueses, é um roubo a carga fiscal, o não aumento dos salários, a falta de investimento público e nas funções sociais do Estado, a transferência de verbas avultadíssimas para o sector privado da banca e dos transportes, a falta de profissionais em sectores-chave, como na Educação e na Saúde... mas deixam ao autor do «crime» (seja o governo, seja a maioria parlamentar, independentemente da sua composição, à direita ou à esquerda) a responsabilidade de escolher o xerife. Tradicionalmente, e à boa maneira portuguesa, depois, queixamo-nos!

Em 2021, o Orçamento do Estado para a Educação volta a descer, apesar de o governo, na sua proposta, ser capaz de dizer que cresce. A verdade é que existe uma perda sistemática de investimento na Educação, nos últimos 20 anos, com o valor do PIB apontado para o ano que vem a atingir um valor só equiparável ao que se passava em meados dos anos 80 do século passado.

Este governo desinveste, claramente, na Educação. Não vale a pena afirmar-se o contrário.

Portugal | Estado de Sítio


 

Henrique Monteiro em HenriCartoon

Portugal | Do Expresso em direto e de Hitler a regozijar-se na tumba…

Do Expresso, aquilo a que agora chamam “direto”, com horas e minutos (pelo menos). Estado de Emergência a ser declarado a pedido do governo de Costa com o PR Marcelo a dar o “sim”. Aí vêm mais restrições (que já sabíamos vir a acontecer). Entretanto andámos num estado de “nem é carne nem é peixe”, com sins e nins à mistura, com governo, deputados, partidos políticos desvairados… Todos a tomar tardiamente as medidas de proteção aos cidadãos que nesta situação se impunham há tempos atrás mas que beneficiaram do estado baratas tontas, do esperar milagre da Fátima que levasse o covid-19 para outras paragens. O Portugal dos pequeninos está a ser exposto à laia de os cães ladram mas o covid-19 dizima-nos – principalmente aos pensionistas e reformados ou aos de idade próxima para ter uma velhice que devia ser em paz, com a dignidade que lhes deviam dispensar (sem favor). Os "sábios" e todos aqueles que detêm os poderes de decisão estão a falhar redondamente na proteção aos cidadãos… Até parece que são essas as instruções globais que possam contribuir para a redução da população mundial – principalmente os de mais idade e os mais fragilizados na saúde, independentemente das suas idades. Hitler talvez não fizesse melhor, mas é certo que na tumba estará a regozijar-se com o panorama e as consequências desse tal vírus que apareceu do nada e já levou a vida a muito mais de um milhão de habitantes do planeta. Enfim, alguém dirá que tudo aconteceu e foi solucionado “democraticamente”. Pois.

Alterações na Constituição? Pois, pois. "Tá-se mesmo a ver, não tá-se"... onde querem ir. Para bem de todos. "Democraticamente". Pois.

Leia o direto Expresso, só um cheirinho, com muita "palha" fornecida por sábios e políticos.

MM | PG


Direto. Costa propõe a Marcelo estado de emergência "por uma questão preventiva"

O Presidente da República recebeu hoje o primeiro-ministro, que lhe propôs o estado de emergência para ter mais robustez jurídica para as decisões que está a tomar. Marcelo Rebelo de Sousa também ouve os partidos ao longo do dia, sobre a declaração do estado de emergência. Se o PSD acompanhar o PS, será consenso suficiente para avançar. Em Dia de Luto Nacional pelos mortos vítimas de covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa dará uma entrevista à RTP sobre a sua decisão.

Liliana Coelho – Filipe Garcia | Expresso

Chega alerta para "impacto económico sério" do recolher obrigatório

O líder do Chega, André Ventura, defende que o recolher obrigatório não será eficaz no combate à pandemia e alerta para o "impacto económico sério" da medida.

"O Chega tinha preferência pela massificação do controlo da temperatura com algumas restrições pontuais", afirma André Ventura, advertindo para as consequências ao nível do desemprego e das falências de empresas.

Na visão do deputado, caso se avance com o recolher obrigatório de uma "forma genérica" e "sem cautela", o país assistirá a "uma das maiores crises da história nacional".

"Se numa primeira fase pediram às empresas que mantivessem os postos de trabalho, apesar da restrições, agora não podemos fazer a mesma coisa. O Estado tem que cobrir com um plano, como faz a Alemanha, se não vai ser a tragédia: falências atrás de falências", reforça.

Estado de emergência. "De forma seletiva, onde o problema é maior, é do interesse nacional"

No Porto, Rui Rio já reagiu ao pedido de Estado de Emergência feito esta manhã por António Costa no Palácio de Belém.

"Não vejo o Estado de Emergência como em março e abril em que tomámos medidas muito pesadas. Essas medidas não se podem tomar por razões de ordem económica, do ponto de vista sanitário até convinha que assim fosse. Não é possível, a economia não aguenta. Não podemos ir tão longe", disse o líder social-democrata antes de defender que o Estado de Emergência, "de forma seletiva, onde o problema é maior, é do interesse nacional".

Sobre o consenso dos partidos em torno das medidas, Rio foi claro ao reconhecer que "haverá pessoas descontentes e pequenos partidos que vãoo atrás desse descontentamento", mas colocou-se à parte: "Não somos um pequeno partido. Estamos do lado da solução".

Mesmo reconhecendo que há medidas que "não fazem o sentido todo", Rui Rio arriscou a intenção do executivo: "Penso que a ideia é tomar medidas mais suaves para ver se o comportamento cívico das pessoas leva a que não seja necessário ser mais rude nas medidas. Se assim for, estou de acordo".

Iniciativa Liberal quer saber termos sobre recurso aos sectores privado e social

O líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, exige esclarecimentos do Governo sobre os termos do recurso aos sectores privado e social no âmbito do combate à pandemia. E admite que é "remota" a possibilidade de aprovar o estado de emergência.

"Como é sabido não gostamos de estados de emergência mas, em especial, não gostamos de estados de emergência que contenham cheques em branco, como o recurso sem qualquer limitação a bens privados", critica Cotrim de Figueiredo, sublinhando que não se podem repetir os "erros de março e abril".

O deputado da IL volta ainda a criticar a ação do Governo, acusando "falta de profissionalismo" no combate à covid-19, e lamenta a falta de dados relativos aos contágios.

Para Cotrim de Figueiredo, é incompreensível que passados oito meses o Executivo não tenha reforçado os profissionais de saúde, as camas nas UCI, nem a política de testes de "forma determinada".

"Temos sido o partido que mais tem apostado na necessidade da qualidade e fiabilidade dos dados", insiste o deputado do IL.

Costa rejeita para já alterações na Constituição

António Costa defende que o quadro legal do estado de emergência será suficiente para o Governo tomar medidas no âmbito da pandemia e que só no final será necessário fazer reavaliação da Lei de Bases da Proteção Civil ou até da própria Constituição.

"Deixemos terminar a pandemia para depois tratarmos do quadro legislativo. Até lá com o Estado de Emergência acho que conseguimos gerir a situação", insiste.

Ler todo o direto em Expresso

EUA | Presidência Democrata: O retorno da Gosma Assassina

Pepe Escobar [*]

O que acontecerá dia 3 de novembro? Como replay maior que a vida do famoso adágio hollywoodiano: "Ninguém conhece todos os fatos."

A estratégia dos Democratas é clara como cristal, disseminando para todos os cantos o jogo de cenários eleitorais reunidos no Transition Integrity Project (Projeto Integridade da Transição), e ainda mais claramente explicitado por um dos co-fundadores do projeto TIP , professor de Direito da Georgetown University.

Hillary Clinton já disse sem meias palavras : Democratas devem retomar a Casa Branca por qualquer meio e em quaisquer circunstâncias. E, por via das dúvidas, já se posicionou para um emprego cobiçado por muitos , com artigo de 5 mil palavras.

Assim como os Democratas já disseram claramente que jamais aceitarão vitória de Trump, o contragolpe trumpista foi Trump clássico: disse aos Proud Boys [2] que "fiquem de longe", tipo 'sem violência por enquanto' – mas, crucialmente, "fiquem de longe", tipo 'estejam preparados'.

O cenário está montado para Mayhem [ Dia de Caos , 1917] padrão Kill Bill dia 3 de novembro, e dali em diante.

Diga que não é verdade, Joe

Seguindo pistas do TIP, encenemos um retorno dos Democratas à Casa Branca – com a possibilidade de uma presidenta Kamala assumir antes do que se supõe. Significa, em essência, O Retorno da Bolha Assassina.

O presidente Trump chama de "o pântano". O ex-vice Conselheiro de Segurança de Obama Ben Rhodes – sujeito medíocre – pelo menos cunhou o termo "A Bolha" ( "Blob" ) [NR] , mais engraçado, aplicado à gangue incestuosa da política exterior de Washington, DC, think tanks, academia, jornalões (do Washington Post ao New York Times ) e a revista Foreign Affair, aquela Bíblia não oficial.

Uma Presidência dos Democratas terá de enfrentar, imediatamente, as implicações de duas guerras: da Guerra Fria 2.0 contra a China e da interminável Guerra Global ao Terror (GGT) de um milhão de milhões (trillion) de dólares, rebatizada pelo governo Obama-Biden como Operações de Contingência Além-mar, (Overseas Contingency Operations, OCO).

Biden passou a integrar a Comissão de Relações Exteriores do Senado em 1997, assumiu a presidência em 2001-2003 e novamente em 2007-2009. Desfilou como assumido líder de torcida pró guerra do Iraque – que seria necessária, dizia ele, como parte da GGT – e até defendeu uma "partição soft" do Iraque, o que ferozes nacionalistas, sunitas e xiitas, de Bagdad a Bassorá, jamais perdoarão.

As realizações geopolíticas de Obama-Biden incluem uma guerra de drones, ou diplomacia de mísseis Hellfire, complementada por "listas de matar"; o fracassado levante afegão; a "libertação" da Líbia 'pela retaguarda', que converteu o país em terra devastada de milícias; a guerra por procuração na Síria combatida com "rebeldes moderados"; e outra vez liderando pela retaguarda, a destruição do Iêmen orquestrada pelos sauditas.

Dezenas de milhões de brasileiros tampouco esquecerão que Obama-Biden legitimaram a espionagem pela Agência de Segurança Nacional dos EUA e o uso de táticas de Guerra Híbrida que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, à neutralização do ex-presidente Lula e à evisceração da economia brasileira por elites compradoras.

Dentre seus seletos antigos interlocutores, Biden conta com o belicista e ex-secretário-geral da OTAN Anders Fogh Rasmussen – que supervisionou a destruição da Líbia – e John Negroponte, que "organizou" os Contras na Nicarágua e depois "supervisionou" o ISIS/Daesh no Iraque –, elemento crucial da estratégia de Rumsfeld/Cebrowski , de instrumentalizar jihadistas para fazer o trabalho sujo do império.

É seguro apostar em que um governo Biden-Harris supervisionará uma expansão de facto da OTAN, para abocanhar partes da América Latina, da África e do Pacífico, agradando assim a Bolha Atlantista.

Em contraste com isso, dois feitos quase com certeza 'redentores' serão a volta dos EUA ao 'tratado nuclear iraniano', oficialmente, JCPOA, único feito positivo da política exterior de Obama-Biden; e a reabertura de negociações com a Rússia para o desarmamento nuclear. Implicaria conter a Rússia, não alguma nova Guerra Fria total, ainda que Biden tenha destacado recentemente, on the record, que a Rússia seria "a maior ameaça" aos EUA.

EUA | Biden e Trump jogam trunfos finais nos estados decisivos

Os dois principais candidatos à Presidência dos EUA viajam hoje, dia final de campanha, para Estados fundamentais para o desfecho da eleição, com uma agenda intensa de comícios, na tentativa de ganhar votos que podem ser decisivos.

Depois de ter participado em cinco comícios no domingo (Michigan, Iowa, Carolina do Norte, Geórgia e Florida), o republicano Donald Trump repete a dose e regressa à Carolina do Norte, passando pela Pensilvânia e Wisconsin, dois dos Estados considerados essenciais para garantir a sua reeleição, antes de terminar a campanha no Michigan, com dois comícios.

Grand Rapids, no Michigan, será o local de comício final, o mesmo local escolhido em 2016 para terminar o seu roteiro de campanha, esperando manter o resultado de vitória de há quatro anos, que os seus consultores dizem ser fundamental para a reeleição.

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