segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Vacina chinesa no Brasil

David Chan* | Plataforma | opinião

É difícil de entender a atitude do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em relação à atual pandemia. O líder incentivou os apoiantes a serem corajosos e a enfrentarem o vírus como verdadeiros homens e de seguida pediu ao Serviço de Saúde Nacional para apagar os números de casos no país, porque se se fechar os olhos, eles deixam de existir. Nem é certo se o próprio foi infetado ou não.

No passado dia 20, após uma videoconferência com 27 governadores, o Ministro da Saúde brasileiro partilhou que tinha assinado uma carta de intenção com o Estado de São Paulo para comprar vacinas chinesas e incluí-las no plano nacional de saúde. A introdução da vacina no plano poderá acontecer já em janeiro de 2021, segundo os media brasileiros, que revelam que o conflito entre Bolsonaro e o governador de São Paulo chegou agora ao fim. Todavia, o presidente brasileiro partilhou de seguida num post online em que afirma que o país não iria comprar vacinas chinesas, acrescentando que não há razão para gastar milhões em algo que acabou de entrar em fase de teste.

Depois destes comentários, o secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde confirmou que o país não planeia comprar vacinas à China. A primeira morte em todo o mundo de um voluntário clínico para testes de vacinas aconteceu no Brasil. Foi durante a terceira fase de teste da vacina desenvolvida por Oxford com a ajuda da Universidade de São Paulo, tendo morrido um médico voluntário de 28 anos. Porém, os detalhes do ocorrido são ainda confidenciais. 

A vacina chinesa que o Ministério de Saúde do Brasil está interessado em comprar é fruto da cooperação com o Instituto Butantan, em São Paulo. Segundo o acordo, o Brasil terá a oportunidade de produzir 40 milhões de doses no próprio país. 

A vacina chinesa já iniciou a terceira fase de testes no Brasil, com a respetiva eficiência e segurança a receber atenção. A decisão do Ministério da Saúde brasileiro baseia-se apenas na ciência e realidade atual, mas para Bolsonaro os governadores não estão a respeitar o país ao aceitarem uma vacina chinesa que não foi certificada pelo sistema nacional de saúde brasileiro. Mas se Bolsonaro afirma que não irá gastar milhares de milhões de dólares numa vacina, isso quer dizer que as doses de Oxford serão de graça? Com tantos problemas associados à vacina de Oxford, não deverá a eficácia ser o único critério para a escolha? Ou será que o critério é se a vacina é capitalista ou socialista? 

*Editor Senior

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